Por que às vezes o tempo demora para passar e às vezes passa voando

Psicologia
há 4 anos

A percepção do tempo é um assunto que interessa aos cientistas desde o século passado. Uma questão que os intriga (e que, de resto, intriga quase todo mundo) é por que às vezes o tempo parece passar rápido demais e, em outras situações, parece demorar. Períodos de angústia, por exemplo, geralmente parecem eternos enquanto dias de diversão são como o vento passando entre os dedos.

O Incrível.club quer contar por que percebemos o tempo de uma maneira diferente dependendo de nossas emoções.

Todos temos um “relógio” no cérebro

Há um relógio biológico em nosso cérebro que define nossa percepção do tempo. Para poder comprovar a existência desse mecanismo, o professor de Psicologia e Neurociência Warren H. Meck conduziu uma pesquisa na Universidade de Duke, nos EUA, em que descobriu que esse “relógio” não é uma estrutura ou uma área do cérebro responsável pelo processamento do tempo, mas sim uma rede neural que é estimulada dependendo de nossas emoções, alterando nossa percepção temporal.

O campo, a cidade e a nossa ideia de tempo

No âmbito de outro estudo, realizado pela Universidade de Carleton, no Canadá, foram comparadas as percepções de passeios a pé em áreas urbanas e outros, em locais com mais contato com a natureza. Os participantes foram convidados a relatar quanto tempo pensavam ter decorrido e as respostas foram comparadas com o tempo real, medido por um cronômetro.

A percepção do tempo foi bastante próxima nos dois casos. Mas as pessoas que fizeram caminhada no campo ou em florestas sentiram que o tempo passou mais lentamente, experimentando mais tranquilidade do que as que caminharam pela cidade.

Nossa busca por recompensas

Em 2014, a Universidade do Alabama, nos EUA, realizou outra pesquisa, para descobrir a relação entre os estímulos e a nossa noção de tempo. Como resultado, observou-se que a promessa de uma recompensa tende a “fazer o tempo passar mais devagar”.

Um exemplo disso pode ser quando chegamos a um restaurante famintos e o tempo de espera pelo prato parece não ter fim ou quando esperamos dois minutos que parecem eternos para aquecer o alimento no micro-ondas. Mas se, ao contrário, estamos buscando ativamente nosso objetivo, em vez de esperar, sentiremos que o tempo passou mais rápido. Voltando ao caso do micro-ondas e do restaurante, preparar nosso próprio prato faz o tempo passar mais rápido do que se pedirmos comida em um estabelecimento.

Diversão e felicidade

Quando estamos felizes, nosso cérebro dificilmente tem tempo para se preocupar com os problemas, de maneira geral. Por isso, o tempo tende a passar mais rápido. Nesse sentido, um estudo da Universidade de Milão-Bicocca, na Itália, avaliou a relação entre o nosso senso de felicidade e como sentimos a passagem do tempo.

Os pesquisadores Viviana Di GiovinazzoMarco Novarese, concluíram que nossa atenção aos problemas se reduz consideravelmente quando estamos tranquilos e felizes. Isso faz com que, como já mencionamos, nosso pensamento não se concentre em uma situação, diminuindo sua velocidade, o que nos faz perceber como se o tempo passasse mais rapidamente.

Emoção e medo

estresse é uma reação do nosso corpo a situações que nos causam emoções relacionadas à incerteza. Em 2012, a Universidade de Stanford, nos EUA, realizou um experimento em que diferentes imagens de pessoas foram mostradas por um tempo determinado aos participantes.

As pessoas que foram expostas a fotos que sugeriam cenas fortes e assustadoras entraram em estado de alerta, apresentando emoções como o medo de enfrentar algo desconhecido, o que, por sua vez, “aumentou a velocidade” de seus pensamentos. Portanto, aqueles que sentiram medo tiveram a percepção de que o tempo passou mais devagar.

A depressão e a noção da passagem do tempo

Problemas emocionais, como a depressão, também afetam a nossa noção de tempo. Na França, pesquisadores da Universidade Blaise-Pascual realizaram um estudo que comprovou que as pessoas que sofrem de algum problema de saúde mental e emocional percebem o tempo como se ele quase não passasse e essa sensação aumentou conforme o desenvolvimento desses transtornos.

Em que momentos você sente que o tempo simplesmente não passa? E em quais ele parece passar rápido demais? Relate suas percepções na seção de comentários.

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