A trajetória de Karol Conká após o BBB21 mostra que nunca é tarde para buscar o autoconhecimento

Psicologia
há 1 ano

A língua afiada que a ajudou a construir uma carreira próspera e reconhecida mundialmente foi a mesma que a levou a um cancelamento sem precedentes. Após a sua participação no Big Brother Brasil 2021, Karol Conká foi eliminada do programa com a maior rejeição da história de todas as edições do mundo: a curitibana bateu 99,17% e o intuito de expor o próprio trabalho e conquistar mais fãs foi por água abaixo.

Aqui no Incrível.club, acreditamos que todos devem ter a chance de reconhecer os próprios erros, melhorar o comportamento e evoluir como ser humano, fazendo o melhor para si e para os outros. Por isso, hoje, queremos compartilhar essa história de recomeço e descobertas. Confira!

A carreira

Nascida em Curitiba, Karoline dos Santos Oliveira, mais conhecida pelo nome artístico de Karol Conká, é uma cantora e compositora que, desde 2011, se destacou no cenário do rap nacional e internacional. O lançamento do álbum Batuk Freak, em 2013, impulsionou ainda mais a carreira da cantora, que emplacou um sucesso atrás do outro e até se aventurou em outros trabalhos, como o de apresentadora e atriz. A artista esteve a frente de programas como o Superbonita, na GNT, participou da série Carcereiros, do Globoplay, e produziu programas para plataformas de internet, como o Prazer Feminino, entre outros trabalhos.

De 2013 a 2021, nada parecia atrapalhar a carreira de Karol, que estava em ascensão, inclusive, com participação da rapper em festivais internacionais. Em 2014, ela se apresentou no Japão, na Austrália, AlemanhaFrança e despontou em sua carreira internacional. Em 2021, foi anunciada a sua participação no Big Brother Brasil, recheada de expectativa e muito celebrada pelos fãs.

O cancelamento

A alegria e expectativa dos fãs com a participação de Karol no BBB logo se mostrou equivocada. Em apenas um mês, a artista se expressou de formas que não foram legais e mostrou comportamentos que ela mesma não acredita que foi capaz de ter. “Ao assistir as imagens da minha passagem pela casa, me senti assustada e muito decepcionada com as minhas próprias atitudes”, admitiu.

Ainda dentro do programa, a cantora já havia percebido que não estava bem. Ela chegou a falar com uma psicóloga, pois pretendia abandonar a competição. Dentro da casa, em conversa com Carla Diaz, após uma discussão calorosa na madrugada, admitiu: “Eu tenho um problema com a minha animosidade, de verdade. Quando eu surto, a minha língua vira uma bazuca e eu quero transferir toda a minha dor falando as coisas pros outros”, se desculpou.

Em outro momento, em conversa com Projota, logo após desistir de abandonar o programa, ela disse: “Quando a gente erra, a gente pega e apaga tudo de bom que a gente fez. Preciso admitir que sou explosiva e tenho o problema de querer controlar tudo. Mas tenho que saber terminar esse jogo. Vou ter que olhar o povo me julgando e não vou ter que o fazer. Tenho mania de controlar tudo, mas tem uma coisa aqui dentro que eu não sei controlar e são os meus sentimentos. Agora, é esperar até terça-feira. O que dá para fazer agora? Só assumir o erro e pedir desculpa. O problema é que a culpa corrói”.

Logo após sua eliminação, Karol precisou confrontar a porcentagem de votos que a tirou do programa: 99,17% de rejeição. Ela contou o que sentiu nesse momento: “Foi bem ruim, foi péssimo. Acho que uma das piores dores que eu já tive na minha vida. A primeira foi perder meu pai, depois foi essa. Veio a dor da rejeição em massa, a minha decepção comigo mesma, ver as pessoas que eu gosto sendo atacadas, foi um misto”. A cantora procurou ajuda psicológica para enfrentar a realidade que a esperava aqui fora, já que não conseguia mais sorrir nem andar na rua.

A retomada

Assim que deixou o programa, Karol precisou se confrontar com suas atitudes na casa. Primeiro, foi o tradicional café da manhã no Mais Você, onde precisou encarar os momentos mais embaraçosos que protagonizou na casa e comentar sobre eles, admitindo estar envergonhada: “Sabia que estava errada e fui invadida por uma amargura. Eu me perdi no jogo, me entreguei a esse lado azedo. Levei a minha perturbação para a casa, joguei-a sobre todos os outros e fiz com que ficassem tristes. Eu surtei dentro da casa, reconheço o meu erro e vou tentar melhorar”, falou.

Depois, começaram as gravações do documentário A Vida Depois do Tombo, gravado em abril de 2021 e disponível pelo Globoplay. A série de reportagem acompanhou a cantora na retomada da vida e da carreira pós-BBB, nas reflexões que ela fez ao sair do programa, no apoio que recebeu da família e dos amigos. Além disso, a obra conta como foi a vida de Karol, na tentativa de mostrar a história por trás do comportamento altamente reativo durante o período em que ela esteve confinada.

Esse processo, juntamente com o tratamento psicológico e a retomada do trabalho que a consagrou, fizeram com que Karol descobrisse algumas coisas sobre si mesma: “No meu caso, eu realmente não soube lidar em um ambiente que me pressionava, me obrigava a rivalizar, a questionar, a discordar... Uma vez vai, mas viver isso todos os dias... Chega uma hora que a água, de tanto bater na pedra, fura. Eu não soube lidar com isso e busquei entender mais sobre inteligência emocional, sobre como lidar com momentos de pressão porque também fiquei traumatizada”, contou.

As lições

Quatro meses depois do BBB21, Karol participou do programa Triangulando, com Thelminha Assis, vencedora do BBB20, onde admitiu: “Sou intensa, estou no meu autoconhecimento e estou digerindo atitudes minhas que eu reprovo. Estou revendo atitudes que me envergonham muito, mas hoje consigo sorrir. Passei muito tempo sem conseguir sorrir. Eu passo horas do meu dia séria. Ainda não voltei ao meu normal e acho que não voltarei. Acho que isso é bom. Estou gostando desse processo de evolução”.

Em abril de 2022, o álbum Urucum, foi lançado. Nesse trabalho, Karol reflete suas diferentes personalidades, fala sobre o que viveu e, por isso, o considera como parte do seu processo terapêutico: “Escrevi o álbum em duas semanas. Por isso falo que foi um processo terapêutico. porque eu ia escrevendo, ia sofrendo, chorava, parava no meio da produção da música pra ficar triste porque lembrava de alguma coisa, foi muito traumático. Nesse meio tempo, eu estava com síndrome do pânico, foi muita coisa. A única coisa que me fazia parar de chorar e de sentir dor era quando eu musicalizava”, conta.

Karol diz que se apoiou em cinco pilares para passar por essa fase difícil e sair mais forte dela: “Eu encaro os momentos de turbulência da minha vida como um convite para o aprendizado. Então, eu foco na fé, no autoconhecimento, na terapia, no amor das pessoas que me conhecem e na carreira bonita que eu tenho aqui fora”.

O comprometimento de Karol com a terapia estimulou a criação do programa Vem K, produzido para o IGTV da artista, onde o tema saúde mental é o foco. A volta aos palcos também foi marcada por emoção e, se alguém acreditava que a carreira da artista havia acabado, se enganou: “Ontem subi no palco depois de dois anos sem sentir a energia do público num show. Me emocionei em todos os momentos, enquanto eu cantava me lembrava de tudo o que aconteceu nesse ano e só conseguia sentir gratidão por estar com os meus, por estar viva e resistente, por poder cantar as minhas experiências, por ver o rosto de cada um cantando junto comigo. Esse show é a prova de que eu nunca estive sozinha e que a vida depois do tombo é mais satisfatória e cheia de aprendizado quando nos permitimos. Vocês sempre me falam que a minha arte salvou a vida de vocês e eu digo que o reconhecimento e o carinho de vocês salvou a minha vida também”, finaliza.

Você já passou por alguma situação em que precisou reavaliar algum comportamento? Conseguiu modificá-lo? Conte nos comentários e ajude a inspirar outras pessoas que precisam fazer uma avaliação sobre os próprios atos.

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