6 Motivos pelos quais deveríamos ouvir músicas tristes quando não estamos bem

Psicologia
há 1 ano

Se você pensa que colocar um batidão vibrante vai animar seu estado de espírito, pense de novo, pois o melhor mesmo é ouvir aquela música triste, com letras igualmente melancólicas. Cada vez mais, há evidências crescentes que sugerem que ouvir músicas tristes pode ser uma experiência libertadora e terapêutica para a mente e o coração. Neste artigo, exploramos 6 razões pelas quais as canções tristes têm o poder de acalmar e curar, e por que devemos nos permitir abraçar nossas emoções e deixar que a música nos guie em tempos difíceis.

São músicas que despertam nosso lado nostálgico e nem sempre isso é ruim

As músicas tristes podem ser um gatilho para despertar memórias nostálgicas de tempos passados. Sejam recordações boas ou más, para muitas pessoas, essa é uma maneira de ter uma melhor compreensão do passado e de suas próprias emoções. Ao nos permitir acessar nosso lado nostálgico, podemos entender e apreciar melhor nosso eu passado, presente e futuro e nos conectar com outras pessoas de maneiras significativas. No fundo, é como se estivéssemos experimentando “um aspecto profundo de nosso ’eu’ emocional”, explicou o professor de economia da saúde, Shahram Heshmat.

Essas memórias podem nos fazer sentir conectados ao nosso passado e criar uma sensação de saudade ou melancolia. Isso pode ser especialmente poderoso quando a música é aquela com a qual temos uma conexão pessoal, como uma música que ouvimos durante um momento significativo de nossas vidas. Heshmat continuou: “Essa revisitação reflexiva de memórias nostálgicas pode melhorar o humor, especialmente se as memórias estiverem relacionadas a momentos cruciais e significativos da vida. Há algum sentido em relembrar os bons tempos, bem como a tristeza por perdê-los”.

As sofrências também podem trazer várias emoções positivas

A música melosa tem esse efeito esquisito de desencadear processos psicológicos diferentes que são prazerosos, muitas vezes, inconscientemente, tais como liberar emoções reprimidas, apreciar a beleza da música e liberar dopamina, uma substância química frequentemente associada ao prazer e à recompensa. Quem já não dançou ao som de hits como Infiel, de Marília Mendonça, e 50 Reais, de Naiara Azevedo? Esses são só dois exemplos de canções com letras e melodias tristes, que ainda assim, marcaram uma geração e colocaram todos para dançar.

Ou seja, são esses sentimentos positivos criados que nos permitem desfrutar genuinamente de uma música triste. Por outro lado, nem sempre uma melodia melancólica está ligada a nós ou nossas emoções diretamente. Por vezes, escutamos músicas que não correspondem exatamente ao que estamos vivenciando naquele momento e, ainda assim, vibramos ao som delas. Como referem as psicólogas Jonna Vuoskoski, William Thompson, Doris McIlwain e Tuomas Eerola, é o “paradoxo da ‘tristeza prazerosa’”.

Ajudam a aliviar a dor e a angústia

Quando terminamos um relacionamento, é inevitável não ouvir músicas tristes, pois tudo o que queremos é sentir que alguém nos entende naquele momento. Na verdade, segundo cientistas revelaram à publicação especializada Plos One, as músicas que tratam da angústia humana, por serem tão empáticas, ajudam a aliviar a dor de quem está mal. Biologicamente falando, melodias tristes fazem com que o nosso cérebro produza mais prolactina, um hormônio que é liberado durante as atividades humanas básicas e, por consequência, ajuda a reduzir a dor ou a angústia, como nesse caso específico.

Embora enfrentar a dor daquele momento possa ser agridoce, nem sempre é uma coisa ruim. De fato, esses estudos mostraram que ouvir canções melancólicas podem ter efeitos positivos em nossa saúde mentalbem-estar. Podem nos proporcionar uma sensação de conforto e estabilidade em momentos de estresse e incerteza, e nos ajudam a permanecer conectados à nossa identidade. No geral, embora as músicas tristes possam trazer emoções difíceis, elas também podem proporcionar conforto, conexão e uma sensação de experiência compartilhada.

É uma forma de regular o nosso humor atual

Quando estamos tristes, pode ser tentador evitar músicas que combinem com o nosso estado de espírito, optando por músicas animadas. No entanto, músicas tristes permitem que o ouvinte se liberte de emoções angustiantes e se concentre totalmente na beleza da melodia. O som da tristeza tem um papel fundamental na mudança do nosso estado de espírito — do mau para o bom. Além disso, quando as letras ressoam com a experiência pessoal de quem ouve, ela poderá expressar sentimentos que antes eram difíceis de manifestar.

Ao ouvir uma música triste, temos a oportunidade de nos sentirmos compreendidos e validados, o que pode proporcionar um grande alívio. Além disso, a música triste tem a capacidade de reduzir gradualmente a intensidade emocional, fazendo com que fiquemos mais calmos e relaxados após ouvi-la. De uma maneira geral, ouvir melodias mais tristes ajuda-nos a refletir sobre o que estamos passando, propiciando um espaço de introspeção que nos possibilita lidar com nossas emoções de forma mais saudável.

Desenvolve a empatia emocional

Músicas tristes têm uma maneira única de evocar emoções poderosas de quem ouve, pois costumam narrar histórias de desgosto ou perda por meio das suas letras e melodias, criando uma conexão profunda com o ouvinte. Quando escutamos músicas tristes, subconscientemente nos colocamos no lugar do cantor e experimentamos as emoções que ele está expressando. Esse processo nos auxilia a desenvolver o que chamamos de empatia emocional.

A empatia emocional nada mais é do que compreender e compartilhar uma experiência emocional com outra pessoa e entender verdadeiramente como ela se sente. Ao ouvir músicas melosas, também aprendemos a lidar com a tristeza e as emoções negativas de maneira saudável. Entendemos que não há problema em se sentir triste e que é uma parte natural da experiência humana. Essa compreensão nos ajuda a ser mais compassivos conosco e com os outros, e nos permite oferecer apoio àqueles que podem estar passando por um momento difícil.

É um ótimo amigo imaginário

Muitas vezes, percebemos pessoas que enquanto caminham na rua estão escutando música como se estivessem acompanhadas de algum ser imaginário. Digamos que a música pode ser uma espécie de amigo imaginário e atuar como um substituto social, que oferece apoio e empatia no momento que mais necessitamos de conforto. Essas músicas podem nos fazer sentir que não estamos sozinhos em nossa tristeza e que a dor pela qual estamos passando é compreensível.

Dessa forma, as canções tristes podem se tornar nossas amigas imaginárias, oferecendo-nos consolo e companheirismo em tempos difíceis. Segundo Shahram Heshmat, “as pessoas tendem a ouvir música triste com mais frequência quando estão com problemas emocionais ou se sentindo solitárias, ou quando estão em estado de introspecção. O ouvinte desfruta da mera presença de uma pessoa virtual, representada pela música, que está no mesmo estado de espírito e pode ajudar a lidar com os sentimentos de tristeza”.

O que entendemos é que as músicas tristes têm uma beleza única e profundidade emocional, deixando-nos com uma sensação de reflexão. Elas podem trazer à tona sentimentos profundos e complexos, muitas vezes não expressados ou não compreendidos, permitindo-nos processar e lidar com emoções difíceis, tornando-nos mais compassivos e empáticos.

Em conclusão, melodias mais tristes oferecem um valor emocional e terapêutico que as distinguem das canções alegres. Enquanto as últimas podem ser divertidas, as canções tristes têm o poder de nos conectar com nossos sentimentos mais profundos e nos oferecer conforto e validação em momentos que estamos mais para baixo. Elas nos permitem explorar e processar nossas emoções de maneira segura e saudável.

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