Por que a sociedade quer que encontremos nossa cara metade

Você já percebeu como sempre que uma pessoa está solteira por muito tempo ela vira alvo de especulação e todos em volta querem o tempo todo apresentar alguém? Rapidamente, os outros acham que essa pessoa precisa ser o tempo todo aconselhada, e isso não acontece por acaso.

Decidimos pesquisar um pouco mais sobre os motivos que levam os outros a desejarem que tenhamos uma alma gêmea. Confira abaixo uma teoria a esse respeito.

O amor como uma nova religião que, quando não respeitada, se transforma em pecado

Em seu artigo, o jornalista alemão Markus Günter defende a ideia de que o amor de hoje é quase uma religião. Uma espécie de pseudo-culto de pessoas com diferentes ideias do mundo de hoje. Por exemplo, a admiração das pessoas pelas celebridades, a subordinação por um regime político, o fanatismo por um esporte e, obviamente, o amor por alguém.

Sim, nenhuma religião e nenhum regime domina com tanta força a nossa sociedade como a ’religião do amor’. Nos impõe que o único objetivo na vida é encontrar a nossa cara metade com quem devemos viver algumas obrigações:

  • Celebrações obrigatórias: dia dos namorados e aniversário do dia em que se conheceram, primeiro beijo e casamento.
  • Principais frases: ’Te amo’, ’Preciso de você’ e ’Não posso viver sem você’.
  • Sacramentos: beijos e sexo.
  • Símbolo sagrado: coração.
  • Ícones: fotos a dois.
  • Altar: cama.
  • Hinos: músicas que lembrem a outra pessoa.
  • Escritura: mensagens de amor.

E o que pode ser mais incrível que uma religião construída em volta de um sentimento tão maravilhoso? Infelizmente, tudo tem um lado escuro: os milhões de pessoas que não têm alguém são consideradas ’defeituosas’ pelo sistema.

Desde o jardim de infância é ensinado que o sentido da vida está em encontrar alguém. Todos os filmes e músicas falam sobre isso. As meninas sempre lutam para conseguir viver a experiência de sentir ’borboletas na barriga’, e nos almoços familiares os adolescentes sempre precisam encarar a pergunta: ’E as/os namoradas/os?’. Se a resposta for ’não’, os jovens são consolados com frases do tipo ’Calma, ainda tá em tempo’. E assim, desde a infância, registramos duas coisas importantes: não somos completos sem outra pessoa e o tempo não para de passar.

Os adultos são oprimidos nessa sociedade cega e fazem o possível para não ficarem sozinhos, inclusive acabam ao lado de pessoas que não têm nada a ver com eles.

Agora, admita: você acha que também viveu ou vive em função dessa ’ideologia’?

Para algumas pessoas, é uma oportunidade para se autoafirmar

Não estamos falando de parentes que realmente estão preocupados pela continuação da família, mas de todo tipo de amigos e conhecidos casados que, por alguma razão, desejam fortemente que você também tenha uma relação, e que constantemente repetem as mesmas ideias sobre a inadequação de andar pela vida sem um grande amor. Provavelmente essas pessoas estão querendo se autoafirmar em relação à opção de viver o amor como algo necessário.

Mas pense um pouco: vale a pena escutá-las?

Um casado é um benefício para a sociedade, econômica e socialmente

Os solteiros são desfavoráveis para o Estado. Veja por que:

  • Os casados são bons para as empresas porque precisam de estabilidade.
  • Os casados são rentáveis para os bancos: o trabalhador estável é um cliente confiável. A metade da laranja, se necessário, sempre pode ajudar a pagar alguma dívida.
  • Uma nova célula da sociedade é um benefício para o Estado. Significa que em breve irá começar a produzir novos trabalhadores e cabeças pensantes.
  • Um homem em busca de amor é bom para a economia.
  • Uma mulher em busca de amor é uma grande fonte de riqueza no âmbito da beleza.

A história não esquecida

Não poderiam faltar razões históricas para corroborar o supracitado: na antiguidade, o casamento era sagrado. A união matrimonial era firmada aos olhos de Deus e apenas a morte poderia encerrar a união. Até mesmo os sentimentos românticos eram objeto de culto: sobre eles eram compostos poemas. Os cavaleiros estavam obrigados a ter uma ’dama do coração’ a quem voltar após a guerra, e as damas precisavam ter um pretendente. Essa época acabou, mas a tradição passada de geração em geração permanece no coração de muita gente. É por isso que muitos continuam jogando o jogo de damas e cavaleiros, sempre em busca do amor perfeito, e sempre desejando o mesmo para os outros, inclusive para você.

Mas o amor existe!

Este post traz uma teoria e não pretende negar a existência do amor. Se os maiores poetas não foram capazes de definir o que é o amor, quem somos nós, não é mesmo? Nos referimos ao exagero em volta da busca por um amor ideal e perfeito que jamais saberemos se existe ou não. Uma pessoa sozinha não tem nada de errado. Cada um sabe o que o coração sente, e algumas pessoas preferem não se casar. Aqui, como em tudo na vida, o importante é não julgar as decisões dos outros.

Imagem de capa Ivan Troyanovsky

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