A linda e comovente lenda chinesa dos amantes de borboletas

Histórias
há 5 anos

As borboletas, para a cultura chinesa, são um reflexo da alma e símbolo da felicidade conjugal; por isso não é raro encontrá-las em uma variedade de obras de arte oriental de diferentes épocas. Assim como esculturas, pinturas e roupas, também inspiraram obras literárias tão belas quanto a lenda dos amantes de borboletas.

Esta lenda antiga que tem mais de mil anos, é uma das quatro mais populares na China e é tão bonita quanto trágica. Sua protagonista é uma jovem disposta a fazer tudo para realizar seus sonhos. Ela é até capaz de se vestir de homem para poder estudar.

Incrível.club traz para você esta bela história que fala da fidelidade conjugal, além da morte e da conquista dos sonhos.

Diz a lenda que uma jovem muito bela e inteligente e com muita determinação chamada Zhu Yingtai, embora tenha nascido num berço de ouro, tinha uma vida luxuosa, mas isso não lhe parecia suficiente. Então, ela decidiu convencer seu pai a lhe permitir estudar em uma escola. Tal pedido pode parecer simples hoje, mas, naquela época, a educação era reservada apenas para os homens, então a aceitação de seu pai não foi algo fácil, mas ou por causa da insistência de Zhu ou por causa da afeição que o homem tinha por ela, finalmente concordou.

Foi assim que Zhu arrumou seus pertences e viajou para uma cidade distante para estudar... disfarçada de homem, já que, é claro, ser homem era o requisito básico para entrar na academia.

Já na instituição, ela conheceu Liang, um jovem da mesma idade, inteligente e gentil com quem estabeleceu uma conexão profunda. O que começou como uma amizade inocente entre os dois, depois de compartilhar jogos, confidências, estudos e tantos momentos, acabou se tornando um amor conflitivo para Zhu, que consciente de seus sentimentos não poderia declará-los sem delatar sua identidade para Liang.

Em uma tentativa desesperada de mantê-lo ao seu lado, quis convencer o jovem a se casar com sua suposta irmã gêmea. Embora a descrição da jovem despertasse o interesse de Liang em conhecê-la, ele estava tão concentrado nos estudos que não conseguia perceber que Zhu estava descrevendo a si mesma.

Após três anos, nossa protagonista recebeu a ordem de seu pai para voltar para casa. Liang a acompanhou até a saída da cidade, para poder passar um pouco mais de tempo com seu “amigo”, e Zhu aproveitou a viagem para tentar ser reconhecida usando indiretas, mas o jovem não as captou. Relutantemente, eles se separaram na saída e, como última tentativa, ela lhe deu uma carta para que ele a lesse, quando ela já estivesse distante da escola.

Solitário, Liang leu a mensagem e finalmente soube que seu melhor amigo era na verdade uma mulher. Depois disso, entendeu que todo aquele tempo também estava apaixonado por Zhu e que o amor era correspondido. Consciente dessa verdade, não quis perder mais tempo e foi procurá-la na casa dela, para pedi-la em casamento.

Infelizmente, uma vez ali não conseguiu vê-la e o que era pior, soube que o pai dela a havia prometido em casamento a um comerciante próximo da família. Na China, o casamento era entendido como a união entre duas famílias e, sendo o prometido de Zhu próximo do pai dela, a suspensão do compromisso era algo impensável.

Mergulhado em arrependimento, Liang estava tentando seguir sua vida, mas era tão grande sua tristeza, assim como seu imenso amor, que acabou ficando doente e morreu (sim, pior do que Romeu, já que não precisou tomar veneno).

Zhu recebeu a notícia da morte de Liang por seus colegas acadêmicos e a angústia enfraqueceu seu corpo, perdendo a esperança de ser feliz em um mundo sem ele.

Chegou o dia do casamento Zhu, que tinha o coração de luto e uma vontade de dizer sim por dever, e não por sentimento, com uma única condição de que, antes de ir para a cerimônia, lhe fosse autorizado ir até a sepultura de Liang para se despedir de seu amado falecido.

Já no cemitério, com seu vestido de noiva, chegou ao túmulo de Liang, despertando instantaneamente lembranças de seus anos juntos. O sentimento da perda e impotência se transformou em lágrimas que se espalharam pela terra. Seu coração clamava gritando pela oportunidade de estar com ele novamente, pedindo que dessa vez fosse para sempre, sem que nada na vida pudesse separá-los.

De repente, abriu uma rachadura na sepultura, que, longe de assustar Zhu, a encheu de alívio, e depois de expirar silenciosamente, a jovem caiu no buraco que se fechou novamente.

Foi assim que do túmulo dos amantes surgiram duas grandes borboletas, que se distanciaram da terra para voarem juntas pela eternidade do céu.

O manuscrito mais antigo onde esta história foi encontrada é do autor Zhang Du, nos anos 850-880.

Podemos pensar que a história dos protagonistas dispostos a “morrer por amor” é exagerada e até antiquada, mas lenda dos amantes da borboleta, mais do que trágica; é, antes de tudo, uma história que fala de liberdade.

Que ninguém nos diga qual é o nosso limite, porque possuímos nossas próprias asas e, se tivermos confiança e formos fiéis a nós mesmos, conseguiremos voar.

Você conhecia a história? Diga-nos se gostou!

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