Pai e filha produzem material capaz de conter derramamentos de petróleo

Gente
há 5 anos

Javier e Magdalena Gallardo (pai e filha) vivem em Los Lagos, Chile, e juntos criaram o Absormoss, produto absorvente para tratar derramamentos de hidrocarbonetos que poluem praias, rios e solos. O produto é 100% ecológico, sustentável e natural, pois é fabricado a partir do musgo sphagnum magellanicum, planta aquática que cresce no sul do país.

O Incrível.club ficou bem interessado pela história. Por isso, resolveu mostrar como nasceu a ideia de usar musgo para promover o cuidado com o meio ambiente.

Família unida para realizar sonhos

Em Fundo Huapache, na região de Los Lagos, Chile, Javier e a filha, Magdalena, trabalham para melhorar as técnicas de seu projeto: o Absormoss, um absorvente de hidrocarbonetos e óleos na água e na terra, produzido a partir do já mencionado musgo Sphagnum magellanicum, que cresce em áreas úmidas do Chile, da Argentina e do Peru. A iniciativa ganhou destaque no Chile. Por isso, pai e filha estão sempre aparecendo na mídia e participando de programas de inovação nas universidades.

Mais de 10 anos para que a ideia seguisse em frente

A família Gallardo ouviu falar pela primeira vez do musgo em 1997. Depois disso, foram necessários mais 11 anos até que a esposa de Javier descobrisse uma das várias propriedades do Sphagnum magellanicum ao criar um jardim vertical a partir da planta. Tempos depois, eles passaram a usar o mesmo musgo para tratar águas afetadas por derramamentos de petróleo. O sistema também pode ser adotado em aeroportos, postos de gasolina, portos, estações petrolíferas e refinarias de petróleo — locais que, de alguma forma, estão sujeitos a riscos de vazamentos e acidentes ecológicos envolvendo petróleo.

Oportunidades que surgem com os problemas

Milhares e até mesmo milhões de toneladas de petróleo já foram derramados nos oceanos, resultado de acidentes com navios ou plataformas de extração do chamado “ouro negro”. Eles provocaram graves danos ao meio ambiente, perda de vidas e prejuízos ao ecossistema. Existem, até hoje, mais de 300 registros de desastres desde 1948.

Produção inicial

O processo começa com a colheita do musgo e sua secagem dentro de uma estufa, sobre tecidos. O resultado disso é a matéria-prima usada para a produção do Absormoss.

Consegue absorver vários litros de óleo

Depois, o material é levado para um processo de separação dos pedaços pequenos e grandes — com uma espécie de peneira. Em seguida, é feita uma limpeza manual e o material obtido é introduzido em uma secadora a 200 graus. Resultado final: uma peça de musgo hidrofóbico que não interage com a água e é capaz de absorver até 12 litros de hidrocarbonetos pesados, evitando sua propagação.

A exploração do recurso poderia acarretar graves problemas

Os responsáveis pelo Absormoss explicam que, no Chile, são produzidas 4.200 toneladas de musgo seco por ano, e que as áreas úmidas que constituem o hábitat da planta começam a ser afetadas e destruídas pela exploração do recurso. Eles explicam, ainda, que se trata da única empresa chilena com planos de manejo voluntário em colaboração com o Ministério da Agricultura e com várias universidades do país. A ideia é elaborar uma política de desenvolvimento sustentável e de proteção dos pântanos. “Esses pântanos podem ajudar a criar beleza e paisagismo. Também podem ajudar a remediar os estragos resultantes de desastres provocados pelo homem. Além disso, um pântano retém carbono, produz oxigênio e purifica a água”, afirmou Javier.

Primeiro passo para a comercialização local e internacional

O Absormoss deve competir com marcas reconhecidas mundialmente. Esse desafio, embora pareça intimidador, serve como estímulo para que os responsáveis continuem batalhando por seus sonhos. Por isso, eles participaram em 2017 do projeto “A grande rota” para acelerar seu modelo de negócios, o que resultou na venda de musgo para uma grande empresa de tratamento sanitário em Valparaíso, Chile. Isso permitiu a instalação de uma unidade industrial para fabricar o produto e levou ao início dos planos de internacionalização.

Abastecimento para tratar graves derramamentos

O futuro está mais perto do que parece, e Javier estima que sua produção permitiria lidar, por exemplo, com casos como o do derramamento no Golfo do México, já que não há problema de abastecimento. Sem falar na aposta na sustentabilidade. “Isso significa que a fábrica trabalha com energia renovável não convencional ou mista: fotovoltaica ou eólica, pois estamos em uma região de muitos ventos”, explica Javier.

Empreender sem prejudicar a natureza

Sua dica como empreendedor é a seguinte: “Inventem o que quiserem, sejam muito cuidadosos para não tirar da natureza mais do que ela pode dar, para que as futuras gerações também possam aproveitar”.

O que achou desse produto? Conhece outras maneiras de proteger os mares de acidentes com petróleo? Comente!

Imagem de capa Harry Manss / Medium

Comentários

Receber notificações

Artigos relacionados