esse filme perfume nao chega aos pes do filme
11 Filmes baseados em livros considerados impossíveis para adaptação, até que um dia apareceu “aquele” diretor
Cinema e literatura são dois gêneros de arte diferentes, que possuem seus próprios meios de expressão e formas narrativas. Mesmo assim, os diretores ainda se comprometem a adaptar livros para o cinema, embora isso não possa ser feito com todas as obras possam (encontre os exemplos no bônus deste artigo).
Alguns diretores acreditam que um romance famoso é garantia incondicional de que a adaptação cinematográfica terá muito sucesso e gerará grandes receitas na bilheteria. Outros, propositalmente, escolhem livros de difícil transposição para o cinema, por considerar que isso seja um verdadeiro desafio criativo e profissional.
Nós, do Incrível.club, quase todos os dias trabalhamos com a criatividade e seus desafios, então ficamos curiosos para ver como outras mídias e artistas lidam com isso.
Perfume — A História de um Assassino (2006)
O mundo sem a capacidade de ser percebido através do olfato seria um tanto estranho. Mas como transmitir os cheiros através de um livro ou um filme? Como descrevê-los e fazer com que os espectadores os sintam?
A literatura mundial, muito mais antiga que o cinema, embora tenha se interessado pelo assunto, não o abordou de maneira profunda, simplesmente porque não tinha meios para isso. Até que Patrick Süskind provou, através do seu romance sensacional, que isso é possível. Ele até explicou como fazê-lo. Em seguida, um avanço semelhante foi feito por Tom Tykwer, o diretor de Perfume — A História de um Assassino. Ambas obras revelaram-se muito interessantes e deveriam ser lidas e assistidas, pelo menos pela coragem e desenvoltura de seus criadores.
A espuma dos dias (2013)
O romance de Boris Vian A espuma dos dias é uma obra experimental. O texto, em sua maior parte, consiste em um jogo de linguagem indescritível, com muitas metáforas e associações. Como é possível converter isso em um filme?
Parece que o diretor Michel Gondry também quis experimentar, desta vez na tela. O resultado é um filme surreal e incrível, que ultrapassa todos os limites da percepção. Vale lembrar aquele nenúfar que se plantou nos pulmões da personagem principal, enfraquecendo-a aos poucos. Mas, apesar de tudo, esse é um filme de amor com Audrey Tautou como protagonista.
O Guia do Mochileiro das Galáxias (2005)
Como acontece com muitas obras de literatura, a dificuldade de adaptar esse romance foi porque o autor caprichou na linguagem da obra. Embora a tradução para outros idiomas não fosse a maior das dificuldades, a adaptação cinematográfica foi realizada pelo mestre Garth Jennings, 26 anos depois da primeira publicação do livro.
O filme conseguiu preservar com perfeição aquele senso de humor às vezes absurdo, beirando os limites do bom senso, mas que mantém seu charme. Caso você queira rir com vontade, esquecendo-se de absolutamente tudo por algumas horas, então este filme é exatamente o que você está precisando.
O Senhor dos Anéis (2001–2003)
Provavelmente a adaptação do romance de Tolkien foi um verdadeiro avanço na história do cinema. Ninguém havia se comprometido em adaptar uma obra de ficção tão grande antes. Talvez porque não houvesse um bom entendimento de como isso poderia ser feito. Mas o diretor Peter Jackson arriscou-se e o resultado superou todas as expectativas.
Em alguns aspectos, esse filme marcou o momento inicial da ficção no cinema, incluindo a ficção épica, e vamos lembrar para sempre quem foi o primeiro a fazê-lo.
Guerra e Paz (1965–1967)
Guerra e Paz é difícil para adaptação cinematográfica não só porque tem um grande volume, mas também porque contém inúmeros raciocínios, significados e pensamentos filosóficos, sem os quais esta obra seria completamente diferente. Como adaptar para o cinema várias folhas do discurso do autor sem colocá-las em longos e tediosos monólogos dos personagens e sem introduzir a voz “fora da tela” de um pregador e moralizador?
Guerra e Paz já foi adaptado várias vezes, mas, provavelmente, o resultado mais próximo ao texto original foi conseguido pelo diretor russo Sergei Bondarchuk. A série original da BBC de 2016 também não é ruim, mas os críticos admitem que faltou a profundidade filosófica de Liev Tolstói.
Game of Thrones (2011–2019)
Lançado como uma série voltada para um nicho específico, Game of Thrones cresceu e em 8 anos se tornou um verdadeiro blockbuster. É notável que, por algum tempo, o próprio autor do livro, George Martin, também tenha participado do desenvolvimento do roteiro. Mas, mesmo assim, a série, que se tornou uma espécie de fenômeno sociocultural, diverge em muitos aspectos da fonte original em termos de enredo e personagens.
Tanto no livro quanto no cinema, a aposta não foi feita na ficção heroica (o que, de fato, ambos são), mas na vida de uma sociedade pseudomedieval com suas instituições, religião, tradições e atitude em relação ao poder. E nem o diretor nem o autor estavam errados.
A Viagem (2012)
O romance de várias páginas consiste em seis histórias conectadas umas às outras. Mas não é apenas o enredo que é importante, mas as ideias e símbolos que mostram a conexão entre as pessoas, bem como o passado, o presente e o futuro.
A adaptação de uma obra tão complexa recebeu críticas bastante diferenciadas. No Festival de Cinema de Toronto, onde o filme estreou, o público aplaudiu de pé por 10 minutos. O filme, porém, não foi muito popular nas grandes telas. Também permaneceu subestimado por muitos críticos, sendo indicado apenas para um Globo de Ouro (apenas pela música) e tendo recebido alguns prêmios da Federação Internacional de Críticos de Cinema. No entanto, naquela época, tornou-se o filme independente mais caro.
Alice no País das Maravilhas (2010)
Parece ser apenas um conto de fadas infantil, mas foi muito difícil convertê-lo em um filme, embora muitos tenham tentado. A adaptação de Tim Burton talvez seja a versão mais famosa e mais próxima do absurdo das situações descritas no livro (mas de uma forma muito específica). É claro que a obra contém muitas suposições subjetivas do diretor, que podiam não ter sido aprovadas pelo próprio Lewis Carroll.
O quanto a adaptação é bem-sucedida ou não fica a critério de cada espectador. A realidade é que, junto com o desenho animado de 1951, tornou-se uma das versões mais reconhecidas do conto infantil.
His Dark Materials: Fronteiras do Universo (2019 — ...)
A série His Dark Materials: Fronteiras do Universo é mais uma adaptação cinematográfica da trilogia His Dark Materials de Philip Pullman. A primeira adaptação, de 2007, intitulada A Bússola de Ouro, falhou na bilheteria americana, apesar do seu elenco repleto de estrelas (Nicole Kidman, Daniel Craig e Eva Green) e a popularidade em outros países. A continuação dessa série nunca foi filmada.
Mais de 10 anos depois os estúdios BBC Studios, New Line Cinema e Bad Wolf aceitaram o desafio de reeditar o romance para os canais BBC One e a HBO. Ao contrário dos criadores do filme de 2007, os diretores da série não procuraram simplificar as ideias do livro, dando tempo suficiente para interpretá-las e apostando na elaboração mais detalhada dos personagens. Como resultado, a classificação do IMDb é de 8.0/10.
A Mulher do Tenente Francês (1981)
Como muitos autores do século XX, Fowles experimentou com formatos e texto. No entanto, o que é expresso no papel nem sempre pode ser transportado a outras formas. É como traduzir um jogo de linguagem para um idioma estrangeiro: é preciso transmitir o mesmo significado usando as palavras completamente diferentes. A Mulher do Tenente Francês já é difícil de contar (não apenas por causa da trama, mas também por causa dos pensamentos expressos na obra), mais difícil ainda filmar.
Mas o maior obstáculo, sem dúvida, é o final, já que no livro foram oferecidas três versões ao mesmo tempo. Mas o diretor e o roteirista encontraram uma solução introduzindo duas linhas do tempo e duas narrativas paralelas. Se deu certo fica ao critério do expectador. Um fato interessante: a jovem Meryl Streep interpreta vários personagens ao mesmo tempo.
Clube da Luta (1999)
Este é um raro exemplo de quando uma adaptação não apenas ficou melhor do que o livro, mas também tornou o romance famoso. Até o próprio autor admitiu que o filme acabou sendo mais bem-sucedido. Embora inicialmente os direitos para sua adaptação tenham sido vendidos por quase uma ninharia e o filme tenha sido planejado para ter um orçamento baixo.
Embora o roteiro tenha sido reescrito várias vezes, nas filmagens ainda houve muitas controvérsias e decisões ambíguas. Por exemplo, a questão de se deveria ser introduzida uma narração fora da tela causou bastante confronto entre os criadores. Porém, o filme acabou sendo realmente chocante graças à excelente atuação do elenco (Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Edward Norton), à abordagem criativa do diretor e ao excelente trabalho do roteirista e do câmera.
Bônus: para quem adora desafios
Há muitos livros maravilhosos que ainda não se tornaram filmes ou séries, muito provavelmente porque ainda não apareceu “aquele diretor”. Nós selecionamos três obras famosas e icônicas do século passado que ainda estão esperando por alguém que consiga adaptá-las.
Cem Anos de Solidão (Gabriel García Márquez)
A adaptação cinematográfica deste livro é esperada por muitas pessoas. Mas até hoje ainda não foi encontrado aquele diretor que esteja pronto para assumir o risco e aceitar este desafio complexo. No entanto, ainda em 2019, houve a informação de que a Netflix faria uma série baseada nesta obra icônica. Os detalhes ainda não foram divulgados, mas sabe-se que os filhos do escritor serão os produtores executivos. Se tiverem sucesso, esta seria a primeira adaptação para a tela desta obra de 1967.
Ulisses (James Joyce)
Mais um livro icônico do século XX que revolucionou a literatura e as mentes humanas. É claro que alguns diretores não resistiram à tentação de adaptar para o cinema uma obra tão famosa e complexa. Mas as tentativas não tiveram sucesso e apenas os críticos de cinema sabem sobre elas.
O Apanhador no Campo de Centeio (Jerome David Salinger)
Na Internet podem ser encontradas informações sobre a adaptação deste livro escandaloso. No entanto, não é uma versão da obra adaptada para o cinema, mas um filme sobre a vida e trabalho do próprio escritor Salinger. Aliás, este filme é intitulado O REBELDE no Campo de Centeio.
Quanto à adaptação do livro para o cinema, o próprio autor proibiu sua realização. Isso foi motivado pelo fato de que só ele mesmo poderia interpretar o personagem principal, porém, infelizmente, ele já havia saído da adolescência. Além disso, a versão cinematográfica poderia desvalorizar a obra, privando-a de muitos pensamentos difíceis de serem transmitidos na tela. Embora Steven Spielberg, Jack Nicholson e Leonardo DiCaprio lutassem pelos direitos de criar um filme baseado no livro.
Que adaptação cinematográfica você gostaria de assistir? Conte-nos nos comentários!
Comentários
EU NAO VI NENHUM