Estudantes canadenses criam equipamento para retirar microplásticos das praias (uma atitude que merece todo o nosso reconhecimento)

Histórias
há 4 anos

Muitas vezes, tendemos a associar a ideia de inovação com o trabalho de cientistas em enormes laboratórios ou em departamentos de pesquisa de grandes empresas. Essa ideia até faz sentido, mas muitas vezes esconde o fato de que diversas ideias inovadoras surgiram e surgem a partir de pessoas comuns, geralmente jovens, interessadas em fazer algo do dia a dia de forma mais eficiente ou em tornar o mundo um lugar melhor.

Um exemplo de jovens que usaram a criatividade a serviço da inovação é o de um grupo de estudantes canadenses que criou o Hoola One, um aspirador de microplásticos que permite separar esse tipo de material altamente poluente das areias de qualquer praia. Tudo começou em Kamilo Beach, no paradisíaco arquipélago do Havaí. Foi justamente nesse local que o equipamento foi testado (e aprovado) pela primeira vez. Ali, os estudantes puderam mostrar a extraordinária capacidade do Hoola One de extrair esses indesejáveis resíduos.

A equipe do Incrível.club, consciente dos enormes danos ambientais causados pela contaminação dos oceanos por partículas plásticas, decidiu mostrar como funciona esse incrível aparelho. Confira!

A triste história de Kamilo Beach

Parte da costa sudeste do Havaí encontra-se voltada para a tristemente famosa Grande Mancha de Lixo do Pacífico (ou Grande Porção de Lixo do Pacífico), uma enorme ilha de resíduos de todo tipo existente naquele oceano — estima-se que esse lixão flutuante tenha entre 700 mil quilômetros quadrados (o que seria maior que o Estado de Minas Gerais) e 15 milhões de quilômetros quadrados — o tamanho da Rússia. A maior parte do lixo é composta por micropartículas de plástico. Como a mancha se desloca ao sabor dos ventos e das correntes marítimas, muitas vezes o material vai parar em praias, como Kamilo Beach.

Além das pequenas partículas de plásticos, há outros materiais, como escovas de dentes, bitucas de cigarro, isqueiros e uma série de pequenos objetos que foram parar no mar. “É como uma privada gigantesca e sem descarga”, afirma Charles Moore, fundador da ONG californiana Algalita Research Foundation, que há anos vem pesquisando o assunto.

Os primeiros resultados de um esforço conjunto

Diante do enorme desafio de acabar com a Grande Mancha de Lixo (ou, pelo menos, minimizar seus efeitos), um grupo de 12 estudantes de engenharia mecânica da Universidade de Sherbrooke, no Canadá, colocou a mão na massa para criar um sistema capaz de retirar, da areia, as micropartículas de plástico. Os futuros engenheiros tinham consciência de que, o quanto antes o aparelho começasse a funcionar, melhor, já que, com o tempo e o contato com a água, as partículas vão se tornando cada vez menores e mais difíceis de ser retiradas. Além disso, o plástico sempre representa um perigo para a fauna marinha, já que muitos animais ingerem essas partículas (mesmo as grandes) e acabam morrendo asfixiadas ou intoxicadas.

Os jovens logo estabeleceram uma parceria com a ONG local Wild Hawaii, que vem atuando há um bom tempo na limpeza das praias do famoso arquipélago. A organização ajudou os canadenses a arrecadar um total de 16 mil dólares (cerca de 60 mil reais), necessários para desenvolver a primeira versão do Hoola One e enviá-la a uma praia havaiana para ser testada.

Como deter o problema

O dispositivo desenvolvido pelos estudantes funciona de maneira relativamente simples: um aspirador superpoderoso suga a areia e a deposita (ainda misturada com o plástico) em um tanque de água dividido em duas partes: na primeira, o plástico flutua e, na segunda, a areia afunda. É o princípio básico da decantação. No final do processo, a areia volta à praia limpinha e livre de resíduos. A máquina é capaz de processar cerca de 11 litros de areia por minuto.

Segundo a Wild Hawaii (que, como mencionamos, é parceira no projeto), há 15 anos voluntários da ONG vêm tentando, sem sucesso, eliminar esses microresíduos das areias. Por isso, o desenvolvimento da Hoola One foi uma ajuda e tanto. Os criadores do equipamento viajaram ao Havaí durante um semestre juntamente com um dos responsáveis pelo projeto, Bill Gilmartin. A ideia é capacitar os voluntários para lidar com o equipamento e, assim, trabalhar na limpeza das praias.

Um desafio sem precedentes

O Fórum Econômico Mundial (WEF) informa que mais de meio milhão de toneladas de redes de plástico são abandonadas nos mares todos os anos, matando aproximadamente 380 mil mamíferos marinhos. A última viagem da equipe do Ocean Voyages Institute ao Pacífico Norte utilizou imagens de satélite para monitorar os resíduos existentes no mar e, dessa forma, recolher cerca de 40 toneladas de plástico, a maior parte delas formada por redes de pesca abandonadas e que causam enormes problemas à fauna marinha.

Por isso, a equipe de jovens engenheiros canadenses tem pressa. Eles sabem que o Havaí é o campo de testes ideal para o equipamento. Mas também têm consciência de que a cada dia que passa o paradisíaco arquipélago sofre mais com a poluição. No Canadá, o grupo já recebeu uma série de reconhecimentos por seu trabalho. E já está estudando a criação de uma nova versão, portátil, e que poderia ser fabricada mais rapidamente e em grandes quantidades para que, assim, mais pessoas sejam capazes de limpar praias mundo afora — quem sabe esse aliado na luta por areias mais limpas chegue ao Brasil. “Queremos que nossa ideia um dia esteja disponível para todas as comunidades que precisarem”, afirmou um dos criadores do Hoola One, Samuel Duval.

Você conhece outras ideias que já tenham sido adotadas para limpar nossos oceanos? Já ouviu falar de alguma ONG que faça esse tipo de trabalho? Conte para nós na seção de comentários!

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