Uma russa se mudou para a Jamaica e conta sobre a vida na “ilha de liberdade infinita”

Lugares
há 3 anos

Anualmente, milhões de pessoas desejam largar tudo em busca de aventuras, encantadas por inúmeros cantos excêntricos e extraordinários do nosso planeta. A Jamaica, chamada de “ilha de liberdade infinita”, é um desses lugares atraentes, com areias brancas como a neve e um mar azul-celeste tão fascinante que deixa qualquer um com uma vontade enorme de mergulhar nele, sob o som das músicas de Bob Marley. A russa Victória ficou tão apaixonada por esse paraíso na Terra que sua viagem gradualmente se transformou em uma mudança para o país. Hoje, ela é casada com um jamaicano, trabalha como guia e tem uma conta no Instagram na qual compartilha curiosidades sobre as peculiaridades da vida local, difíceis de serem encontradas em folhetos de viagem.

Nós, do Incrível.club, não conseguimos deixar a história da Victória passar despercebida e reunimos os aspectos mais chamativos da Jamaica, que vão mostrar o país de um outro ângulo.

Na Jamaica está estabelecida uma espécie de matriarcado

Recentemente, li um artigo em uma revista local abordando a Jamaica como um país matriarcal. Aqui, o matriarcado envolve o respeito pela mulher, e tanto homens como mulheres têm direitos iguais. Uma policial patrulhando o bairro não é uma exceção, bem como uma motorista não é “um obstáculo”, mas uma simples integrante do trânsito. Os pais divorciados têm os mesmos direitos sobre os filhos e ambos podem solicitar uma pensão alimentícia. Quando os cônjuges voltam do trabalho para casa, o marido nunca deixa sua esposa cozinhar, lavar a roupa e fazer uma faxina sozinha, acomodando-se no sofá e lendo uma revista ou assistindo futebol. Os homens daqui se dão conta de que as mulheres também têm direito ao descanso depois de um dia de trabalho duro.

Claro que as únicas dificuldades que as jamaicanas continuam enfrentando, mesmo tendo direitos iguais, são a gestação e o parto. Mas é por isso que são respeitadas e bem cuidadas pela população masculina. Os jamaicanos acreditam que dar à luz significa alcançar uma conquista, e eu concordo com seu ponto de vista.

As jamaicanas que estão fora dos padrões de beleza não costumam ser julgadas pela sociedade. Uma mulher se comportando de forma agitada também não será criticada, pois a influência dos hormônios em sua saúde é totalmente compreensível. Por outro lado, o que é realmente imperdoável é trair e insultar os homens. Além disso, as mulheres não precisam “ganhar o respeito”, pois são respeitadas automaticamente.

Na Jamaica, elas ocupam mais de 50% dos cargos de liderança, mas ainda se sentem oprimidas. Além de tudo, cerca de 45% dos chefes de família são mulheres, que, inclusive, ganham um salário maior que o de seus parceiros.

Os jamaicanos adoram crianças, especialmente meninas

Os jamaicanos gostam muito de crianças e se orgulham de ter filhos. Eles tendem a colocar as fotos dos filhos como suas imagens de perfis de redes sociais, e, provavelmente, 99% dos habitantes não conseguem imaginar suas vidas sem filhos.

Em geral, a Jamaica é um ótimo lugar para meninas e mulheres. A maioria dos homens sonha com uma filha porque se acredita que as meninas amam mais seus pais, e os meninos, suas mães. Toda menina é criada como uma princesa e uma futura rainha, que, por sinal, procura um companheiro de vida digno de ser um rei. Em uma família com poucos recursos e muitos filhos, os pais dão o seu melhor para conseguir uma boa educação para suas filhas, deixando os meninos se virarem sozinhos.

A primeira peculiaridade que chamou a minha atenção foi um grande número de homens passeando com crianças, criando a sensação de que a população masculina passa todo o tempo cuidando dos pequenos, sem fazer mais nada. Diariamente, dá para encontrar centenas de homens passeando com seus pequenos filhos de manhã cedo, levando-os para as aulas ou buscando-os na escola.

As jamaicanas não se incomodam com o excesso de peso e não fazem questão de se casar

Meu marido não via diferença entre jamaicanas e europeias e até afirmava que eu, russa, poderia me passar facilmente por uma jamaicana. No entanto, após uma análise detalhada, encontramos vários diferenciais que, obviamente, não se aplicam a todas as mulheres, mas são inerentes a muitas:

  • As europeias costumam ser empenhadas em emagrecer, enquanto as jamaicanas não se importam obsessivamente com seu peso.
  • Para muitas jamaicanas, carreira e filhos estão em primeiro lugar, enquanto o casamento pode esperar.
  • Muitos europeus costumam se esforçar para ganhar mais do que sua parceira, enquanto os jamaicanos não se importam com o nível de sua renda. Casais em que a mulher é mais bem paga do que o homem são frequentemente vistos.
  • Muitos europeus fazem questão de se relacionar com mulheres sem filhos, mas os jamaicanos podem se casar com mulheres com cinco filhos de pais diferentes e, após o casamento, ainda ter o sexto filho com ela.
  • Considerando a observação listada acima, os jamaicanos podem ter crianças de várias mulheres, sem manter qualquer tipo de relação com sua ex-esposa depois do divórcio, mas apoiando financeiramente todos os seus filhos e estando fisicamente presentes na vida deles.
  • Os jamaicanos não tendem a dar ordens à sua mulher, pois ela mesma decide o que e como fazer. As jamaicanas não pedem conselhos ao seu parceiro e, de fato, muitas não se importam muito com a opinião dele porque sabem melhor como cuidar de sua vida.

É claro que muito depende da educação, que em Kingston, capital da Jamaica, pode ser muito diferente de um vilarejo. De acordo com minhas próprias observações, no país as mulheres são confiantes e independentes, e os homens são relaxados e obedientes, deixando a vida correr seu rumo e fazendo o que devem, porque é assim que se vive.

Algumas características culturais podem deixar até mesmo os viajantes mais experientes de queixo caído

  • A Jamaica é um dos poucos países onde se pode beber água diretamente da torneira e até dos rios, se ninguém estiver lavando suas roupas por perto. Não é à toa que os navios de cruzeiro americanos costumam reabastecer aqui, em Ocho Rios.
  • Alguns jamaicanos não consideram o arroz um prato completo. Os acompanhamentos são divididos em arroz, macarrão e outros alimentos, um grupo constituído por bananas verdes cozidas, bananas-da-terra, hortaliças (batatas, batatas-doces, inhames, mandiocas), frutas-pães e abóboras. Esses alimentos representam basicamente tudo o que se pode cozinhar e comer como um prato completo, diferentemente do arroz ou macarrão.
  • Nos casamentos jamaicanos, os envelopes com dinheiro, sempre assinados, são coletados por uma pessoa especialmente treinada. Curiosamente, na hora de os noivos se beijarem, os convidados ficam batendo nos copos com garfos.
  • Quase toda família tem um facão em casa. É um objeto útil para cortar um coco ou uma árvore, descascar uma cana, eliminar as ervas daninhas e arar o terreno.

A Jamaica é um lugar que me faz sorrir e me sentir uma pessoa feliz, porque viver de mal com a vida aqui é quase impossível. O mais importante é que parece que este povo não sabe o que é o estresse, porque a vida é boa demais para ser desperdiçada com bobagens.

Depois de ter lido o relato de Victória, tivemos uma grande vontade de fugir para a costa do Mar do Caribe. Quais aspectos culturais de outros países que lhe parecem exóticos também conquistaram seu coração?

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