O que acontecerá se você não levantar a voz para o seu filho por 2 semanas

Psicologia
há 2 anos

Segundo as pesquisas, ao gritar com uma criança com frequência, ela se tornará agressiva, retraída e insegura. E isso também não favorece os pais: mais estresse diário equivale a um pior relacionamento familiar. Portanto, qualquer adulto, mais cedo ou mais tarde, se faz a pergunta: “É possível se comunicar com uma criança em igualdade de condições, evitando gritos e raiva?”.

Um dia, depois de outra briga com meu filho de 4 anos, Micah, percebi que não queria levantar a voz novamente. Ele é uma criança inteligente e independente, e eu tinha certeza de que se aprendesse a me conter como adulta, haveria muito menos brigas e ofensas em nossas vidas.

Então, armada com o conselho dos psicólogos, decidi manter a calma e anotar tudo o que aconteceria em duas semanas. Exclusivamente para os leitores do Incrível.club, vou contar como foi e as situações pelas quais ambos tivemos que passar.

Eu levei o assunto a sério e, em primeiro lugar, comecei a pesquisar o que os especialistas aconselham para pais e
mães como eu

Assim eram os atributos da nova vida: um lembrete e uma tabela.

Existem centenas de conselhos, motivo pelo qual eu imediatamente descartei os banais do tipo: “Deixe de lado sua raiva” ou “Imagine-se no lugar da criança”. Eu tentei escolher apenas aqueles que eu poderia colocar em prática imediatamente.

Finalmente, decidi ouvir as seguintes recomendações:

  • Permitir que a criança avalie meu progresso: entregar alguns adesivos para que ele possa colocar em um boletim de qualificações especial, se considerasse que eu o havia tratado com respeito suficiente naquele dia.
  • Fazer uma tabela de raiva na qual eu iria escrever quando gritei com meu filho e por quê.
  • Quando sentir vontade de gritar, sussurre.
  • Quando sentir que não consegue conter o desejo de gritar, conte 10 segundos antes de começar a falar.
  • Procure por sinais de raiva (punhos cerrados, ranger de dentes, corar) e, ao detectá-los, fique quieto até voltar ao seu estado normal.
  • Em vez de gritar, aplauda. Pareceu tão estranho e, ao mesmo tempo, tão simples, que não pude deixar de sentir curiosidade.
  • Eu também fiz um lembrete para os primeiros dias: desenhei um ícone de megafone riscado nas costas da minha mão.

Uma nota importante: estabeleci para mim a condição de não substituir os gritos por nenhum método negativo alternativo. Por exemplo, ameaças.

Decidi não começar na segunda, mas na quinta-feira, porque, caso contrário, haveria o risco de adiar indefinidamente

Dia 1. Passou maravilhosamente bem. Me sentia encorajada pelas mudanças que estavam chegando, estava feliz em controlar o meu comportamento e não levantei minha voz nem sequer uma vez. Mas, como eu esperava, nada ia ser tão simples.

Micah pensou em seu próprio lembrete. Nós o desenhamos com um inofensivo marcador lavável.

Dia 2. Micah notou o lembrete na minha mão e me pediu para fazer um também. “Por exemplo, para que não puxe nossas orelhas” (ele tem esse hábito, que nos tira do sério). Eu desenhei. Quando tentou puxar a orelha do pai, ele parou pela primeira vez, começou a chorar e esfregou a mão, repetindo: “Por que eu aceitei isso?! Por que tive essa ideia?! Por que eu quis começar com isso?”.
Ao ouvir seus lamentos e tentando manter a calma, na minha cabeça eu me fiz as mesmas perguntas.

Dias 3 e 4. O sistema de avaliação do comportamento da mãe, no nosso caso, não funcionou. Aparentemente, é projetado para crianças maiores. Micah nem sequer tentou entender a essência da avaliação, ele só gostava de colocar os adesivos.

Dia 5. As dificuldades começaram. Micah começou a se permitir choramingar muito mais, mas sem causa. Tive que introduzir uma regra: “Vou continuar tentando evitar gritar se você choramingar menos”. Funcionou. Ele começou a dizer calmamente suas demandas e as queixas que costumava dizer num tom choroso, estridente e melancólico, e também começou a perceber melhor as palavras calmas (por exemplo, juntou os brinquedos no primeiro pedido).

Juntar os brinquedos agora deixou de nos tirar do sério.

Dia 6. Micah começou a provocar um pouco. Fazia alguma travessura e imediatamente me dizia para começar a contar até 10. As primeiras vezes foi engraçado, mas depois começou a me irritar. Eu pedi a ele para não fazer mais isso. Ele obedeceu mas, por algum motivo, deixei de usar o método.

Dia 7. No sétimo dia, notei que havia muito menos raiva, gritos e queixas em nossas vidas. Meus gritos foram reduzidos a uma forte pronúncia de seu nome. Logo, isso foi substituído pelo aplauso.

É o que acontece quando você escreve em letra cursiva e não olha o caderno.

Dia 8. O primeiro fracasso durante esse tempo: Micah trouxe sua primeira lição de casa. Sentei-me diante dela como uma mãe gentil e disposta a ensinar qualquer pessoa a manter a calma em qualquer situação, e me levantei da mesa como uma mulher desequilibrada, com as mãos trêmulas. O que posso dizer: a caligrafia das crianças não é um teste para os fracos.

Dia 9. O remorso de antes voltou, motivo pelo qual dormi muito mal, e no nono dia me levantei completamente desmotivada, foi mais difícil me controlar.

Dia 10. Começaram os primeiros dias absolutamente livres de qualquer tipo de grito. Meu marido, que por causa do trabalho não podia observar regularmente o que estava acontecendo, disse que as mudanças no comportamento da criança eram evidentes no primeiro olhar.

Dia 11. Um detalhe interessante: meu filho aprendeu a dialogar, com desconfiança, mas começou a chegar a acordos, a se preocupar com o que nós queríamos, e, de tempos em tempos,
fazia perguntas como: “vocês se importam se eu ligar o ar-condicionado? ” ou “não querem alguma coisa gostosa?” (Ele usou exatamente essas palavras.) Eu me senti envolvida por um entusiasmo
sem precedentes.

Micah está feliz em demonstrar que não se importa de compartilhar coisas gostosas.

Dia 12. Finalmente pude utilizar o conselho para substituir o grito por um sussurro. Eu estava tentando explicar a Micah por que não devemos dizer aos estranhos que eles cheiram mal, e ele girava o carrinho em torno do joelho e parecia não me ouvir em absoluto.

Em outras ocasiões, eu começaria a gritar para chamar sua atenção. Mas, desta vez, reduzindo as palavras ao mínimo, eu as sussurrei ao ouvido de Micah. Foi muito mais eficaz do que qualquer grito, porque ele imediatamente se envolveu na conversa (também em um sussurro) e fez algumas perguntas sobre a comunicação com estranhos. E não voltamos a ter esse tipo de situação desagradável novamente.

Dia 13. Preparando-se para resumir os resultados finais, inesperadamente saí do controle novamente. Micah recusou-se a tentar andar de bicicleta pela qual ele havia nos implorado durante um mês, e foi tão estranho e incompreensível para mim que comecei a gritar.

Depois disso, apesar do remorso, durante muito tempo não pude deixar de sentir raiva. Os sintomas da raiva, que eu já sabia o que eram, não me soltavam. Acredito que, na maternidade, às vezes é de vital importância delegar autoridade. Sendo que esta questão despertava a fera que havia em mim, deixei Micah discuti-lo com seu pai, comigo longe dali.

Dia 14. Pode parecer que a experiência não foi bem-sucedida devido às minhas duas recaídas, mas acho que foi um verdadeiro sucesso. Mesmo que apenas porque eu tenha esclarecido momentos importantes para mim.

O que aprendi

  • Se algo no comportamento da criança incomodou, o mais provável é que isso aconteça novamente, então você não pode deixar esses momentos sem supervisão.
  • Se você acabou gritando, é importante pedir desculpas a tempo.
  • O comportamento da criança é um reflexo da nossas atitudes com ela, e estas não são apenas palavras vazias.
  • Antes da introdução das novas regras, eu costumava levantar a voz em uma conversa com Micah cerca de 12 vezes. Ele mostrou a mesma instabilidade emocional, e cerca de 80% de seus pedidos e reações às proibições terminavam em queixas.
  • Agora, quase não tenho que levantar minha voz (isso acontece uma vez a cada 4 ou 5 dias). Micah também ficou muito mais calmo, aprendeu a reagir sabiamente a coisas de que ele não gosta e choramingar aparece em nossas vidas uma vez a cada 1 ou 2 dias. Estou bem com isso.

Estou muito feliz por finalmente ter introduzido a regra de não levantar a voz em nossas vidas, porque foi uma mudança na minha vida de mãe que eu simplesmente não teria alcançado por outro método.

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