10+ Fatos interessantes sobre a cultura africana que aprendemos assistindo “Pantera Negra”
O Pantera Negra surgiu pela primeira vez em 1966, em um gibi do Quarteto Fantástico. Ele foi criado pelo lendário Stan Lee e é o primeiro super-herói negro da Marvel. Já em 2018, o primeiro filme do personagem foi lançado e atingiu um estrondoso sucesso de público e crítica. Graças às referências à história e às culturas africanas, Pantera Negra se tornou uma obra-prima e um exemplo de representatividade. Então, que tal relembrar esse belíssimo filme enquanto detalhamos que referências são essas? E não deixe de ver o bônus, com outro filme que retrata com fidelidade a cultura africana.
1. Várias nações africanas foram visitadas pela produção do filme para criar Wakanda
A terra natal do Pantera Negra é Wakanda, um país fictício e secreto no coração do continente africano. Ryan Coogler, o diretor, viajou para o continente com a produção para conhecer melhor como são e como vivem as pessoas de lá. Hannah Beachler, designer do filme, afirmou que poder ver, tocar e sentir trouxe uma perspectiva diferente e influenciou sua criação. Para eles, era essencial demonstrar que a África é mais complexa do que muitos imaginam, com uma grande variedade de povos e costumes.
Outra pessoa que também colaborou com o visual do filme foi a figurinista Ruth E. Carter, que até ganhou um Oscar pelo seu trabalho. Em entrevista, ela revelou que tinha um quadro com imagens de roupas dos povos Maasai, Tuareg, Turkana, Xhosa, Zulu, Suri e Dinka. Além disso, diversos acessórios típicos reais foram comprados em Gana e na África do Sul, para servirem como protótipos. As influências vieram de várias tribos e geraram esses lindos figurinos, adaptados para a modernidade do afrofuturismo.
2. Os detalhes no traje do Pantera Negra
Começando pelo protagonista e herói do filme, percebe esses motivos triangulares no traje que T’Challa usa como Pantera Negra? Eles estão ali porque triângulos são importantes na geometria sagrada africana. Aliás, você pode encontrar triângulos e outras formas geométricas nas roupas de praticamente todos os outros personagens.
Já as suas vestes palacianas, após T’Challa ser coroado rei, mostram uma referência aos tradicionais bordados nigerianos. Ruth E. Carter deu a ele roupas com caimento sob medida e ar de realeza.
3. As vestes formais que Shuri preferia não ter de usar tinham um corset típico de uma tribo africana
A irmã de T’Challa, Shuri, usa um corset inspirado no povo Dinka, nativo do Sudão do Sul e que vive às margens do rio Nilo. Contudo, ela só o usa durante a cerimônia de desafio ao rei e até grita para terminarem logo com aquilo, pois a roupa é desconfortável. No resto do filme, a jovem prefere usar roupas mais modernas e confortáveis.
4. Preparada para a batalha, Shuri dispensa a maquiagem e usa uma pintura facial tradicional da Etiópia
A pintura facial que Shuri usa quando está lutando é inspirada no costume da tribo Karo, da Etiópia, que usa pigmentos brancos e vermelhos em todo o corpo. Os desenhos são feitos tanto por homens quanto por mulheres e servem para aumentar sua confiança, autoestima e, eventualmente, intimidar os rivais. A nova máscara da Pantera Negra, como você pode ver abaixo, também inclui detalhes que lembram essa pintura, além dos triângulos pelo corpo.
5. Ramonda é uma rainha que não usa coroa, mas sim um belo e imponente cocar
Já as roupas da rainha Ramonda, mãe de T’Challa, são inspiradas em trajes cerimoniais das mulheres do povo Zulu. Os trajes incluem os cocares que ela usa na cabeça, chamados pelas Zulu de Isicholos e que elas usam em cerimônias tradicionais ou religiosas.
6. Mesmo não precisando se aquecer, o povo da fronteira de Wakanda costuma usar um tradicional cobertor
Quanto ao chamado Povo da Fronteira do filme, você deve ter notado que eles sempre usam uma manta enrolada no pescoço. A tribo Lesoto, inspiração para esse povo, usa em cerimônias esses cobertores, chamados Basotho. O principal representante do Povo da Fronteira no filme era W’Kabi, vivido por Daniel Kaluuya.
7. As Dora Milaje, guerreiras de elite de Wakanda, usam trajes com elementos de vários povos
O traje das implacáveis guerreiras Dora Milaje é uma mistura de várias referências. O vermelho vibrante é característica de tribos do Quênia, como Maasai e Turkana. As contas vêm da tribo Himba, da Namíbia. Já as tiras de couro e os anéis no pescoço são da tribo Ndebele, da África do Sul. Há também padrões triangulares nas suas roupas, como os do Pantera Negra.
8. Guerreiras africanas que realmente existiram serviram de inspiração para as Dora Milaje
Um grupo de mulheres guerreiras de elite parece coisa de ficção, mas elas eram reais. As Dora Milaje foram inspiradas nas guerreiras da tribo Dahomey, que atualmente se chama Benim. Originalmente, elas eram caçadoras de elefantes, os animais mais difíceis de abater, e eram conhecidas como Agojie. Sua coragem e ferocidade as levou a integrar um exército para proteger seu rei. Eram especialistas no uso de várias armas e saíam em combate enquanto os homens cuidavam das plantações de milho.
9. A máscara que Killmonger usa em seu combate com T’Challa também foi inspirada na realidade
A máscara de Killmonger também é bem marcante na história do filme e ela também é inspirada na Mgbedike, que o povo Igbo costuma usar. A máscara é presença importante em cerimônias e, geralmente, são bem grandes, com dentes e chifres ameaçadores, além de um belo cocar. Nas cerimônias, grupos mascarados rivais encenam competições para testar sua resistência, força e bravura. A máscara do filme é creditada ao povo Dogon.
10. Até as impressionantes marcas de Killmonger refletem povos reais
Só por aparecerem no trailer do filme, as marcas de Eric Killmonger já chamaram a atenção. Essas mesmas marcas podem ser encontradas nos homens do povo Kaningara, de Papua-Nova Guiné. Os jovens Kaningara as fazem como um rito de passagem para a idade adulta. Com o tempo, as marcas formam, no peito dos homens, uma imagem que lembra o rosto de um crocodilo.
11. No filme, um curioso idioma é falado pelos wakandanos, por sugestão de um dos atores
John Kani, que interpreta T’Chaka, pai de T’Challa, sugeriu que os personagens falassem alguma língua africana para dar mais identidade ao filme. O escolhido foi a do próprio ator, um idioma de nome isiXhosa, da África do Sul, com mais de oito milhões de falantes nativos. A sugestão foi feita antes mesmo da gravação de Pantera Negra, quando John foi contratado para o filme Capitão América: Guerra Civil. Vários professores e o próprio ator se encarregaram de ensinar isiXhosa ao elenco.
Mas não foi fácil, já que o idioma inclui sons de cliques feitos com a língua. A atriz Lupita Nyong’o, falante de quatro idiomas (espanhol, luo, inglês e swahili) considerou a língua como uma das mais difíceis do planeta. Pelo menos, eles não precisaram aprender muito, já que no filme só era usado em situações muito específicas. Por exemplo, quando os wakandanos precisavam falar algo importante na presença de estrangeiros.
12. Diferentemente dos costumes europeus e americanos, muitos povos usam branco durante o luto, como no filme Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Quem está habituado às roupas pretas em sinal de luto pode ter estranhado ver tantas pessoas usando branco durante o funeral do Rei T’Challa, em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre. É que muitos povos africanos usam roupas brancas em cerimônias fúnebres, especialmente no caso de anciães, sacerdotes e reis. Além do branco, outra cor predominante em funerais africanos é o vermelho.
Inclusive, a cena do funeral foi sensivelmente dirigida por Ryan Coogler, em respeito à família de Chadwick Boseman, intérprete do Pantera Negra, em 2018, e que faleceu em 2020. A produção de Wakanda Para Sempre optou pela morte do personagem também. A figurinista Ruth E. Carter revelou que essas roupas, além de próprias da cultura africana para funerais, também é uma referência à roupa branca que T’Challa usa no primeiro filme, quando conversa com seu pai no plano ancestral.
Bônus: as mulheres guerreiras Dahomey inspiraram outro filme em 2022, A Mulher Rei
Em 2022, Viola Davis estrelou outro filme baseado nas Agojie, as mulheres guerreiras de Dahomey, chamado A Mulher Rei. Apesar de o filme ser muito mais próximo da realidade do que as Dora Milaje de Pantera Negra, há bastante liberdade criativa para a dramatização da história. Nanisca, a personagem de Viola, por exemplo, foi criada especialmente para o filme. Ainda assim, é possível ter uma boa ideia sobre como as tribos se organizavam e como era duro o treinamento para ser uma Agojie.
É incrível como um só filme pode esconder tantas referências ao mundo real, depois de uma olhada mais atenta. Você se lembra de outro filme que também retratou a cultura de um povo? Deixe seu comentário!