14 Mandamentos de uma psicóloga para mulheres que já sofreram violência doméstica

Psicologia
há 4 anos

O número de casos da violência doméstica no mundo é de apertar o coração, levando em conta que vivemos em pleno século XXI. No Brasil, um caso é registrado a cada 4 minutos, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Por isso, o tema é foco de preocupação não apenas aqui, mas no mundo inteiro. A psicóloga russa Anastasiya Rubtsova elaborou uma lista de dicas para a evitar que a própria filha se tornasse mais uma vítima. E vamos compartilhar esse material com você. Ele é recomendado não só para mães, mas para todas as mulheres.

A equipe do Incrível.club concorda com cada linha e sugere que a lista seja lida atentamente.

Um dia, minha filha se afastará de nós, seus pais, para se aproximar de outra pessoa. Talvez ela se case e tenha cinco filhos, talvez não queira ter nenhum filho ou namore uma menina. Quem sabe? Mas o importante é ter em mente que a segurança dela não dependerá mais de mim nesses novos relacionamentos.

Mas enquanto ainda está comigo, estou preparando uma lista de mandamentos. Pouco a pouco, “costuro uma armadura” para ela e rezo para que esteja protegida caso eu não esteja por perto na hora certa. Quando ela crescer, eu lhe direi o seguinte:

  • Se você for agredida pelo menos uma vez, arrume suas malas imediatamente. Aja como se um terremoto estivesse ocorrendo: pegue os documentos e seus filhos. O resto, você poderá ajeitar mais tarde. Não aceite desculpas ou palavras de arrependimento, nem entre em discussão. Mais tarde, qualquer “desculpa” irá se transformar em um “Mas foi você que me deixou maluco”. É muito fácil cair nessa armadilha, mas muito difícil sair dela. Corra sem pensar duas vezes.
  • Lembre-se de que qualquer “A culpa é sua” e “Você enche o meu saco” é uma mentira. Na verdade, essas frases significam: “Eu sei que posso bater em você, te magoar, ofender e insultar, e você não irá fazer nada. Por isso não vejo a necessidade de me controlar”.
  • Você sempre pode contar com sua mãe. Sempre! Em qualquer condição e humor. Pode, inclusive, vir até minha casa, chorando e de pés descalços. Sentindo-se a pessoa mais fracassada do mundo. Eu não vou te culpar. Mesmo que eu queira dizer “Eu te disse”, vou me trancar no banheiro e pronunciar essas palavras na frente do espelho, sussurrando. Porque elas não são reconfortantes, mas servem apenas para esfregar sal na ferida.
  • Se eu não estiver perto, porque os pais não duram para sempre, você deve ter amigos próximos o suficiente para poder pedir ajuda. Se não tiver amigos, procure ajuda e não tenha vergonha de aceitá-la. Reclame, grite, conte sua história para todos que estiverem dispostos a escutar. Que você tenha testemunhas, porque quem cala consente.
  • O relacionamento nunca começa com espancamentos, mas com as frases como “Você é burra”, “Que diabos está fazendo?”, “O que entende disso?” e “Eu mando você ir e você vai”. Primeiro, o pedido se transforma em uma ordem. Então, pequenas humilhações tornam-se comuns. Ofensas são justificadas por serem uma representação de intimidade. Não deixe que ninguém te humilhe ou te magoe de propósito. Nunca pense: “Sou esperta, isso nunca irá acontecer comigo”. Mulheres que eram mais espertas do que eu e você já caíram nessa armadilha.
  • O seu pior inimigo é o pensamento “Acho que foi só impressão minha”. Hoje, uma pessoa se comporta de forma absolutamente adequada e amanhã alguma coisa vem na cabeça dela e a transforma em um sádico irritado. E depois de amanhã, a vida de vocês fica ensolarada novamente e tudo fica tão bom que você respira aliviada “Foi só impressão. Ele não é assim”. Se isso acontecer muitas vezes, fique alerta porque só essa sensação não deve te enganar. Não vá longe demais, não tenha filhos e nenhum negócio com essa pessoa.
  • Sempre encontre possibilidades de ganhar dinheiro e tenha suas próprias fontes de renda. Se você cuida dos filhos, crie uma conta para ter recursos em caso de emergência. É importante discutir isso com seu parceiro antes de tirar a licença-maternidade. Quando nossos filhos são pequenos, nós dependemos do nosso parceiro e ficamos extremamente vulneráveis.
  • Não deixe que seu relacionamento se torne a única coisa importante em sua vida. É uma decisão perigosa. É essencial ter amigos, trabalho, passatempos, praticar um esporte, ganhar dinheiro, estudar... Se seu relacionamento terminar (o que acontece mais frequentemente do que nós gostaríamos), irá doer. Só que é melhor quando só uma torre desmorona, e não o castelo todo.
  • Cuide da sua saúde, de si mesma. Assim, terá forças para viver.
  • Nunca caia na armadilha de “Todos vivem assim”. Isso não é verdade. E eu farei tudo o que puder para que você só conheça famílias que não praticam violência ou ofensas. Famílias nas quais os cônjuges conversam com respeito, mesmo quando estão muito bravos. E eu tentarei ser um dos melhores exemplos para você seguir.
  • Nunca caia na armadilha de que “Sou a única com quem acontece isso, sou burra e estou envergonhada”. Isso também não é verdade. Mais assustador do que estar em uma situação de violência é ficar presa nela durante muitos anos. Você não precisa de uma família a qualquer custo. Nem precisa de uma família perfeitinha, de comercial de margarina. Precisa de um ambiente em que se sinta bem e seja apoiada e cuidada. E esse ambiente não precisa ser necessariamente uma família.
  • Pessoas podem mudar. Além disso, elas sempre estão em um processo de mudança. A nossa idade e experiência mudam nossa personalidade. O que parece ser uma estranheza inocente no tempo de nossa juventude com o passar dos anos pode se revelar uma doença mental ou apenas um comportamento inadequado. Às vezes, pessoas se comportam mal quando se dão conta de que a outra pessoa depende delas. Se o mesmo acontecer com você, não se culpe por “não ter percebido o canalha antes”. Existem muitas coisas que nós não conseguimos ver enquanto ainda estão bem escondidas. Vá em frente, mas leia imediatamente o primeiro parágrafo desta lista.
  • Experimente. Novos trabalhos, um novo cabelo, novos esportes, uma nova comida, novas regras de família, novas formas de fazer sexo. Quanto mais novidades você deixar entrar em sua vida, mais confiante se sentirá em um relacionamento.
  • Compartilhe estas regras com suas amigas. Não fique indiferente se alguém for ferido e intimidado na sua frente. Lembre-se: às vezes, pessoas ficam tão envergonhadas por pedir ajuda que nós nem conseguimos imaginar suas dores. Porém, elas precisam de ajuda. Talvez, daqui um tempo, você seja a única a notar a dor de outra pessoa e a conseguir ajudá-la.

Você concorda com as dicas de Anastasiya Rubtsova? Tem algo que gostaria de acrescentar ao que foi mencionado? Se souber de algum caso de violência contra a mulher, ligue 180 (no Brasil) e denuncie. O telefone é gratuito e confidencial.

Comentários

Receber notificações
Sorte sua! Este tópico está vazio, o que significa que você poderá ser o primeiro a comentar. Vá em frente!

Artigos relacionados