10 Frases que os pais devem evitar dizer aos filhos (nova seleção)

Psicologia
há 2 anos

Diferentemente das gerações mais antigas, marcadas por métodos de criação muito mais rígidos, atualmente fazer elogios aos filhos parece vir se firmando como uma estratégia amplamente adotada pelos pais com o intuito de reforçar a autoestima das crianças. Deixar claro aos filhos que eles contam com o carinho e a aprovação dos pais é fundamental para o desenvolvimento. Entretanto, é igualmente importante fazê-lo do jeito correto para evitar resultados indesejados.

Neste post, o Incrível.club elenca elogios que é melhor evitar dirigir às crianças, trazendo também alternativas para substituí-los.

1. “Estou orgulhoso por você ter tirado um 10!”

Natalia María Barrientos Roldán explica, em seu trabalho de pesquisa sobre aprendizagem infantil, que, em nosso espaço sociocultural, tirar um 10 em uma prova é visto como algo de extrema importância, já que costumamos associar notas altas a uma grande inteligência. Além disso, tendemos a acreditar que a inteligência tem a ver com algo inerente a um determinado indivíduo.

Assim, a forma como reconhecemos e valorizamos o esforço da criança é crucial, já que vai determinar se a mentalidade construída será “fixa” ou de crescimento. A mentalidade fixa faz com que a criança tente proteger sua autoestima, deixando de se arriscar a aprender coisas novas. Por outro lado, a mentalidade de crescimento motiva a aprendizagem.

Para estimular o desenvolvimento de uma mentalidade de crescimento, faz-se necessário evitar elogios direcionados às habilidades inatas, tendo em vista que isso provavelmente fará com que o pequeno tente, a todo custo, parecer inteligente — como se tivesse a inteligência fosse uma espécie de talento com o qual já nasceu. Os elogios precisam, isso sim, ser voltados ao esforço empreendido, para que a criança se sinta estimulada a continuar aprendendo e experimentando.

2. “Seu trabalho artístico ficou lindo!”

Durante a infância e o período de desenvolvimento infantil, a criatividade é um elemento fundamental. Geralmente, quando os pais estão diante de uma das “obras de arte” feitas pelos rebentos, acabam exagerando nos elogios, com o propósito de incentivar os filhos para que continuem desenvolvendo o lado criativo, melhorando a autoestima da criança. Entretanto, especialistas opinam que essa estratégia pode não ser a mais correta.

Um estudo realizado por Eddie Brimmelman, Sander Thomaes, Bram Orobio de Castro e Geertjan Overbeek explica que crianças com baixa autoestima em geral são justamente aquelas cujos pais elogiam demais. Esse tipo de comportamento, diferentemente do que as pessoas tendem a acreditar, não atua na melhoria da autoestima, e sim faz com que a criança simplesmente tente se encaixar em padrões, evitando desafios e novas experiências. Em teste feito por estudiosos do Science Center Nemo, instituição dos Países Baixos, ficou demonstrado que crianças exageradamente elogiadas por um desenho fizeram desenhos muito mais simples em um momento seguinte, em comparação com aquelas que foram moderadamente elogiadas. Assim, ficou claro que elogios demais não funcionam como estímulo para maiores esforços.

Portanto, elogiar a técnica ou a dedicação aplicada pela criança na hora de desenhar pode ter resultados muito melhores do que tecer elogios ao resultado do trabalho, em si, dizendo ao pequeno que ele é um grande artista ou que aquela obra de arte não tem defeitos.

3. “Que bom menino!”

Laura Markham já dedicou boa parte da vida e de seu trabalho a estudar e escrever sobre criação de filhos e psicologia infantil. Em seus artigos, ela explica que, assim como acontece com sorrisos e abraços, as interações verbais são elementos fundamentais na relação entre pais e filhos. Quando o assunto é elogio à criança, Markham afirma ser importante fazer com que o pequeno se sinta seguro de si mesmo e aceito. Porém, é igualmente importante usar os elogios certos para não obter resultados contraproducentes.

Um dos elogios mais comumente feitos por pais e mães é o de “bom menino” ou “boa menina”. Contudo, a especialista explica que avaliar a condição de “bom” ou “ruim” não é algo positivo. Além disso, Markham avalia que as crianças, por estarem em constante aprendizagem, nem sempre têm a noção de quais atitudes fazem delas “boas” ou “más”. Diante disso, o fundamental é que seu filho saiba que, independentemente do que fizer, contará com o carinho e o apoio dos pais. Em casos assim, um elogio como “aconteça o que acontecer, eu te amo” tende a ser muito mais efetivo.

4. “Você é muito bonita!”

Quando fazemos elogios envolvendo a aparência, o gênero é um elemento que acaba entrando no enfoque, ainda que nem sequer notemos isso. Em geral, as meninas são elogiadas pela beleza, enquanto os meninos ouvem elogios com base em outras qualidades. Kristyn Kusek Lewis, escritora da Parents Magazine, publicação voltada a mães e pais, explica que existe outra coisa capaz de influenciar mais as meninas do que os elogios: a impressão causada pela mãe. Ou seja, a maneira com que a mãe age e pensa.

A especialista Rachel Thomas, citada em um artigo de Kusek, recomenda que, quando a ideia for elogiar uma menina, o ideal é focar na valorização de momentos que constroem a autoconfiança. Um exemplo é quando a criança fala sem gaguejar. Outro ensinamento importante para transmitir às crianças do gênero feminino envolve gostar do próprio corpo não pelo lado estético, e sim por uma perspectiva de saúde. Ao se sentir bem consigo mesma, a menina saberá como enfrentar melhor os obstáculos que certamente surgirão durante o crescimento.

Agora, quando quiser elogiar sua filha, uma boa ideia é pensar em algo relacionado às capacidades da criança, sem fazer referência à aparência. Isso não quer dizer que os pais não devam enxergar a beleza da filha, mas que é fundamental deixar claro que esse não é o aspecto mais importante.

5. “Bom trabalho!”

A partir de seis estudos e experiências realizados com crianças e pais, as pesquisadoras Claudia M. Mueller e Carol S. Dweck explicam que elogiar os filhos por suas habilidades pode trazer consequências negativas, já que os pequenos tendem a achar que o importante é serem elogiados por uma conquista, em si — já tratamos desse aspecto neste post. Dessa maneira, é bem possível que, no dia a dia, a criança concentre seus esforços em obter resultados específicos, dignos de uma felicitação. Entretanto, quando pais e professores voltam seus elogios para o trabalho árduo feito pela criança, essa continua preferindo solucionar problemas que levem a novos aprendizados, deixando de lado o caminho mais fácil e seguro.

Da mesma forma, o estudo mostra que crianças constantemente elogiadas pelo bom trabalho executado aprendem a valorizar mais as consequências sociais de seus esforços, ou seja, o fato de serem parabenizadas ou elogiadas. Por outro lado, crianças elogiadas pelo esforço e pelo processo realizado dão mais valor ao resultado final, com todas as implicações disso, entendendo que o esforço permite a elas melhorar.

6. “A prática leva à perfeição”

Todo mundo sabe que praticar e treinar nossas habilidades costuma funcionar para que nos tornemos mais eficientes. Porém, quando dizemos isso a uma criança, podemos acabar provocando nela uma pressão exagerada para ser sempre a melhor. Joel Fish, psicólogo especialista em esportes e em jovens atletas, explica que, ao fazer comentários desse tipo, os pais passam a mensagem de que, se a criança falha, é porque não está treinando o bastante. Em consequência, o pequeno tende a recriminar a si mesmo, achando que, por mais que se esforce, não conseguirá melhorar. Em situações dessa natureza, é muito melhor apenas estimular a criança para que dê o melhor de si.

7. “Aprenda com seu irmão”

De forma geral, as comparações entre pessoas diferentes levam apenas a problemas e rivalidades. Comparar tende a trazer muitos danos, sobretudo quando isso envolve crianças. Os conflitos e a competição entre os irmãos costumam ser mais intensos em famílias com vários filhos. Quando os pais estimulam a concorrência entre as crianças, um dos pequenos tende a tornar-se um modelo a ser seguido pelos outros. Porém, a consequência desse tipo de atitude por parte dos adultos é não apenas ver os filhos competindo entre si, mas também colocando em risco a própria autoestima. No final das contas, a criança cresce com a ideia de que os pais esperam dela algo que não é capaz de atingir.

8. “Aprenda a fazer as coisas por conta própria, pois eu não estarei sempre para ajudar”

Todos os pais desejam que os filhos se tornem pessoas independentes. Afinal de contas, ninguém vive para sempre e, em algum momento, a criança crescerá e precisará cuidar de si mesma. Nesse caso, a chave é fazer tudo em seu devido tempo. Não é preciso “martelar” a cabeça da criança desde cedo dizendo que, algum dia, os pais não estarão mais presentes. Em vez disso, o mais importante é oferecer ao pequeno todas as ferramentas necessárias para que, quando chegar o momento da independência, ele possa cuidar das próprias necessidades de maneira eficaz, sem inconvenientes.

9. “Você é o melhor da escola”

De acordo com o estudo de Olivia López Martínez e Juan Navarro Lozano, dizer aos filhos coisas como “você é o melhor da escola” com muita frequência tem o potencial, não de fortalecer a autoestima, e sim de criar uma dependência maior dos pais, ou então de levar a criança a não dar valor àquela frase, excessivamente repetida. O crucial, aqui, é garantir apoio incondicional à criança, ao mesmo tempo em que se permite a ela vivenciar vitórias e derrotas sem a influência dos adultos.

10. Todo e qualquer elogio que não seja honesto

Quando a criança faz algo que exige muito trabalho ou requer grande esforço, como se apresentar em um palco, os pais tendem a elogiar a performance dizendo coisas como “você cantou maravilhosamente bem”, apesar de, em muitos casos, isso não ser verdade. Nessas horas, a intenção dos pais costuma ser felicitar a criança ou fazer com que ela se sinta melhor.

Quando a situação é desfavorável, a mesma coisa acontece: os pais tentam fazer a criança acreditar que o resultado do trabalho ficou melhor do que a realidade. O problema é que, como crianças são muito perceptivas, acabam se dando conta de que aquilo não passou de um elogio desonesto. E então, passam a se sentir mal consigo mesmas. Por exemplo, se a criança participa de um concurso de talentos na escola, mas não se sai tão bem, é melhor não fazer elogios nem críticas à atuação, e sim valorizar o esforço realizado para chegar àquele resultado.

Quando estiver prestes a elogiar seu filho por algo que considerar importante, pergunte-se qual seria a melhor forma de fazê-lo e também que lição você quer deixar naquela situação.

Em sua opinião, o que há de mais importante para dizer às crianças para que elas cresçam de maneira emocionalmente saudável? Comente!

Comentários

Receber notificações

Meus pais sempre foram meio duros e isso me fez o homem que sou hoje então parece que funcionou

-
-
Resposta