A história da engenheira responsável pela volta dos astronautas do Programa Apollo

Mulher
há 4 anos

Quando se fala do programa Apollo 11, as pessoas sempre pensam nos homens capazes de viajar à Lua pela primeira vez. Contudo, atrás desta enorme façanha estava Frances Northcutt, uma jovem que trabalhava dia e noite calculando a trajetória dos astronautas para que pudessem voltar para a Terra. Ela se transformou na primeira mulher a trabalhar como engenheira matemática no centro de controle para missões Apollo e seu trabalho continua sendo muito importante mesmo após 50 anos.

Hoje, o Incrível.club traz mais detalhes sobre a história de uma mulher que marcou história na NASA e como seus cálculos foram fundamentais para que os primeiros astronautas pudessem voltar para casa em segurança.

O trabalho de Frances foi fundamental para as missões Apollo

Programa Apollo, da NASA, precisou de uma enorme equipe para levar o homem à Lua. Dizem que 400 mil pessoas, entre engenheiros, programadores, cientistas e técnicos, colaboraram nas diferentes missões espaciais. Entre eles estava Frances “Poppy” Northcutt, na época com 25 anos. Ela era responsável por realizar os cálculos para determinar a trajetória das naves em geral para voltar para a Terra. Seu trabalho mais memorável foi, sem dúvida, o que ajudou a trazer os astronautas da Apollo 11, que foram à Lua em 16 de julho de 1969, de volta à Terra sem problemas.

Os desafios para lidar com o preconceito

Frances era muito boa em Matemática, mas precisou lidar com muito preconceito porque estava em um trabalho onde quase só havia homens. Na década de 60, os desafios para as mulheres existiam em todas as áreas.

“Tanto homens como mulheres podiam entrar na universidade ou trabalhar, mas o destino lógico para uma mulher era o casamento e filhos. Uma vez casada, a mulher se dedicava inteiramente ao lar”, explica a socióloga da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade do Chile Silvia Lamadrid, sobre a construção sociocultural de gênero durante a década de 1960.

A carreira na Matemática permitiu melhores oportunidades

A engenheira, nascida em Manny, Luisiana, em 1943, cresceu no Texas onde estudou Matemática. Ela começou a carreira como Informática e, depois, entrou para a equipe técnica do Programa Apollo. Frances trabalhava na corporação aeroespacial americana TRW Systems, uma empresa parceira da NASA no programa espacial.

Um cálculo capaz de determinar a trajetória de reentrada das naves na Terra

Frances lembra como foi difícil chegar onde chegou. Não havia descanso e mesmo nas horas livres ela tinha de trabalhar. Entre as suas funções estavam o cálculo dos ângulos de propulsão das naves espaciais e outros, destinados a determinar se os astronautas percorreriam a trajetória correta de volta para a Terra. “Se a nave estivesse fora desse ’corredor’, ela podia simplesmente queimar e ser destruída”, destacou em entrevista à rede britânica BBC.

Um momento complicado com a Apollo 8

Tripulação em órbita lunar, Apollo 8

Apesar da pressão por ser a única mulher no centro de controle da missão, Frances não se deixou abalar. Ela sabia que era capaz, como qualquer outro engenheiro do programa. Durante a missão Apollo 8, quando os astronautas se preparavam para sair da órbita da Lua (foi a primeira missão a circundar a órbita lunar), eles ficaram sem comunicação. Nesse momento, todos na sala de controle ficaram desesperados e começaram a pensar no pior. Após alguns segundos, tudo voltou ao normal.

A responsabilidade de Frances era enorme. Dela dependiam as decisões sobre a volta dos tripulantes para a Terra. Ainda bem que não foi preciso adotar um plano B. “É difícil controlar uma situação assim. Alguns membros da equipe chegaram a pensar que o foguete havia se chocado contra a Lua”, explica a engenheira, no documentário MAKERS: Women in Space.

A Apollo 8 foi a primeira missão tripulada e Frances, junto com outros cientistas, programou os computadores para avaliar se era possível, efetivamente, pousar em solo lunar, algo que aconteceu em 1969, com a Apollo 11.

O agradecimento de um país por prevenir um final terrível

Em 1970, a jovem ainda trabalhava na NASA. Ela contribuiu com a missão Apollo 13, que precisou abortar a aterrissagem na Lua por causa de uma explosão no tanque de oxigênio. Nesse momento, Frances estava viajando, mas imediatamente voltou para ajudar e começou a planificar a trajetória de volta para a Terra.

Graças a isso, ela e o restante da equipe receberam a Medalha Presidencial da Liberdade, um dos maiores reconhecimentos dados pelos presidentes dos Estados Unidos a pessoas que contribuem com a segurança do país, a paz no mundo e outras conquistas.

Sua nova missão: a causa feminista e os direitos humanos

Após as missões do Programa Apollo, Frances estudou direito para entender melhor como aconteciam as discriminações com as mulheres em outras atividades. Ela foi motivada pela onda feminista do começo dos anos 70 nos Estados Unidos. Antes de concluir os estudos, foi escolhida a primeira ’Defensora das mulheres’ na cidade de Houston, Texas. Após se formar, trabalhou como fiscal e passou a abordar também situações de violência doméstica.

Hoje em dia, participa de eventos e palestras sobre o Programa Apollo e ainda trabalha ativamente na defesa dos direitos das mulheres e de pessoas transgênero.

Você sabia que o Programa Apollo teve uma mulher como essa em suas missões? Compartilhe nos comentários a sua opinião sobre a história de Frances.

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