11 Coisas absolutamente normais pelas quais um adulto não deve se desculpar
À primeira vista, a sociedade moderna parece ser bastante livre. Mas, na verdade, assim como 100 anos atrás, muitas pessoas não gostam de quem se destaca muito. “Ela resgata vira-latas das ruas direto, seria melhor se construísse uma família, não acha?”, “Está de casaco de grife, mas pega uma van para ir ao trabalho, como ela é engraçada!”, “Contratou uma empregada, olha só que aristocrata!” Claro que é possível não prestar atenção no que o seu vizinho resmunga ou se seus amigos riem de você pelas suas costas. Mas, de qualquer forma, ser objeto de fofocas é sempre desagradável.
Meu nome é Masha, e eu fiz uma lista de coisas bastante comuns, que eu e muitas pessoas próximas a mim ainda ouvimos e pelas quais somos repreendidas e censuradas. Por isso, decidi contar aos leitores do Incrível.club, porque não tenho vergonha do jeito que decidi viver minha vida.
Smartphone nas mãos de uma mãe
Acredita-se que a melhor mãe do mundo deve seguir o filho no parquinho para todos os lados, e que de jeito nenhum pode ficar no celular. Estou longe do ideal e frequentemente me distraio com o meu smartphone enquanto meu filho brinca com seus amiguinhos. Eu, provavelmente, deveria ter vergonha disso, porém não tenho. Penso que, em primeiro lugar, uma criança de 5 anos não precisa tanto de atenção quanto um bebê de um ano de vida e, em segundo lugar, uma mãe moderna pode ter centenas de motivos para também navegar pela Internet.
Se chega uma mensagem de trabalho, eu respondo; de repente, a professora, no grupo dos pais, informa que até amanhã é necessário trazer um artesanato feito com materiais naturais (muito “em cima da hora” não é, mas tudo bem, vamos procurar os materiais); o entregador de uma loja on-line avisa que a entrega será feita em uma hora, o que significa que devo me apressar para chegar em casa.
Além disso, é preciso escolher e encomendar os presentes de Ano-Novo para todos, lembrar de pagar os boletos, agendar uma consulta no pediatra e no fonoaudiólogo para o meu filho. Na maioria das famílias, é, muitas vezes, sempre a mulher quem resolve esses problemas. E sempre fazendo isso usando o celular. Então, por que uma mãe com um smartphone nas mãos provoca tanta raiva nas outras pessoas?
Usar roupas novas em casa
Muitos estão acostumados a se arrumar para sair, mas andam de qualquer jeito dentro de casa, ambiente onde são vistos assim somente pelos mais próximos. Desde criança, via minha mãe de roupão e, por muitos anos, meu guarda-roupa doméstico consistia em camisetas velhas, devido às diversas lavagens, e calças de moletom esgarçadas. Claro, sempre foi conveniente, e não me importava se sujasse enquanto eu estivesse cozinhando, mas o look era meio “caído”, e não dava muita vontade de me olhar no espelho mais de uma vez.
Esta primavera comecei a trabalhar home office e, com isso, passo 90% do meu tempo dentro do meu apartamento. Normalmente, a roupa do dia a dia é o look que meu marido, meu filho e até eu mesma, costumamos ver e usar todos os dias. Superei a minha ’’pão-durice’’ e comprei em um site algumas roupas confortáveis e fofas. Minha mãe, que veio me visitar, ficou indignada: “Mas são novas, não é uma pena usar em casa?” Nem um pouco. Eu prefiro ficar sem comprar mais um vestido “para uma ocasião especial” do que mais uma vez vestir uma calça de moletom esgarçada.
Cortar ou pintar o cabelo em um salão muito caro
Recentemente, encontrei uma vizinha: estava linda, os olhos dela brilhavam, estava 10 anos mais jovem. Não entendi na hora o que tinha acontecido, mas então me dei conta: um corte novo e uma cor de cabelo diferente a transformaram de uma ’’Anna com seu eterno rabo de cavalo’’ em uma ’’Anna renovada’’. Acontece que ela deu um presente para si mesma no seu aniversário de 40 anos, e foi ao cabeleireiro mais procurado e badalado da nossa cidade. Corte de cabelo, coloração em vários tons, modelagem... Gastou por volta de 760 reais, mas valeu a pena.
Anna me contou como os seus familiares reagiram a essas mudanças. Os convidados de sua festa de aniversário a elogiaram e admiraram sua aparência até que descobriram quem fez o trabalho e quanto custou a transformação. “Eu corto o cabelo na Dona Jura por 20 reais e fica ótimo!”, comentou sua sogra com certa indignação. “Mas pintar o cabelo sozinha é fácil”, acrescentou sua cunhada. “Nossa, com esse dinheiro que você gastou, daria para se sustentar por um mês inteiro!”, disse sua tia Maria.
Então, Anna disse que, por um segundo, até sentiu vergonha do “desperdício” que fez, mas quando ela passou pelo espelho e olhou o seu novo reflexo, se deu conta: “Esta é a sua festa, o seu dinheiro, o seu cabelo e a sua vida”. Não tem nada de vergonhoso em cuidar de si mesma, e pelo menos uma vez a cada 40 anos é definitivamente muito necessário. Porque nada torna uma mulher mais bonita do que um sorriso no rosto e a consciência da sua própria beleza.
Defender seus próprios direitos
“Você é melhor do que os outros, ou o quê?”, costumo ouvir de amigos e alguns conhecidos. Porém, eu só quero viver em um ambiente confortável que, se não me engano, é garantido por lei. Portanto, sempre carrego comigo saquinhos de plástico para os amantes de cães e insisto para que eles limpem o que os seus pets normalmente deixam na calçada. Também exijo no supermercado para que passem a mercadoria com o valor indicado na etiqueta de preço, e não duas vezes mais caro, o que, de repente, acabo descobrindo somente no caixa. E eu tenho o total direito de fazer isso.
Quando um chefe repetidamente me obriga a fazer horas extra até tarde ou nos fins de semana (sem remuneração, claro), não considero uma obrigação suportar isso. Ele está roubando o meu tempo de lazer e descanso. “Mas desse jeito você vai perder o seu emprego, porque não aceita e mantém silêncio”, dizem alguns colegas. Mas o trabalho não é o mesmo que a escravidão, certo?
Eu prefiro que me considerem uma funcionária conflituosa e desconfortável e que não deixa que abusem da sua boa vontade, do que me elogiem regularmente e me sobrecarreguem com o trabalho dos outros, só porque “sou boa no que faço”.
Tenho direito ao descanso, a andar em ruas limpas, aos descontos prometidos pelas promoções nos supermercados. E pretendo aproveitar todas essas oportunidades, é claro, cumprindo sempre com as minhas responsabilidades.
Calçados de qualidade
Há 2 anos, comprei botas de inverno de couro com pele natural por 690 reais. Na época, minha renda era de 2.000 reais por mês, tirando o imposto de renda, então tive de economizar por um tempão para comprar aqueles calçados. Por ingenuidade, respondi honestamente às perguntas feitas pelas outras mães no parquinho, sobre onde e por quanto eu consegui aquele lindo par de botas. E não sei por que respondi, pois todas apenas se indignaram pelo meu desperdício e disseram que elas eram lindas, mas com botas mais baratas, tipo UGG, também é possível passar o inverno, então, por que gastar tanto dinheiro?
Mas com os meus mais de 30 anos, percebi que um calçado de alta qualidade não é jogar dinheiro fora, mas sim cuidar da nossa própria saúde. Passei os últimos 2 anos usando minhas botas caras, mas o que mais importa é que elas são quentes, nunca escorreguei no gelo ao usá-las (onde moro neva com frequência) ou fiquei com frio. E isso significa que economizei muito dinheiro com remédios para gripe e salvei minhas costas e articulações de possíveis quedas.
Contratar uma diarista
Na minha infância, todo sábado começava com a mesma coisa: fazer faxina na casa. Eu odiava esse dia da semana com todas as minhas forças. Anos depois, morei por muito tempo sozinha e era eu mesma quem arrumava a casa, mas só “quando estava de bom humor”, sem me importar se fazia isso com frequência ou não. Depois do meu casamento, um sentimento de culpa começou a me atormentar pelo fato de eu achar que era uma dona de casa medíocre: não me dispunha a procurar poeira nos armários e chegava a limpar o lustre não mais do que uma vez por ano.
Uma vez, cheguei ao meu limite, deixei de lado todas as convencionalidades, chamei duas diaristas e saí de casa por 4 horas. Voltei e fiquei pasma: o apartamento, literalmente, brilhava! As duas “fadas da limpeza” sorriram gentilmente ao verem a minha reação. Não tive pena nenhuma pena do dinheiro que gastei com isso: eu não conseguiria arrumar tudo e nem do mesmo jeito por uma quantia 3 vezes maior. Agora, faço uma faxina geral dessas uma vez por mês.
No começo, meu marido reclamou: “Você tem o que no lugar das mãos, patinhas? Não consegue segurar um pano? Minha mãe sempre...” Mas quando ele viu o resultado percebeu que valeu a pena. Não falamos nada à minha sogra, porque eu posso prever a reação dela sem ter muito trabalho para isso, pois ela “criou três filhos e fazia tudo sem a ajuda de ninguém...”
Possuir coisas que “não são da sua classe social”
Vou confessar uma coisa: antes, as pessoas que vivem somente de aparências, também me divertiam. Aquelas que compram um iPhone da última geração em diversas parcelas, ou que gastam o salário todo em um restaurante descolado em uma só noite, e depois se alimentam com macarrão instantâneo pelos 30 dias restantes do mês. Mas, com a idade, eu percebi que uma pessoa deve ter sonhos e com certeza deve tentar realizá-los, não importa o quão ridículos eles sejam para outros.
Minha ex-colega Gabriela era obcecada em ter um casaco de pele. Ela sonhava com isso com muito mais frequência do que com um príncipe encantado. Para isso, Gabriela economizou por muito tempo e, finalmente, um dia, comprou esse acessório tão desejado. Para chegar ao trabalho ela pegava uma van, porque não tinha carro e o táxi era muito caro, mas três paradas no transporte público não é nada assustador. Todo mundo caçoava dela, e diziam que “era bobeira varrer o chão de uma van com casaco tão caro”, mas ela estava mesmo assim muito feliz. E não era uma ostentação, era um sonho realizado.
Festa de casamento simples ou chique demais
Muitos parecem não saber, mas apenas os noivos podem decidir qual será a melhor forma de comemorar o dia do seu casamento. Mesmo assim, agradar aos outros parece ser uma tarefa impossível. Meu marido e eu não queríamos uma cerimônia magnífica, então convidamos apenas 12 pessoas, somente as mais próximas, incluindo os nossos pais, e ficamos satisfeitos. Algumas tias e primas de segundo grau até hoje se incomodam com o fato de que “economizamos na festa do casamento” e de vez em quando nos lembram disso.
O melhor amigo do meu marido, ao contrário, teve uma grande festa, de acordo com as tradições. Até fez um empréstimo para isso. Mas, agora, ele também está sendo caçoado, pois “festejou por 3 dias e pagou por 3 anos”. Quando se trata de casamento, geralmente é difícil agradar a todos, por isso é melhor nem mesmo tentar e confiar apenas em seus próprios desejos.
Ter muitos filhos ou não ter filhos
Uma questão ainda mais difícil do que a do casamento, é a de ter ou não filhos. Um casal de amigos nossos não quer ter filhos, e se sentem bem juntos assim. “Egoístas, só pensam neles mesmos!”, reclamam os pais deles. Eles estão ansiosos para serem avós, mas acontece que Fabiana e Rafael não planejam dar netos aos seus pais. Ambos estavam tão cansados das censuras que até inventaram uma infertilidade inexistente. Horrível ter de tomar essa decisão, mas agora todos sentem pena dos dois. Porém, pelo menos ninguém exige mais nada deles.
Por outro lado, ter mais de três filhos também é um motivo constante para fofoca. Dizem: ’’Por que ter tantos, nunca ouviram falar em métodos contraceptivos?’’ Se a família for grande e viver em prosperidade e não precisar de nenhuma ajuda, mesmo assim, muitos a tratam com desconfiança: não é algo “normal” ter, por exemplo, 7 filhos em pleno século XXI. É “necessário” somente 2 ou 3, como é o mais “comum” para muitos. E, além de tudo isso, é ainda obrigatório que sejam de gêneros diferentes, pois, caso contrário, novamente, alguns dirão: “Porque desistiram, não vão ter um menininho?”
Recusa de receber visitas
Certa vez, quando morávamos em um apartamento com somente um cômodo, uma tia minha de segundo grau me ligou com um pedido incomum. A filha e o marido da filha estavam planejando vir para a nossa cidade para passar uma semana, e queriam ficar na nossa casa. Na hora, eu recusei. Não foi por ter visto a minha prima de segundo grau somente algumas vezes na vida e porque não éramos próximas, mas porque eu simplesmente odeio receber visitas.
Sim, não sou uma boa anfitriã e muitas vezes fui criticada por isso por pessoas que esperavam de mim um convite para um chá ou jantar festivo. Minha casa é a minha fortaleza, a entrada da qual está aberta apenas para os mais próximos, para quem sempre tenho vontade de convidar. Para todos os demais, existem muitas oportunidades de encontrar um lugar neutro e confortável, sem ultrapassar os limites da privacidade de ninguém.
Indiferença aos padrões de beleza
Os padrões da beleza feminina estão mudando constantemente, mas ainda nos ditam obsessivamente o que na atualidade é “normal e aceitável” e o que não é. Seria melhor se o tamanho das suas roupas fosse 36-38. Se for menos que isso, então é considerada magra demais. Se for mais, então “é a hora de começar uma dieta”. É aconselhável malhar na academia os glúteos e não os bíceps, pois isso é só para os homens. Cabelo comprido é feminino, raspar cabeça não pode. Cabelos grisalhos, de jeito nenhum. E assim por diante. Ah, claro, você precisa usar vestidos. E saltos. E é imprescindível que saiba como combinar tudo.
Eu costumava ter muitas saias e muitos saltos altos no guarda-roupa, mas agora tenho predominantemente jeans e tênis, mesmo para o verão. E estou super confortável com isso. Minha mãe suspira e diz: ’’Você era uma menininha, mas agora não entendo mais quem você é ou parece ser’’. Mesmo assim, eu me sinto incrivelmente feminina em absolutamente qualquer roupa, porque para mim esse é um estado interior. E para você?
Por quais coisas totalmente normais você já foi julgado por seus parentes ou por estranhos? Ou se, talvez, você já julgou alguém à toa? Comente!