11 Figurinos de filmes que foram tão importantes quanto os próprios atores

Arte
há 4 anos

E o Oscar de Melhor Figurino vai para... Os criadores das roupas históricas com maior precisão. Muitas vezes, direcionamos a atenção somente para os ganhadores e esquecemos dos outros indicados. Aos vencedores, a glória. Aos perdedores, o descaso. Bom, está na hora de mudarmos essa história: produções não vencedoras também são dignas de reconhecimento pelo belo trabalho realizado. As roupas dos personagens não são apenas componentes da estética, mas também do enredo.

A redação do Incrível.club está em busca de justiça. Por isso, apresentará abaixo alguns dos indicados ao Oscar de Melhor Figurino dos últimos dez anos. Confira!

11. Brilho de uma Paixão, 2009

Figurinista — Janet Patterson.

Os trajes da personagem principal, Fanny Brown, foram os que ganharam mais atenção. Patterson tentou transmitir — pela roupa — a personalidade, as emoções e aflições da heroína.

Um exemplo: na cena em que Fanny e seu amado, John, são pegos por uma chuva, a garota está usando um vestido rosa. A designer precisou procurar cuidadosamente por um tecido apropriado — que se desgastasse bastante quando molhado. A cena retratava um momento de traição. O traje certo seria responsável por intensificar o efeito dramático. E foi isso que aconteceu: o lindo vestido de Fanny se transformou em algo semelhante a um pano de chão velho.

10. O Discurso do Rei, 2010

Figurinista — Jenny Beavan.

O filme conta uma história que aconteceu há mais de 70 anos. Os atores, em sua maioria, tiveram de usar roupas de idade equivalente. Os figurinos históricos foram alugados e reparados, pois a grande maioria estava desgastada demais.

Segundo Beavan, alguns atores não se sentiram confortáveis com as roupas de época. Era como se estivessem usando fantasias; não parecia natural. Por isso, foi preciso sacrificar a precisão histórica em favor da leveza e simplicidade. Por exemplo, a heroína protagonizada por Helena Bonham Carter preferia vestidos em cores brilhantes. Na atriz, contudo, o resultado ficou muito aquém do esperado. Foram escolhidas, então, roupas em tons mais escuros para que a personagem parecesse mais crível para o público.

9. Jane Eyre, 2011

Figurinista — Michael O’Connor.

O’Connor é famoso por seus trajes complexos e repletos de detalhes, como no filme A Duquesa. Em Jane Eyre, no entanto, o objetivo era outro. O estilo da personagem principal devia ser descomplicado e despretensioso. Para alcançar o propósito, o designer focou no seguinte: o vestido de Jane precisa retratar a essência interior da personagem — o que seria difícil de atingir com figurinos densos, exuberantes e cheios de decorações.

Para a personagem de Mia Wasikowska, foi desenvolvida uma roupa especial, que ficava por baixo do vestido: meia-calça e espartilho. O diretor queria filmar Mia tirando as roupas e, por isso, era importante ter uma roupa íntima compatível com a da época.

8. Os Miseráveis, 2012

Figurinista — Paco Delgado.

Quando recebeu a proposta de fazer o figurino do filme, Delgado disse: “Meu Deus, quanto trabalho!” Não foi exagero: os trajes tinham de ser criados do zero — praticamente para todos os personagens do musical. Além disso, a equipe de designers (cerca de 50 pessoas) também teve de fazer uma pesquisa histórica, visto que o filme englobava um período bastante longo: de 1815 a 1848. As roupas dos personagens precisavam, portanto, refletir as mudanças estilísticas com o passar do tempo.

O primeiro desejo de Delgado foi vestir todos de preto já que a história daquela época era bastante sombria. No entanto, o diretor precisava de cores. Assim, o designer optou por um esquema de cores vibrantes, com ênfase no azul saturado.

7. O Nosso Segredo, 2013

Figurinista — Michael O’Connor.

O designer pesquisou a moda da época (meados do século XIX): estudou e analisou filmes e fotografias do período. Uma das particularidades do filme é que os atores não trocavam de figurino; era a mesma roupa com apenas alguns detalhes diferentes. Isso é uma homenagem à história: as pessoas não tinham dinheiro para comprar muitos vestidos. Sempre que saíam de casa, adicionavam algum acessório ou detalhe à roupa para que parecessem novas.

6. Sr. Turner, 2014

Figurinista — Jacqueline Durran.

O filme é repleto de detalhes históricos. Um dos mais importantes, o figurino. Uma pessoa ficou encarregada de pesquisar os componentes de cenário e das vestimentas. Ela foi contratada dois anos antes dos designers começarem o trabalho.

Menção especial: a personagem Hannah Danby — uma empregada que nunca sai de casa e que está apaixonada pelo personagem principal. Em comparação com as outras amantes de William Turner, essa mulher devia parecer “pobre” e “deselegante”.

Durran refletiu e decidiu: na vida real, uma pessoa assim usaria sempre o mesmo vestido. No máximo, dois. Por isso, Hannah ganhou dois figurinos. Um, em boas condições. Outro, totalmente destruído. Dessa forma, a estética ajudou a expressar a degradação da personagem ao longo de seu relacionamento com o protagonista.

5. Carol, 2015

Figurinista — Sandy Powell.

O enredo acontece em torno de Carol, a protagonista. Para diferenciá-la das outras personagens femininas do filme, a designer recorreu a uma artimanha: acrescentou ao figurino da atriz detalhes de vestimentas masculinas. Tratava-se de uma estratégia para que o telespectador percebesse Carol como uma mulher independente e autossuficiente.

Outra peculiaridade: a heroína sempre pintava as unhas de vermelho. E a manicure era impecável. Na foto, pode-se ver a diferença entre as unhas das duas personagens.

Ao longo do filme, o diretor dá ênfase nas mãos. O telespectador nota que Carol não é o tipo de pessoa que faz trabalho físico — e provavelmente nunca o tenha feito: limpar o banheiro, varrer o chão, lavar as roupas. A amiga dela, por outro lado, representa o oposto.

4. Florence — Quem é Essa Mulher?, 2016

Figurinista — Consolata Boyle.

Como recriar a atmosfera de Nova Iorque no início do século XX, em que vivia a famosa cantora lírica Florence Foster Jenkins? Com muito esforço e suor. Foi isso que a equipe de Boyle fez: estudaram documentos históricos a fundo e analisaram imagens da própria Florence — principalmente fotos das vestimentas que ela usava no palco. A priori, não havia muita diferença entre a vida do cotidiano e a vida no palco. A cantora tinha paixão por tecidos e estilos exóticos.

Todas as roupas apresentadas no filme foram criadas do zero.

3. Victoria e Abdul — O Confidente da Rainha, 2017

Figurinista — Consolata Boyle.

A principal dificuldade para a designer foi se manter fiel à representação histórica. A rainha usava roupas muito escuras, pois estava de luto pela morte do marido. Sacrificar os fatos para ganhar mais cores não era uma opção. Boyle, então, optou pelo seguinte: manter a paleta de cores, mas mudar as texturas. A vestimenta passou a ter maior contraste e dimensão por conta dos elementos adicionados.

O figurino ajudou o telespectador a assimilar as nuances nos relacionamentos dos personagens ao longo do filme. A diferença notava-se no traje da rainha. No começo da história, só havia elementos escuros. No final, acessórios mais claros — principalmente nas cores brancas. Essa estratégia foi importante para reforçar a transição do luto para a superação da tristeza.

2. A Favorita, 2018

Figurinista — Sandy Powell.

Todos os figurinos do filme foram criados do zero em apenas seis semanas. O orçamento do longa era baixo, portanto, os designers escolheram materiais baratos e paleta de cores limitada: preto e branco. As joias eram, na verdade, bijuterias baratas. Parte delas feitas à mão. Outra, pérolas artificiais encomendadas.

Muitos tecidos foram adquiridos em lojas de segunda mão. Um exemplo: a vestimenta da cozinheira (na foto acima) foi costurada a partir de jeans velhos, comprados em lojas populares.

O filme não buscou representação precisa dos fatos históricos.

1. Era uma Vez em... Hollywood, 2019

Figurinista — Arianne Phillips.

Arianne desenvolveu um conceito interessante para as roupas dos personagens principais: uma espécie de talismã. Os looks ficavam mais memoráveis. A personalidade dos heróis, mais evidente.

Rick Dalton, protagonizado por Leonardo DiCapro, ganhou um medalhão. De um lado, a imagem da rosa de tudor. Do outro, a letra “R”. O personagem usava um cinto, cuja fivela também continha a inscrição da letra “R”. De acordo com Phillips, pessoas que usam roupas com monogramas são geralmente arrogantes e narcisistas. E Rick era exatamente assim.

Cliff Booth também tinha uma imagem na fivela do cinto: o emblema da associação de dublês. Além disso, o personagem de Brad Pitt usava uma camiseta havaiana — uma das camisetas havaianas mais famosas, criada por Tarantino.

Quando assiste a um filme, você repara na roupa dos personagens? Qual a mensagem que os figurinos passam para você? Comente!

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