Segundo estudos, a inteligência humana está diminuindo

Psicologia
há 4 anos

O desenvolvimento da tecnologia ocorrido nas últimas décadas permitiu mudanças incríveis em nosso dia a dia. Atualmente, com a ajuda da Internet, podemos trabalhar de qualquer lugar do mundo (dependendo, evidentemente, do tipo de trabalho), temos a possibilidade de pedir comida com um clique em um aplicativo (e pagar online) e guardar todas as nossas lembranças na memória do celular.

Também por meio do smartphone temos acesso a toda a informação do mundo. Basta tirar o aparelhinho do bolso e dar um Google para saber, por exemplo, quem foi o campeão brasileiro de futebol de 1978 — se você fez isso, deve ter descoberto que foi o Guarani. Ou, ainda, digitar “receita de capuccino” para encontrar dezenas de sugestões para preparar a famosa bebida à base de café. De receitas à história do futebol, passando por política, economia e até beleza, vivemos uma era de acesso praticamente infinito à informação. Mas esses aparentes benefícios escondem um perigoso efeito colateral: a tecnologia (e alguns comportamentos característicos da vida moderna) pode estar nos tornando menos inteligentes.

A equipe do Incrível.club quer compartilhar com você um estudo que explica como e por que esse processo pode estar ocorrendo.

A inteligência humana tende a aumentar com o tempo

O termo Efeito Flynn tem sido usado para designar um aumento constante do Quociente de Inteligência (QI) na população. A designação foi batizada assim em homenagem ao psicólogo neozelandês James Flynn, que identificou que esse aumento da inteligência (medido pelos níveis de QI) ocorre de maneira mais ou menos uniforme em todo o mundo. Da mesma maneira, algumas pesquisas realizadas no Reino Unido mostraram que o QI médio da humanidade aumentou de dois a três pontos em um período de 70 anos, de 1938 a 2008. Esses estudos tomaram como base a avaliação de crianças que haviam estudado no mesmo colégio, em condições socioeconômicas similares, mas de gerações distintas, o que permitiu observar a elevação constante da inteligência.

Mas como a inteligência aumenta de geração para geração?

Não há, ainda, muita clareza em relação às causas desse aumento gradual da inteligência nos seres humanos ao longo do tempo (o já mencionado Efeito Flynn). Mas há algumas explicações possíveis apresentadas com base em análises do assunto. Uma das possíveis razões é a de que a melhoria das condições de vida da humanidade ao longo do último século permitiu um maior acesso a alimentos que, por sua vez, estimularam o desenvolvimento da inteligência. Em outras palavras, pessoas bem alimentadas abastecem melhor seus cérebros. Pense, por exemplo, nas gerações que viveram na Europa na época da Segunda Guerra, período em que houve racionamento de alimentos, e nos filhos e netos delas, que encontraram um mundo muito mais rico do ponto de vista da oferta de alimentos de boa qualidade.

Outra explicação para o Efeito Flynn tem a ver também com a melhoria das condições socioeconômicas das famílias ao longo do último século. Essa evolução, que permitiu não só a facilidade de alimentos, mas também condições mais favoráveis de acesso à escola, levou a uma redução dos índices de natalidade — no Brasil, o número médio de filhos por mulher caiu de 6,07 em 1960 para 1,73 em 2016. Todos esses fatores, segundo os cientistas, estariam relacionados com o aumento da inteligência, que atingiu seu ápice em 2001.

Mas nossa inteligência deixou de aumentar

Na Noruega, observou-se, a partir da aplicação de provas de Matemática, Línguas e de alguns testes de habilidade ao longo dos anos, que os níveis de QI atingiram um determinado patamar a partir do qual se estabilizaram, sugerindo, assim, um provável desaparecimento do Efeito Flynn no final dos anos 1990. A constatação pode, no entanto, levar a uma conclusão mais séria: a de que os níveis de inteligência da humanidade sequer se estabilizaram, mas passaram a diminuir. Isso ficou claro a partir de 2002, quando começaram a ser registradas reduções dos índices de QI, sugerindo justamente que a humanidade está, aos poucos, se tornando menos inteligente.

E por que nos tornamos menos inteligentes?

Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelou que tanto o aumento da inteligência que ocorreu nos anos anteriores quanto sua atual redução têm origem no ambiente em que os indivíduos se desenvolvem. Fatores como o padrão educacional fornecido às crianças, o tipo de cultura que consumimos e os interesse de uma determinada sociedade são bastante relevantes no processo de formação intelectual.

Outra questão é a de que, se há alguns anos tínhamos um aceso limitado às telas por onde chegava a informação, hoje em dia elas estão presentes o tempo todo em nossos bolsos, na forma dos onipresentes celulares que são parte importante de nossas vidas.

Hábitos que diminuem a inteligência

Um dos hábitos que limitam nossa inteligência (e que mencionamos no início deste post) é justamente o uso sem limite dos celulares. A informação está ao alcance de um botão, na forma de uma espécie de memória externa, que acaba funcionando como uma muleta para o nosso cérebro.

Assim, mesmo os problemas mais simples não exigem mais o menor esforço mental, como ocorria há alguns anos — até mesmo as contas podem ser feitas com a calculadora do telefone, acabando com o “desafio” de fazer pequenos cálculos de cabeça para saber o valor do troco do supermercado ou da padaria, por exemplo. A informação vem com tanta facilidade que acabou com as exigências ao nosso cérebro, explicam especialistas da Universidade de Waterloo, no Canadá. O consumo exagerado de açúcar, de gorduras saturadas, a falta do hábito da leitura e a vida sedentária também contribuem decisivamente para esse processo.

Para mudar esse jogo e garantir o desenvolvimento de nossa inteligência, os especialistas recomendam passar mais tempo longe dos celulares, manter uma vida social no mundo real (e menos conectada às mídias sociais), desenvolver o hábito da leitura de livros, praticar atividade física e realizar atividades manuais, como artesanato, costura e pequenas reformas.

Que outros fatores poderiam, em sua opinião, estar contribuindo para uma redução dos níveis de inteligência da humanidade? Você acredita que esse quadro pode ser revertido? Compartilhe sua opinião na seção de comentários!

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