Cientistas descobriram que ser filho único não torna a criança menos sociável

Psicologia
há 4 anos

Se você tem um filho em casa e já considerou a possibilidade de ter outro, certamente sabe que se trata de uma questão muito delicada e pessoal. Afinal, é preciso levar em consideração todas as dificuldades que surgem com a chegada de uma segunda criança. Mas, ao mesmo tempo, há a insegurança de que a educação do filho único seja afetada ou limitada justamente pela falta de companhia de um irmão. Se essas dúvidas são comuns em sua cabeça, saiba que um novo estudo pode mudar sua percepção sobre esse tema.

Incrível.club compartilha, neste post, informações encorajadoras sobre a criação de filhos únicos. Elas ajudarão a esclarecer suas dúvidas e a tomar qualquer tipo de decisão relativa a esse assunto com mais confiança.

Pressões sociais

Uma das muitas razões pelas quais um pai ou uma mãe começa a pensar se seria uma boa ideia ter outro bebê tem a ver com o fato de que muitas pessoas, especialmente as mais velhas, que já criaram os filhos, acabam chamando esses pais de egoístas, por não pensarem em “como seria bom para a criança ter um irmãozinho para brincar ou apenas como companhia”.

Mas isso realmente é egoísmo? Faz sentido pensar em ter um filho apenas para proporcionar ao irmão uma vida plena, sem se preocupar se é possível ou não atender todas as suas necessidades? Isso sem levar em consideração que os pais precisam de um tempo para si mesmos para recuperar a energia e descansar da tarefa exaustiva de criar um filho.

Essa ideia tem a ver com uma série de crenças e até mesmo análises de pesquisadores segundo as quais, se uma criança crescer sem irmãos, terá as habilidades de socialização prejudicadas. Entre esses estudos, há um realizado por Douglas Downey, renomado professor da Universidade de Ohio, nos EUA, especialista em sociologia, estratificação social, educação e família.

Essa pesquisa, feita em conjunto com a doutora em sociologia Donna Bobbitt-Zeher, analisou mais de 20 mil crianças na idade pré-escolar e concluiu que os professores classificavam as crianças sem irmãos de forma negativa nas áreas de habilidades interpessoais, autocontrole e comportamentos problemáticos.

Então é mais benéfico para uma criança ter irmãos?

Mas Downey e Donna identificaram um problema no estudo mencionado anteriormente e realizado por eles mesmos: a pesquisa se baseava em avaliações feitas por professores e que não podiam ser consideradas neutras. Por isso, os especialistas voltaram a campo para uma nova pesquisa, mudando o objeto de estudo.

Para esse novo trabalho, que analisou com 13 mil estudantes americanos do 7.º ao 12.º ano, eles pediram que os jovens indicassem até 5 meninas ou meninos que fossem seus amigos. Os alunos que não tinham irmãos foram citados cerca de 5 vezes, assim como os que tinham. A pesquisa utilizou uma métrica chamada “nomeação por pares” e contou com dados do Estudo Longitudinal Nacional de Saúde do Adolescente para obter resultados.

As crianças que não têm irmãos possuem tantas relações sociais quanto as que têm

Esse estudo, que surgiu como resposta ao anterior, mostrou que todos os resultados possíveis registrados na fase pré-escolar e relacionados a uma suposta dificuldade de socialização desaparecem com o desenvolvimento da criança e as relações sociais estabelecidas na escola. Isso significa que a interação com outras crianças na escola é suficiente para corrigir e aprimorar essas habilidades sociais, tornando-as equivalentes às de uma criança com irmãos. “Vejo os 2 estudos como uma progressão natural, que mostra o que acontece aos filhos únicos que não tiveram muita interação antes do jardim de infância”, disse Downey.

Assim, os resultados e as descobertas dessa pesquisa desafiam completamente o senso comum de que um irmão é um pequeno companheiro com quem as habilidades sociais são desenvolvidas. Segundo os pesquisadores, nos filhos únicos essas habilidades vão se desenvolvendo conforme avança a vida escolar. Uma lacuna que, se estiver presente, é completamente eliminada por volta dos 7 ou 8 anos de idade.

Bônus: os filhos únicos também são mais criativos

Sobre as diferenças entre as crianças que têm ou não irmãos, foi acrescentado outro estudo que relacionava o ambiente familiar com o desenvolvimento estrutural do cérebro. Essa pesquisa procurou esclarecer se a diferença nos comportamentos nos dois casos tinha algum tipo de base neuronal. Os resultados revelaram que os filhos únicos apresentaram pontuações mais altas em flexibilidade (uma área ou dimensão da criatividade), o que significa que tendem a ser mais criativos do que aqueles que têm irmãos.

O estudo foi realizado na China com 303 participantes, 126 filhos únicos e 177 com irmãos, todos adultos com alta escolaridade. Os pesquisadores avaliaram as diferenças de cognição e personalidade e as características anatômicas estruturais do volume de massa cinzenta, usando a morfometria baseada em voxel, uma técnica de análise de neuroimagem.

Agora, se você tem apenas um filho, pode tomar essas pesquisas como base para decidir se quer ou não um segundo. E, se já decidiu, conte para nós: por que optou por ter um ou mais filhos?

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