9 Temas difíceis que os professores gostariam de conversar com os pais há muito tempo

Psicologia
há 4 anos

Hoje em dia as relações entre pais e professores mudaram radicalmente. Frequentemente os pais acompanham de perto o processo de aprendizado de seus pequenos, e cada vez mais apontam sugestões ou correções nele. Certamente existem diversos tipos de professores, mas a maioria ainda ama o seu trabalho. Porém, quando de um lado há pressão dos pais para dar atenção especial para seu filho, e do outro, as exigências da escola por relatórios mensais quilométricos, só resta uma coisa a fazer: desabafar.

A autora deste post do Incrível.club é professora do ensino fundamental, e ela e seu colegas têm algumas recomendações a fazer aos papais e mamães dos alunos.

1. Permita que a criança entenda o que ela realmente quer

Não é incomum que os pais queiram dar um direcionamento e moldar os interesses de seus filhos, às vezes até sendo intransigentes. Eles anseiam por ver seus pequenos como vencedores do Prêmio Nobel na área da Neurobiologia, juiz da Corte Internacional de Justiça da ONU ou medalhista olímpico de natação. E, como resultado, a criança, com toda essa pressão, acaba por negar tudo aquilo que a traria prazer para poder corresponder às ambições dos pais.

  • Eu gostaria de dizer: não é preciso “controlar” a criança como se ela fosse um robô. Se ela se sente confortável em desenhar ou demonstra interesse por uma área considerada “pouca promissora” em sua visão, dê a ela a oportunidade de se descobrir. E também não importa se na família todos são médicos, engenheiros ou economistas, e ela não quiser dar continuidade a essa “dinastia”. Todo trabalho tem seu valor.

2. Nessa busca por resultados é possível ver a deterioração da saúde da criança

Os pais frequentemente não percebem os primeiros sinais de fadiga e esgotamento nervoso da criança: irritabilidade, súbitas alterações de humor, má qualidade do sono. Eles não se preocupam com isso, especialmente se o aluno continua tirando notas boas.

Quando a criança tem quadros de irritabilidade ou está de mau humor, ela pode aparentar ser mal-educada ou desrespeitosa. No entanto, os médicos já deixaram bem claro que os pequenos podem desenvolver quadros reais de depressão clínica.

  • Para impedir que isso aconteça, preste atenção a mudanças no comportamento da criança, se elas não são ocasionais, mas repetitivas e cada vez mais intensas.

3. Professor não trabalha 24 horas por dia

Preocupados com as conquistas e dificuldades de suas crianças, os pais nem sempre entendem que os professores têm uma vida própria. A disponibilidade de aplicativos de mensagem como o Viber, WhatsApp e Telegram criam a ilusão de que o professor está sempre disponível para contato. E se ele não responder a uma chamada ou mensagem fora da sua hora de trabalho, corre o risco de ser considerado “desatencioso”.

  • É bom não esquecer que, fora da escola, os professores também desejam descansar, e não ficar pensando nos problemas de cada criança e explicando o porquê de certa decisão ter sido tomada na reunião de pais.

4. Comparecer às reuniões é do interesse dos pais

Frequentemente, comparecem às reuniões apenas os mesmos pais e mães, e ainda assim em pequeno número. É compreensível que depois de um longo dia de trabalho os pais não consigam reunir forças suficientes para ir à escola e ouvir os assuntos da pauta. Porém, sem a participação deles, simplesmente não é possível resolver as questões que surgem.

  • Um professor diz: “A prática favorita dos pais: não comparecer às reuniões e depois me perguntar o que estava na pauta e quais as conquistas e dificuldades de seus filhos. Eu sempre digo a eles: você quer saber mais sobre a vida da turma e ter voz ativa no processo de tomada de decisão, então compareça e participe da discussão. No intervalo entre as aulas eu nem sempre tenho tempo para poder explicar e discutir tudo detalhadamente”.

5. Por causa do excesso de cuidados, a criança não aprenderá a ser independente

Muitas vezes, os pais poupam os pequenos e não delegam algumas tarefas básicas. Como resultado, alguns alunos não conseguem nem sequer se servir direito. Para o adulto é mais fácil gastar um minuto para arrumar a mochila, do que diariamente ensinar e incentivar a criança a ter que arrumar suas coisas e ter uma atitude responsável.

  • Na psicologia cognitiva há um entendimento claro: para que uma criança aprenda a controlar suas atividades, ela precisa de uma referência. Torne-se um exemplo ao qual a criança será capaz de igualar-se, e assim a responsabilidade dela se desenvolverá gradualmente.
  • Também é muito importante ensinar ao filho a prestar atenção às consequências dos seus atos: arrumar a mochila à noite significa não precisar perder tempo arrumando às pressas pela manhã, e não esquecer o estojo significa parar de pedir canetas e lápis emprestados aos colegas.

6. Educação física é uma matéria benéfica para a saúde, então não há razão para correr atrás de atestados médicos falsos para evitá-la

A situação em relação à educação física nas escolas é lamentável. Muitos pais decidem por si próprios se o seu filho irá ou não participar das atividades da aula, e, para faltar de uma maneira “oficial”, mandam recados para os professores ou atestados médicos sem uma razão concreta aparente. Como resultado, observa-se que as crianças em idade escolar têm um déficit de atividade física: zero destreza e zero resistência, e, no entanto, todas elas têm uma prédisposição para escoliose.

  • Para evitar que surjam curvaturas na coluna cervical do seu filho não o prive dos benefícios das atividades físicas. Educação física é indispensável. Ensine as crianças a fazerem exercícios e tenha colchões firmes em suas camas. Se o pequeno não tiver problemas de ouvido, matricule-o na natação. E sempre observe se a carteira escolar e a mesa de estudos em casa são da altura ideal para seu filho.

7. Arrogância não é a melhor das coisas que você pode ensinar ao seu filho

Alguns pais, por alguma razão, encorajam seus filhos a responderem aos seus professores. Mas entre “não fique envergonhado na frente do seu professor” e “confronte o professor” existe uma grande diferença. Essa criança não tem medo de dizer na cara do professor: “Não enche!”; porque mesmo sabendo que vai receber uma severa repreensão, ela será vista como “valente” por seus colegas de classe. Esse comportamento é mais comum entre os alunos dos últimos anos do ensino médio, afinal, eles vão deixar a escola para sempre, e, portanto, como eles mesmos dizem, podem correr esse risco.

Uma professora de física disse: “Um aluno do 9º ano com raiva de mim, por sua nota baixa na última prova, gritou comigo na frente de todo mundo: ’Sua idiota!’. Todos os alunos riram bastante. Quando convidei o pai desse aluno para uma conversa, ele disse bem diretamente: ’Não se ofenda, o menino está crescendo’”.

  • O aluno é muito jovem para entender as sutilezas das relações comportamentais. Você diz: “Não tenha medo do professor”, e ele decidirá que “não ter medo” é igual a “ser rude”. Explique a ele essas nuances e trabalhe essas situações com ele. A propósito, ninguém é contra um diálogo construtivo com o professor.

8. Os ídolos blogueiros dificilmente vão dar um bom exemplo para as crianças

As crianças estão sempre tentando imitar aqueles, cuja autoridade elas reconhecem, e que lhes parecem ser muito legais. Hoje em dia, geralmente, são os blogueiros adolescentes, com os quais elas podem aprender insultos e até mesmo palavrões. Os pais lavam suas mãos e dizem que não podem controlar tudo o que as crianças assistem na internet.

  • Mostrar interesse na vida online de seus filhos é muito importante. Faça perguntas claras sobre as pessoas com quem as crianças se comunicam e sobre os aplicativos que baixam. Ofereça-se para ouvir a música da moda com elas. Os pais que estão sempre “em dia” com seus filhos, têm muito mais confiança deles.

9. Permita que a criança descanse depois da escola

Por causa do intenso currículo escolar, dos círculos de amizade em desenvolvimento, e até das interações pessoais terem sido substituídas por gadgets, as crianças de hoje praticamente não têm infância. Não há tempo, forças ou desejo (e esse é preciso enfatizar) para correr para a rua e brincar com os amigos. Por outro lado, isso também acontece porque os amigos estão também ocupados com seus gadgets.

  • Os especialistas recomendam: se o seu filho ficar muito cansado depois das aulas, você deve dar tempo para ele descansar adequadamente. Deixe que ele veja televisão ou que se deite durante uma hora. Já se a criança estiver cheia de energia, ela precisa praticar atividades físicas. E para que as crianças não fiquem entediadas com o descanso, recomenda-se alternar suas atividades: de jogos tranquilos para algumas brincadeiras ao ar livre e vice-versa.

Provavelmente, se um professor tivesse falado tudo isso a alguns pais cara a cara, poderia ter criado uma situação desagradável. Mas e você, concorda com alguma das opiniões acima?

Ilustradora Yekaterina Ragozina exclusivo para Incrível.club

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