Por que as mulheres se cansaram da moda e não estão mais dispostas a fazer sacrifícios pela beleza

Mulher
há 1 ano

Vamos imaginar a seguinte situação: um dia, todas as mulheres acordam, vão até o espelho e ficam completamente satisfeitas com seus reflexos. Se isso realmente acontecesse, talvez tivéssemos uma bela de uma crise econômica mundial. As empresas desenvolvem seus negócios pensando nos eternos complexos que as pessoas têm em relação à imagem porque hoje em dia a beleza é uma mercadoria que se compra e se vende.

Hoje, o Incrível.club te convida a fazer uma pequena reflexão sobre a beleza e sobre aonde a busca de uma imagem perfeita está nos levando.

Hoje em dia quase toda mulher gasta muito tempo com as sobrancelhas. Linhas perfeitas e simétricas muitas vezes demandam tempo e dinheiro. É difícil de imaginar que no passado as damas arrancavam as sobrancelhas. A imagem da Mona Lisa nos faz lembrar desse tempo quase ’selvagem’.

É realmente incrível como as armadilhas da moda fizeram das mulheres verdadeiras escravas das normas culturais. Houve tempos em que garotas lindas eram as anoréxicas ou tinham uma pele tão branca que pareciam doentes. Até que o mundo se cansou das mulheres magras e veio o Renascimento, época em que as gordinhas passaram a estar na moda. E essas normas aparecem e desaparecem em um ciclo que vem de longa data.

As mulheres sempre se sacrificaram por ideias impostas prejudicando, inclusive, a própria saúde. Por exemplo, na China, o pé pequeno é considerado perfeito e, para eles, são feitos até poemas. Para isso, durante muito tempo as mulheres apertaram os dedos. Essa ideia era um símbolo da aristocracia e aumentava as possibilidades de que tivessem um bom casamento. Contudo, essa prática escondia dores e uma triste verdade: os pés ficavam deformados dentro dos sapatos, longe da perfeição que a ideia parecia defender.

Hoje em dia, pouca coisa mudou. As modelos muito magras parecem lindas porque se escondem atrás de muita maquiagem e de retoques do Photoshop. Atrás dessa máscara artificial se escondem os efeitos das eternas dietas, como a pele seca, a palidez e a perda de cabelo. Portanto, garotas com uma aparência normal fazem sacrifícios para alcançar padrões estabelecidos. Elas colocam sapatos com salto alto, seguem rígidas dietas, usam roupas justas e incômodas e fazem tudo isso com um sorriso triste no rosto.

Mas, se antes a beleza exigia verdadeiros sacrifícios, hoje ela demanda dinheiro. Os cirurgiões plásticos podem fazer maravilhas e criar ’esculturas’ perfeitas. Esse investimento parece valer a pena: as mulheres perfeitas têm blogs nos quais promovem dietas únicas e truques de beleza que lhes dão muito dinheiro porque outras mulheres que sonham com a mesma aparência acabam comprando. Mas o que elas não sabem é que atrás de uma pele lisa e de uma cintura perfeita há muitos procedimentos caros.

“Instagram vs. realidade”

Com a chegada do Instagram, tudo ficou ainda mais fácil. Com poucos movimentos dos dedos é possível deixar uma pele mais brilhante, diminuir a cintura e alongar as pernas. Com a ajuda de ângulos milagrosos e do Photoshop, as pessoas criam as mesmas fotos com as mesmas expressões faciais em que aparecem com lábios grossos, nariz pequeno e, quase sempre, as mesmas descrições e até as mesmas hashtags.

As redes sociais criaram uma nova subcultura que pode ser chamada de ’instagrammers’. São pessoas que copiam dos outros até mesmo a forma de pensar. Na Internet, é possível encontrar seleções de fotos super parecidas (seguindo o mesmo padrão) com descrições um pouco depreciativas do tipo “a única diferença entre elas é a impressão digital”. Para ser diferente é necessário bom gosto, inteligência e alguma ideia de beleza. Contudo, as pessoas optam pelo caminho mais fácil e decidem seguir os padrões de beleza que já estão consolidados e que geram milhões de curtidas todos os dias.

Em princípio, a imagem de uma boneca parece atrativa, mas pouco a pouco fica sem graça e barata, como uma comida do tipo fast food. O pequeno pé de uma chinesa era um fenômeno raro, disponível apenas para homens nobres e ricos. Hoje, uma maquiagem normal e o Photoshop estão à disposição de todos, não são algo exclusivo.

Podemos adorar comer caviar e fazer isso de vez em quando. De repente, descobrimos que ele está em oferta em um supermercado perto de casa; compramos e comemos tudo de uma vez. Pouco a pouco, com mais gente comprando, o desconto aumenta e como resultado o caviar passa a ser vendido em todo supermercado a preço de banana — em uma lógica bem parecida com a do ganho de escala, um conceito conhecido na indústria e no comércio. Só que, então, todos parariam de comprar porque ficariam saturados, assim como muitas pessoas não aguentam mais ver abdomens tanquinho e bocas cheias de botox.

As mulheres não aguentam mais os ideais inalcançáveis, os cosméticos caros e as cirurgias perigosas. As pessoas querem ver imagens autênticas, reais e vivas.

A sociedade parece estar cansada de tanta enganação e passou a protestar, o que gerou movimentos como o body positive. Garotas passaram a defender o direito de serem quem são, por dentro e por fora.

Muitas estrelas passaram a apoiar a nova tendência com entusiasmo. As atrizes Julia RobertsLena Headey não veem problema em aparecer em público ou em compartilhar imagens sem maquiagem, incentivando outras mulheres a se orgulharem da sua aparência. Megan Markle, no dia do seu casamento com o príncipe Harry, apareceu com um simples penteado e muito pouca maquiagem. Depois do nascimento do seu filho, a princesa surgiu diante dos fotógrafos sem esconder a sua barriga grande do pós-parto.

Por outro lado, o movimento body positive às vezes vai a um extremo preocupante. Criado para expandir o conceito de beleza começou a desvalorizar alguns aspectos.

Algumas pessoas começaram a fazer propagandas muito agressivas, recusando não apenas os produtos cosméticos e os exercícios, mas também aspectos relacionados com a higiene pessoal, algo que não deveria ser criticado. Se uma mulher quer se depilar ou quer usar desodorante, não precisa necessariamente ser chamada de escrava dos padrões patriarcais. Ela também tem o direito de ser quem quer ser, e isso não precisa ser chamado de fraqueza.

É uma pena que esse movimento, que inicialmente defendia as pessoas, tenha se transformado em mais uma maneira de agressão.

Contudo, apesar dos enfrentamentos entre as representantes do body positive e das instagrammers, vivemos em uma época de mudanças surpreendentes em que a beleza natural tenta se desvencilhar de todo tipo de estereótipos. A moda fica mais honesta e as principais tendências são a comodidade e o conforto. As maiores empresas dos Estados Unidos dizem que a demanda de sutiã push-up diminuiu 50%, enquanto a demanda por modelos sem aro aumentou (na China, houve um aumento de 70% entre as jovens). Nas capas de revista não vemos apenas mulheres com corpos esculturais, mas também garotas normais, como todas nós, que não têm medo de esconder quem elas são.

“Linda, não é mesmo?”

O fim da juventude é outro medo que pouco a pouco está desaparecendo. Por exemplo, Lyn Slater, uma professora de sociologia de Nova York, começou a trabalhar como modelo aos 63 anos, o que mostra que é possível envelhecer de maneira bela e elegante sem problemas.

É importante pararmos de exigir que as pessoas pensem todas da mesma forma. Todos os gostos e todos os pontos de vista devem ser respeitados. Talvez tenha chegado o momento de as mulheres pararem de cair nas armadilhas da moda e das vontades que são impostas e passarem a olhar com toda honestidade para o que realmente querem. Nesse sentido, todas poderão apreciar a própria individualidade, sem olhar para o lado e sem pensar que as sobrancelhas valem tanto tempo, esforço e dinheiro.

Qual sua opinião sobre esse tema? Gosta de seguir as tendências da moda ou prefere criar as suas próprias tendências? Compartilhe as suas ideias nos comentários.

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