Ana já foi moradora de rua e hoje é uma corredora vitoriosa

Mulher
há 1 ano

Quem já participou de corridas de rua em São Paulo (ou em outras capitais brasileiras) talvez já tenha visto Ana Luiza Garcez, a ’Animal’. Pequena e geralmente usando um visual bem colorido, ela chama a atenção por onde passa.

Mais que isso: Animal também chama a atenção pelo fato de conquistar pódios em quase todas as provas de que participa, não raro chegando em primeiro lugar em sua categoria. Ela é uma máquina de correr, uma atleta admirada dentro e fora do mundo das corridas de rua. O que muita gente não conhece é sua incrível história de superação, um verdadeiro exemplo de garra e vontade de vencer.

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Ainda recém-nascida, Animal foi rejeitada pelos pais e deixada em uma caixa junto com a irmã gêmea. Desde muito cedo, teve de se acostumar com as dificuldades de viver na rua. Viveu até os 18 anos na antiga Febem (hoje fundação Casa, um órgão do governo do Estado que na época era conhecido por abrigar jovens infratores). Nas ruas, Aninal se virava como podia, buscando abrigo das noites frias de São Paulo sob viadutos, procurando comida em lixos e cometendo pequenos delitos. Foram tempos difíceis.

" Quando eu morava na rua, tinha de correr muito da Polícia. E assim aprendi. A Polícia me ensinou a correr..."

Nessa época, animal acabou se tornando também viciada em drogas. Foi quando, por volta dos 30 anos, ela despertou para o mundo das corridas de uma maneira inusitada: assistindo ao filme “Carruagem de fogo” em uma TV na vitrine de uma loja. Curiosa com o esporte, disse a alguns amigos moradores de rua que gostaria de começar a correr. E um deles, em tom de deboche, a desafiou para correr a Maratona de São Paulo. Ela resolveu levar o desafio a sério. Com a ajuda de alguns amigos de rua, conseguiu um tênis roubado e começou a treinar, conseguindo, inacreditavelmente, concluir os 42 quilômetros da prova.

“Chegavam perto de mim e me chamavam de bandida, traficante, ‘ladrona’. Graças ao esporte, estou aqui. Se não fosse pelo esporte, eu estaria na cadeia ou morta.”

Depois de uma longa estrada aprendendo a correr de verdade com treinadores experientes, como o lendário Wanderlei Oliveira, fundador do Clube de Corrida do Pão de Açúcar (que se dispôs a ajuda-la e com quem treina até hoje), Animal se tornou uma vencedora.

Ela acumula mais de mil participações em corridas e vitórias pra lá de expressivas em sua categoria. Quem a vê, pequena e vestindo acessórios todo coloridos, não imagina o quanto passou por dificuldade nas ruas.

Confira algumas de suas maiores conquistas, todas em sua faixa de idade:

  • Campeã geral da Meia Maratona de Santiago (Chile) 2006
  • Campeã da categoria 50-59 anos da versão dos 21 km da Two Oceans Marathon, na África do Sul
  • Campeã sul-americana Master nos 5000 metros e 10000 metros, em Arequipa, no Peru
  • Vice-campeã da competição Meia de Buenos Aires em 2004
  • Campeã Master das Meias-maratonas da Disney e de Miami (EUA) em 2010;
  • Campeã geral da Meia de Halloween de Miami (EUA)
  • 19 participações na São Silvestre
  • Campeã da Meia Maratona de Nova York (2018)
  • Segundo lugar na Meia Maratona de Nova York (2015)
  • Medalha de ouro em duas provas do Gay Games 2018: a de 5km e a de 10km
  • Campeã dos 800m, 1500m, 5km e 10km no Grand Prix Mercosur — Master de Atletismo

Como reconhecimento por sua incrível carreira, Animal foi uma das escolhidas para carregar a Tocha Olímpica dos jogos Olímpicos de 2016, quando esse grande símbolo do esporte olímpico passou por São Paulo.

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" Quando eu morava na rua, tinha de correr muito da Polícia. E assim aprendi. A Polícia me ensinou a correr..."

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