Famoso psicanalista revela algumas das causas da infidelidade

O autor do texto a seguir é o russo Dmitry Kalinsky, presidente da Academia Internacional de Psicogenética, e um dos principais psicanalistas de seu país. Neste post você encontrará tudo o que precisa saber sobre o fenômeno desagradável da traição amorosa. Esperamos que este trabalho faça com que olhe para esta situação de um ângulo completamente diferente.

O Incrível.club espera que nunca tenha de enfrentar uma situação como essa. Mas, caso tenha de enfrentá-lo, este post fará com que saiba como lidar com a situação.

Um remédio para o ciúme ou quem é o culpado por uma traição

A fonte do ciúme é a baixa autoestima, é a tendência de se comparar com os outros, de avaliar, colocar rótulos.

Vamos ver como o ciúme se relaciona com a baixa autoestima. Se sou confiante, se acredito que sou digna de ser amada, o que me fará duvidar da lealdade do meu parceiro? O que me levará ao estranho pensamento de que ele preferirá alguém a mim? Nada. E se eu duvidar de mim mesma? Se, olhando para os outros, entendo que são muito mais atraentes do que eu? Quais suspeitas gerariam em mim qualquer atraso da minha cara metade?

Bem, e agora o principal: ok, me enganaram. Mas de quem é a culpa? Do cônjuge que começou um caso? Ou o prejudicado que não olhava para ninguém ao seu redor, era fiel como Penélope e hoje soluça no travesseiro? Infelizmente, a parte lesada é a culpada.

As razões são várias. Primeiro, a mesma auto-estima. Se você não acredita em sua própria atratividade, mesmo que seja Alain Delon ou Marilyn Monroe, vão lhe enganar e trair.

O pensamento que muitos têm sobre todos, incluindo a amada cara metade, de que é impossível resistir à tentação, conduz à traição. Na minha prática, tenho visto casos de pessoas que não estavam dispostas a enganar, mas que, surpreendidas por suas próprias ações, começaram a ter casos extraconjugais. Tudo ficou claro nos primeiros minutos de uma conversa com seus maridos ou esposas: eles confessaram que, no fundo de suas almas, não acreditavam na lealdade e esperavam pela traição. Bem, essa expectativa realmente leva à traição!

Às vezes, leva à traição em um nível subconsciente. E, outras vezes, conscientemente! “Melhor ser vil do que ser vilipendiado”, escreveu um autor clássico da literatura inglesa. E é difícil não concordar com ele. Se suspeitam constantemente que você fez algo de errado, se checam seus bolsos e fazem perguntas, não é difícil enlouquecer.

Não é de surpreender que uma pessoa cansada de eternas e infundadas acusações acabe fazendo exatamente o que lhe acusaram, simplesmente por um senso de autopreservação. Se você precisa suportar acusações, que seja por algum motivo real!

O preço da traição

Pela opinião pública, uma traição é sempre um pecado, um crime. E ainda mais aos olhos dos que foram enganados, claro. Mas nós, que acabamos de analisar as raízes da questão, podemos realmente perceber essa atitude de maneira tão inequívoca? Acho que não, porque acontece de, às vezes, esse fenômeno salvar um casamento. Sim, se as pessoas não resolvem seus problemas internos, se por algum motivo não querem mudar, mas valorizam muito sua união, a traição acaba sendo a mesma válvula de escape pela qual é possível “desabafar”, sem arriscar o relacionamento.

É um mau começo, claro. E, no entanto, é uma saída. É o que muita gente realmente pensa na parte mais profunda do seu ser, e é compreensível. Eu não sou padre, não tenho o direito de condenar ninguém e não quero fazê-lo. Mas vou dizer algo como analista: a traição (mesmo no caso de preservar a família) é terrível, porque viola a integridade interna de uma pessoa.

Não importa como se justifique, não importa o quanto seu marido ou esposa é ruim, a pessoa que trai pisa em um terreno extremamente instável. Vive uma vida dupla, que precisa esconder. É difícil até mesmo diariamente, pois há sempre o risco de “ser pega”: em uma conversa telefônica ou em uma mensagem de texto, um cheque, uma nota, uma marca de batom, etc. Em suma, é preciso estar atenta o tempo todo, esconder e inventar desculpas para o caso de algo de a traição ser descoberta.

Mas isso ainda não é o pior. A coisa mais terrível é que você não pode se esconder de si mesmo. O sentimento interno de cometer uma traição começa a destruir a alma e, mais cedo ou mais tarde, leva ao colapso. A depressão começa, o interesse pela vida diminui e até mesmo viver perde o sentido. E esta é a conclusão: a traição sempre custa caro. Tão caro que é muito mais barato, em todos os aspectos, resolver os problemas que o forçam a buscar consolo em outros lugares, do que seguir por esse caminho.

O que fazer se você for traído

E, finalmente, o que fazer se chegar a hora de enfrentar uma traição? Bem, encare: o pior aconteceu. Lhe traíram. Não é uma suspeita, não é uma dúvida, é um fato. Absoluto. Terrível. Desmascarado. O que fazer?

Para você entender, ao longo dos anos de prática de análise, ouvi mais de uma, mais de duas e mais de 10 vezes histórias de maridos e esposas enganados. E é algo muito difícil para eles, às vezes, insuportável! E, no entanto, algum tempo depois, a maioria se mostrou grata à outra pessoa por aquela lição. Isso acontecia quando a pessoa percebia a traição como uma razão para pensar sobre si mesma, reavaliar globalmente as suas atitudes e mudar. Tendo atravessado esse caminho, o casal se torna mais inteiro e sinceramente se alegra por ter passado pela terrível situação que o empurrou para a mudança. Este é o lado positivo e sempre existe.

Mas a pergunta continua sendo: perdoar ou não perdoar? Nestes casos, aconselho a todos uma coisa: avalie seriamente sua força. Pense se você nunca voltará a esse episódio, nem mesmo em seus pensamentos. Esqueça disso, apague-o da memória. Se isso for possível, se você está firmemente convencido de que essa experiência nunca vai voltar a acontecer, que não vai se impor entre você e seu parceiro, então tudo bem, o casamento pode ser salvo. Se não houver tal certeza, é melhor se divorciar. A vida em comum será impossível: os dois vão enlouquecer juntos!

Quando você NÃO deve salvar seu casamento

• Primeiro, não faça isso “por causa das crianças”. Nosso motivo favorito! Você não pode pensar em nada pior para seu filho ou filha do que fazê-lo viver em uma família assim. Mesmo se a mãe e o pai tentam mostrar amor entre eles com toda a suas forças, a criança vai perceber facilmente a verdadeira relação entre os dois e cair em uma verdadeira armadilha psicológica: os pais na verdade se odeiam, tudo está indo mal, é difícil, mas a família é isso. Preciso ainda explicar as dificuldades que uma criança irá enfrentar, quando chegar a hora de construir um relacionamento?
• Muitas vezes, o casamento é salvo por medo de ficar sozinho. Também não é uma boa opção. Se o relacionamento estiver morto, você estará sozinho de qualquer maneira. Mas a aparência de haver um casamento, impedirá o surgimento de uma nova união.
• Se a família é conservada por razões materiais, a situação é um pouco mais simples. Vamos admitir honestamente para nós mesmos: isso é um relacionamento baseado no amor, na intimidade ou simplesmente um acordo financeiro? Coloque todos os pontos nos “is” e pense sobre o que e quanto você está disposto a pagar. Em uma palavra, as emoções não estão envolvidas aqui, é um cálculo simples.
• Mas quando o casamento é mantido por um sentimento de compaixão entre o casal, há sentimentos envolvidos e eles são muito fortes. Um dos parceiros abandonou o relacionamento internamente, está pronto para construir sua vida de uma maneira diferente, mas não consegue se permitir isso, porque teme ofender e ferir seu cônjuge. Porque ninguém é culpado por nada! “Ele (ela) tem tentado, é bom, maravilhoso! Não, não conseguirá sem mim. Não sobreviverá com minha partida. E, em caso afirmativo, deve aguentar...”. Esta é uma posição honesta? Com toda a sua “beleza” exterior é terrível. E claro que não é honesto. Você acha que gostaria que seu marido ou esposa ficasse com você por pena? Aceitaria isso? E, se sim, como se sentiria? Dê ao seu parceiro o direito de ser ele mesmo, de viver a sua própria vida, de cruzar o caminho que ele precisa para o seu desenvolvimento interior. Não decida por ele, você simplesmente não tem o direito de fazê-lo.