Por que depois de velhos ficamos caretas como nossos pais

Psicologia
há 1 ano

Na infância, muitos de nós olhavam para os adultos e prometiam não ser como eles: chatos, cheios e proibições e regras. Mas, conforme ficamos mais adultos e maduros, passamos a nos comportar exatamente como eles.

Neste post, o Incrível.club mostrará como o caráter da maioria das pessoas muda com a idade e por que, apesar de todos os nossos esforços, nos transformamos nas pessoas que não imaginávamos. Por fim, mostrará que isso não é necessariamente bom ou ruim, mas apenas um sinal da passagem do tempo.

1. Encontros com os amigos

Na infância: adiávamos todas os afazeres quando víamos nossos amigos pela janela e saíamos correndo para brincar. Todos nos lembramos da alegria que sentíamos em ficar nas casas de nossos colegas: não havia pausas desagradáveis, não nos perguntávamos questões convencionais, sempre tínhamos algo para contar, ouvíamos com interesse as histórias de outras pessoas, mesmo que fossem improváveis. E sempre encontrávamos tempo para os nossos amigos e estávamos genuinamente interessados neles.

Depois de adulto: Quem teria pensado em como seria difícil organizar uma reunião mesmo com as pessoas mais próximas? Em algum momento, as 24 horas do dia pararam de ser suficientes, e muitas coisas tiveram de ser sacrificadas: muitos passatempos foram adiados para mais tarde, os passeios com os amigos se tornaram conversas através das redes sociais e você descobriu que poderia viver sem eles, sem as descobertas e aventuras diárias.

O que fazer: Algumas pesquisas demonstram que os amigos são necessários para uma vida saudável e feliz, e que na velhice eles desempenham um papel mais importante que a família para o nosso bem estar. Por isso, é importante procurar tempo e energia para se encontrar com pessoas das quais você não podia se separar, mesmo no bar mais próximo de sua casa. O importante é tentar fazer isso regularmente.

2. Senso de humor

Na infância: inventávamos e rimos até a barriga doer das nossas próprias piadas, sorríamos sem motivo algum e ficávamos felizes apenas com a antecipação de algo bom.

Depois de adulto: conte quantos pedestres felizes você vê no caminho para o trabalho. Muitos adultos realmente ficaram tem os rostos visivelmente tristes, infelizes e zangados. Com a idade, as emoções que experimentamos com mais frequência são impressas em nosso rosto e a contemplação diária de alguém sombrio no espelho não nos inspira a sermos criativos e fazermos coisas diferentes, afundando-nos cada vez mais na rotina.

O que fazer: por mais banal que pareça, o sorriso prolonga a vida e não nos ajuda a não desanimar. Sorria, mesmo que não tenha motivo para isso.

3. Os prazeres

Na infância: precisávamos de muito pouco para sermos felizes: andar de bicicleta, comprar um sorvete, acariciar um cachorrinho. E não entendíamos por que nossos pais ficavam irritados ao ver como sujávamos as roupas e às vezes, estragávamos brinquedos ou os usávamos até acabar totalmente com eles.

Depois de adulto: para um adulto é difícil encontrar uma fonte de prazer: tudo é caro demais ou prejudicial para a saúde. A corrida sem fim pelo sucesso e pelo dinheiro não traz felicidade. Aos poucos, perdemos o gosto pela vida, e nem mesmo uma hospedagem em um hotel cinco estrelas atende às nossas expectativas. E algumas pessoas nem querem gastar dinheiro com seus próprios caprichos, porque nunca sabem o que vai acontecer amanhã. Economizam infinitamente e vivem sentadas num pote de dinheiro.

O que fazer: um dia difícil pode nunca chegar, mas a vida passará e com certeza terminará. Isso não significa que não seja necessário economizar, pois todos temos responsabilidades e não podemos deixar de pagar as faturas só porque à partir de hoje decidimos ser egoístas. Além disso economizar significa ter poder de comprar à vista gastando menos. Mas de vez em quando você tem que gastar dinheiro no dia a dia, se permitir certos prazeres.

4. A criatividade

Na infância: as crianças não resistem a desenhar um monte de rabiscos, e se não houver um caderno por perto, o papel de parede ou a mesa servirão perfeitamente como uma folha. E quem não guardou um diário onde escreveu as coisas mais íntimas?

Depois de adulto: Há quanto tempo você fez algo com suas próprias mãos: moldar, desenhar ou montar um LEGO ou tocar um instrumento? Se você não tem filhos pequenos, certamente muitos dessas atividades parecerão para você como uma perda de tempo.

O que fazer: desperte o seu artista, chef, fotógrafo ou designer de moda interior. O importante é fazer o que você gosta, e então você entenderá como é importante encontrar na vida uma maneira de se expressar e transmitir seus próprios sentimentos ao mundo. E não se esqueça de manter um diário: alguns cientistas demonstraram que esse hábito melhora o estado mental. Não é necessário escrever textos longos; você pode descrever os eventos mais memoráveis do dia, colar ingressos para alguns eventos ou mandar emails para si mesmo, como uma cápsula do tempo.

5. Sede de mudanças

Na infância: mudar alguns móveis do quarto de lugar, transformar seus jeans velhos em shorts, pegar um caminho novo ao voltar para casa...não é de se estranhar que as crianças esperem com muita ansiedade a chegada de um novo dia, pois elas têm tantos planos para a vida! E uma de suas qualidades mais incríveis é a capacidade de sonhar. Todas as crianças sabem que, se realmente desejarem, poderão se transformar em um astronauta ou super-herói.

Depois de adulto: com o passar dos anos, tudo começa a ficar mais assustador: os aviões caem, os navios afundam, roubam dinheiro dos cartões de crédito e a opinião pública é mais terrível do que qualquer catástrofe mundial. Tem as eleições, a alta do dólar, o medo de perder o emprego e até aquele colega de trabalho tentando puxar seu tapete. No mundo dos adultos não há nada mais agradável que a sensação de estabilidade. Em algum momento, tudo o que é novo deixa de ser fascinante e passa a ser assustador. Por que as coisas mudam assim?

O que fazer: quando dizemos que é tarde demais para alguma coisa, estamos nos privando de novas oportunidades e desistindo sem sequer tentar. Existem muitos exemplos de gente que passou a vida inteira perseguindo um objetivo e chegou lá.

6. Conhecer gente nova

Na infância: todos sabíamos que não poderíamos falar com os estranhos. Mas, ao mesmo tempo, vivíamos cercados de pessoas potencialmente legais e acessíveis. Conhecíamos os vizinhos, os vendedores da loja mais próxima, o porteiro do prédio ou do clube, os donos de todos os cachorros e os nomes de seus animais de estimação.

Depois de adulto: é claro que agora você não iniciará uma conversa com uma pessoa no transporte público só porque a achou interessante, e menos ainda dirá algo sobre si para qualquer estranho. Quanto mais velhos nos tornamos, mais nos fechamos para o mundo exterior. Nos acostumamos a confiar em nós mesmos e paramos de fazer perguntas para não mostrar nossa vulnerabilidade.

O que fazer: entender que as pessoas e sua boa atitude em relação a você são o recurso mais valioso. Talvez você conheça uma pessoa que irá mudar sua vida ou com sua chegada irá mudar o mundo de um estranho. Abra-se para o mundo. Nunca é tarde para isso.

Então, por que nos transformamos em adultos caretas?

Pesquisadores do Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA pediram a pessoas de 26 países que expressassem a sua opinião sobre os adolescentes, os adultos e os idosos. O resultado foi que, mesmo com as diferenças culturais decorrentes das diferentes origens dos pesquisados, os estereótipos são os mesmos:

  • Os adolescentes parecem emocionalmente instáveis, impulsivos, ansiosos e indisciplinados. Eles são mais abertos que os outros para o novo e mais propenso a instinto comunitário. Não estão mais inclinados ao altruísmo.
  • Os adultos são os menos vulneráveis, conscientes, competentes, desconfiados e disciplinados. Apreciam a estética e lutam pela realização pessoal.
  • As pessoas mais velhas são benevolentes, altruístas, gentis, mas ao mesmo tempo são assustadas com tudo o que é novo, além de mais pessoas introvertidas. São mais propensos à depressão, dizem o que pensam, apreciam a ordem e têm um grande senso de dever

Esse tipo de estereótipo influencia nossa personalidade e nos tornamos o que se espera de nós. É uma espécie de autosugestão ou teoria auto-realizável. Sim, os traços de caráter têm a propriedade de mudar e, aos 63 anos, você se tornará uma pessoa completamente diferente:

  • Por volta dos 20 anos de idade, aumenta a capacidade de concordar com as outras pessoas. Ou seja, mesmo o adolescente mais intolerável pode se transformar em um interlocutor um pouco mais aberto ao diálogo.
  • As pessoas até os 30 anos são as mais abertas à comunicação; passada essa fase, a abertura à comunicação diminui e, ao longo dos anos, muitos acabam preferindo a solidão.
  • A autoconsciência aumenta até aproximadamente a idade de aposentadoria e, após os 50 a 60 anos, ela começa a diminuir. É um bom momento para relaxar e viver a aposentadoria ao máximo. Mas, mesmo nessa idade, as pessoas ainda são mais responsáveis do que os adolescentes.
  • O conservadorismo vem com a idade e adolescentes e jovens em torno dos 20 anos são mais abertos a novidades. A partir dos 30 anos, o desejo de novidade começa a diminuir gradativamente.

Um papel importante nas mudanças de caráter não é apenas interpretado por estereótipos, mas também pelo simples desejo de ser “normal”. Com a idade, a pessoa tem menos desejo de se rebelar, e por trás das palavras “ser como todo mundo” se esconde uma sensação de bem-estar, não de desprezo. Felizmente, vivemos em um mundo tão grande que podemos encontrar nossa “normalidade” sem perder o gosto pela vida. O importante não é ir a extremos e escutar você mesmo, e não as opiniões dos outros.

E você, tem conseguido conservar algum traço da criança que você costumava ser?

Imagem de capa The Simpsons/Fox

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