“Olhava para o vazio e ele olhava para mim”: uma história sincera sobre a exaustão que ameaça a todos nós

há 4 anos

Olá a todos! Meu nome é Marfa, trabalho (trabalhava) em uma loja de móveis e um dia comecei a perder a cabeça.

Há 7 anos eu tenho o meu próprio negócio. Trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana. Durante os últimos 6 meses venho lutando sem sucesso contra a insônia e vejo meu marido apenas durante as noites. Nos últimos 6 meses, todos os meus dias são iguais ao dia anterior: a mesma monotonia, a mesma ausência de emoções. Acordar — banho — café — táxi — trabalho — loja — casa — jantar — acordar — banho — café — táxi — trabalho...

Tudo começou com a insônia. Ela se materializou no canto do meu quarto, sem pedir licença, como o Gato de Cheshire. Um pouco mais tarde, durante a noite, sua amiga, a inquietação, uniu-se a nós.

Pouco tempo depois, a ansiedade passou da vida noturna para a diurna, me absorvendo. Eu me preocupava sem motivo aparente. Às vezes, as minhas mãos começavam a tremer e eu tive pressão alta. As dificuldades cotidianas no trabalho, que eu sempre enfrentei, agora me pareciam uma carga insuportável e me causavam histeria.

Lágrimas... Elas também entraram na minha lista. Eu, que costumava ser uma mulher enérgica e com muita força de vontade, soluçava vendo desenhos animados e até mesmo durante os comerciais. Sentia vergonha por isso. Ia ao banheiro para que o meu marido não visse que eu estava ficando louca.

Os irmãos Cansaço e Sono entraram na minha vida. Um fechava os meus olhos com teimosia e o outro mantinha os meus pés e as minhas mãos acorrentados. Qualquer movimento me custava muito. As conversas também me cansavam.

Tirei férias por uma semana. Durante o dia eu simplesmente ficava deitada ou dormia; durante a noite, outros convidados vinham me ver: os ataques de pânico. A situação piorou. Voltei a trabalhar. Os funcionários começaram a suspeitar de algo. Todos os dias, as dores de cabeça me atormentavam.

Percebi que já não sentia prazer ao fazer sexo, comer, beber uísque, fazer compras ou ir ao cinema. Larguei a academia.

Chegou o desespero. “O que acontece? Depressão? Idade? Uma doença? Você tem um marido, tem um trabalho, um apartamento, um carro e um gato. Muita gente não tem isso. Por que você não é feliz? Por que essa apatia, sua preguiçosa? Se controla!”, eu dizia a mim mesma. “E se tudo continuar assim?”, perguntava-me com desespero e não obtia resposta.

Meu estado de ânimo ficou completamente instável. Meus ataques de ira incomodavam a mim e aos meus colegas e atormentavam o meu marido

Junto com a hipocondria, as coisas no trabalho foram piorando. Fechei duas das 3 lojas. Sem remorso, lágrimas ou tristeza. Eu não me importava com nada. Eu olhava para o vazio e ele me olhava de volta.

Eu me surpreendi pensando em suicídio. Comecei a procurar um psicoterapeuta. Encontrei um. Escondida do meu marido, fui a uma consulta. Fui diagnosticada com depressão e ele me receitou antidepressivos.

Um mês de estabilidade. E mais frustração. Tudo começou no canto escuro do meu quarto, onde novamente apareceu a silhueta familiar do Gato de Cheshire. Olá, insônia, pode entrar...

Voltei ao meu inferno pessoal.

Um dia, meu marido chegou cedo em casa e me encontrou com um vestido que eu uso para trabalhar na cozinha. Eu estava tomando café e lendo as notícias. Ele começou a me fazer perguntas de longe:

— O que você comeu?

— Não me lembro. Acho que peru com trigo sarraceno.

— Comemos peru com trigo sarraceno há duas semanas. Em casa, temos sopa, purê de batata e almôndegas, mas eu tenho a sensação de que só eu como. O café e o leite, por outro lado, acabam muito rapidamente. Você come no trabalho?

— Sim, claro que eu como no trabalho.

— Certo, come no trabalho... E a sua maquiagem, está na sua bolsa?

— Deve estar lá sim...

— Está na gaveta. Há 3 ou 4 meses. Você não passa maquiagem há muito tempo.

— Que atento! Por isso que eu não te traio (após a piada, tentei sorrir).

— Dificilmente você conseguiria. Você está suja, com a roupa amassada. Olhe para o seu vestido! Há uma mancha nele, mas isso não a impediu de vesti-lo para trabalhar. Agora, você chega do trabalho e nem troca de roupa. Você senta e toma café. Não come nada, fica calada, desorientada. Onde está a minha esposa? Onde você a escondeu? A minha esposa é linda, alegre, barulhenta, elegante. Você usava salto alto, vestidos, fazia sempre novos penteados, fazia as unhas, tinha um sorriso alegre. Durante 12 anos você foi assim. O que aconteceu?

E eu, incapaz de suportar a pressão, contei tudo. Minha pior revelação. O reconhecimento da minha fraqueza. A minha derrota. Nem mesmo o meu médico me ajudou a sair deste pântano. Finalmente, eu me permiti chorar descontroladamente na frente do meu marido. Propus o divórcio. A mulher que ele amava provavelmente estava morta. Qual era o sentido em nos torturarmos mutuamente?

Ele me escutou atentamente. Olhou-me de perto, com seus profundos olhos acinzentados. Eu o amo muito. Sempre quis que nossos filhos tivessem os olhos dele. E ele me abraçou com força. Começou a beijar o meu rosto encharcado em lágrimas e meu inchado nariz vermelho...

Conversamos até tarde. Ele me perguntou:

— O que você gostaria de fazer se tivesse muito tempo livre?

— Quero fazer outra faculdade. Quero melhorar o meu inglês. Quero viajar para o Canadá. Quero mudar de cidade ou de país. Quero tirar a carteira de motorista. Quero ter filhos.

— E o que impede você de fazer tudo isso?

— A minha empresa... Ai, Deus... Espera... Entendi! Odeio esse negócio há tanto tempo! Não quero mais fazer isso! Essa rotina sem fim. Esses móveis. Esses clientes. Esses impostos. Esses fornecedores. Essa enorme responsabilidade. Estou tão cansada disso tudo. Meu trabalho não me motiva mais. Tenho muita dificuldade para sair de casa. Se eu tivesse gasolina e um fósforo, tacaria fogo em tudo e dançaria ao redor, sorrindo! Tinha medo de admitir isso para mim. Portanto, inconscientemente, eu fazia todo o possível para que a empresa fechasse as portas sozinha. Sofri durante meio ano sem perceber que meu trabalho simplesmente estava me matando.

Na manhã seguinte, decidi fechar a empresa. Passei a me sentir viva de novo. Estamos em uma nova cidade há 2 anos e estou procurando uma nova inspiração.

Para mim, a crise acabou. Agora, estou atrás de novas aventuras.

Você já precisou enfrentar o dilema entre seguir com uma vida economicamente estável e a tristeza profunda e uma vida com menos recursos e o seu bem-estar emocional? Conte para o Incrível.club como você enfrentaria uma situação como essa.

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