Um psicólogo que trabalha com casais à beira do divórcio explica quem é o culpado e o que é melhor fazer

Psicologia
há 1 ano

Muitas vezes, os casais não percebem que suas responsabilidades familiares não são divididas de forma igual. Como resultado, ambos os parceiros começam a sofrer com isso, pois uma vida cotidiana construída de forma incorreta acaba causando dificuldades psicológicas. É sobre esse tema que fala Pavel Zygmantovich, um psicólogo com 21 anos de experiência.

Nós, do Incrível.club, apreciamos o texto de Pavel, que nos lembrou que a vida familiar é um trabalho em equipe. Com a permissão do autor, compartilhamos o texto abaixo.

A convicção de que a mulher é a única responsável pela harmonia na família tem se tornado cada vez mais popular. A propaganda dessa loucura vem atingindo dimensões incríveis. Por que eu chamo essa convicção de loucura? Porque, na minha opinião, ela destrói casamentos rapidamente. Vejo isso o tempo todo, porque trabalho com casais que estão à beira do divórcio.

Infelizmente, para muitas pessoas, a crença de que “a mulher é responsável pela harmonia na família” não é apenas uma opinião, mas sim um fato indiscutível, mas essa é uma questão bem mais complexa. O que acontece quando um não leva nada e o outro carrega toda a bagagem? Nada de bom. O primeiro começa a passar dos limites, e o segundo fica sobrecarregado.

“A culpa é sua!”

Quando o homem pensa que o bem-estar psicológico da família depende apenas da sua esposa (só porque “ela é uma mulher e essa é a sua vocação”), geralmente, ele começa a se comportar mal.

Para começar, ele joga todos os problemas sobre ela. Se está de mau humor — a culpa é da sua esposa. Se as crianças estão fazendo muito barulho — ela não foi atenta o suficiente. Se não ganha muito dinheiro — a sua esposa não o motivou para isso. E sim, não é uma piada, pois ouvi isso muitas vezes. Depois, o homem começa a exigir o impossível da sua esposa — o controle de seu bem-estar emocional. De acordo com sua lógica, quem mais pode fazer isso, senão a mulher, se ela é a responsável pela harmonia na família? Obviamente, a mulher não consegue dar conta do recado, porque é impossível.

Para o homem fica mais fácil dar uma tarefa impossível e depois castigar com palavras a mulher por não a cumprir. Depois, se justificar, dizendo que foi ela quem o provocou e que não cumpriu o seu papel de mulher. Enfim, se ela fosse uma boa esposa, tudo ficaria bem, mas como foi uma esposa ruim, então ela é a culpada.

Esse homem não vai se divorciar, mas dará “generosamente” uma chance para ela melhorar. Se for ao psicólogo com sua esposa, ele ficará entediado, olhando para o relógio e perguntando: “Podemos curá-la mais rápido? Ela é quem tem problemas”.

“A culpa é minha”

Quando a mulher pensa que a harmonia na família depende apenas dela, começa a cair no abismo. Ela tenta fazer o impossível, cozinha, busca agradar o marido de todas as maneiras possíveis. Infelizmente, geralmente quando se cede a todos os caprichos de alguém, essa pessoa começa a passar dos limites ou se aproveitar. Especialmente, uma pessoa que não pensa muito nos outros.

E quando o homem começa a passar dos limites e se aproveitar, a mulher cai em desespero, porque ela tenta ser uma boa esposa, mas não dá em nada. É uma tragédia.

A mulher tenta consertar as coisas, mas acaba piorando, porque ela volta a ceder, mantendo a mesma abordagem que a levou a esse abismo.

O resultado é um sentimento crônico de culpa (“estou arruinando a vida do meu marido”), vergonha (“não sou o que deveria ser”) e desespero (“não consigo fazer nada”). E, com esse coquetel de sentimentos, ela segue a vida. Se tiver força e coragem, se divorcia. Se não, continua a sofrer.

“Estão no mesmo barco”

As pessoas convencidas de que “a mulher é única responsável pela harmonia na família” esquecem o principal: em qualquer interação entre duas pessoas, participam duas pessoas. E elas influenciam uma a outra. É um sistema de dois elementos, como vasos comunicantes dos livros de Física. Não é possível que apenas um seja responsável pela interação. Tanto brigar quanto se divertir, são atividades executadas por todos os participantes da situação. No caso de um casal, são os dois parceiros.

Um relacionamento é um caiaque de dois lugares, no qual as duas pessoas precisam remar. Realmente não importa quem senta na frente e quem senta atrás. Ambos precisam remar, caso contrário, será levado pela corrente.

Se há problemas no casamento, com certeza, foram causados pelos dois. Talvez, por acidente, sem intenção, mas pelos dois. Portanto, ambos precisam resolver.

Quando trabalho com casais, sempre começo pelo mais simples: lembro aos cônjuges que eles são aliados que caminham em direção a um objetivo comum. Só essa imagem (“somos aliados”) muitas vezes é suficiente para fazer as pessoas acordarem e começarem a resolver seus problemas juntos. Se vocês se casaram, já são aliados. O casamento depende de cada um de vocês, e não apenas da mulher. Sejam aliados, se ajudem, se livrem de convicções tolas e seu casamento será feliz.

Como são divididas as responsabilidades na sua família? O que você prefere fazer sozinho? O que prefere deixar na responsabilidade do seu parceiro?

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