10+ Figurinos de cinema reproduzidos com tanta precisão histórica que não deixaram margem para críticas

Mulher
há 1 ano

Na história do cinema, há inúmeros filmes que não são dedicados a épocas abstratas, mas sim a períodos históricos específicos. Tais longas são um verdadeiro desafio para os criadores porque se espera que toda a caracterização — especialmente o figurino — faça jus à veracidade histórica da época retratada. Se os trajes não forem cuidadosamente elaborados, o público pode não “sentir” a atmosfera que se deseja criar, o que pode gerar futuras críticas negativas ao projeto.

Nós, do Incrível.club, revimos os filmes nos quais o figurino se mostrou não apenas luxuoso, mas também historicamente preciso. No mais, buscamos saber quais foram as inspirações dos artistas para a criação destas belas obras de arte. No bônus, você verá como um filme pode ter influenciado a moda ocidental dos anos 60 e 70. Acompanhe!

Emma (2020)

A designer de figurinos e vencedora do Oscar Alexandra Byrne estudou, com muito cuidado, os trajes vintage da Regência Britânica para entender melhor quais cores, tecidos e acessórios de guarda-roupa eram mais populares nos anos 1800.

Muitas pessoas se enganam ao pensar que, naquela época, usavam-se apenas roupas em tons sombrios ou opacos. Pelo contrário, os fashionistas da época buscavam sempre enfatizar o próprio estilo e status social por meio de suas roupas. A preferência era dada a tecidos luxuosos e repletos de cores. Por isso, Byrne decidiu cessar o equívoco generalizado e criou suas peças usando uma paleta rica em cores: do rosa bebê aos tons mais brilhantes de ocre.

Byrne também se inspirou em peças de museu. Por exemplo, o spencer (casaco) em rosa desbotado da personagem Emma realmente fazia parte do âmbito da Regência Britânica. Em 1790, essa espécie de casaquinho era inicialmente usada apenas por homens, mas logo migrou para os ombros das belas damas. O spencer ajudava as garotas a diversificarem de alguma forma os vestidos brancos enfadonhos, os quais se viam por todo o Reino Unido no primeiro quarto do século XIX.

Diversas vezes, Emma e as outras heroínas apareciam usando a chemisette — uma espécie de camisa feminina de mangas curtas. Durante o dia, as meninas usavam essa vestimenta por cima dos vestidos para cobrir a área do pescoço e do decote.

Esse vestido arejado é outro exemplo da atenção dada aos detalhes dos trajes. Em uma das cenas, Emma aparece em uma réplica de um vestido de seda de 1810. A equipe de figurinistas se esforçou bastante para reproduzir o enfeite sutil, que decorava a bainha e a parte superior da vestimenta.

Adoráveis Mulheres (2019)

Em 2020, o filme ganhou o Oscar de Melhor Figurino. E embora Jacqueline Durran tenha deixado passar certas imprecisões históricas, houve momentos em que o design das roupas se mostrou cuidadosamente elaborado e adequado à época.

Um exemplo disso: em um primeiro momento, cria-se a impressão de que o cachecol verde da personagem Meg parece ser uma escolha equivocada, visto que garotas da classe social dela não poderiam pagar por peças de roupa com corantes tão saturados. No entanto, nos anos 1850, corantes sintéticos já haviam começado a ser fabricados em escala industrial. Portanto, tais cores como o azul real, o roxo brilhante e o verde (como na foto acima) tornaram-se acessíveis para pessoas de classe baixa.

Titanic (1997)

As vestimentas do longa foram desenvolvidas por Deborah Lynn Scott, que ganhou um Oscar por seu trabalho impecável. O diretor a instruiu a retratar as características da época até os mínimos detalhes, pois a trama baseava-se em um famoso evento histórico. Deborah passou muito tempo estudando o estilo da era e buscou, em diversos livros, informações sobre etiqueta e moda, para entender com que tipo de roupa a alta sociedade da época deveria aparecer em público.

Então, no momento em que Rose aparece pela primeira vez na tela, na cena após o jantar, vemos a protagonista em um vestido de chiffon preto e vinho, que é quase uma cópia exata de um traje de uma revista de moda francesa de 1912. Esse tipo de roupa seria a escolha ideal para uma garota usar durante o dia, quando estivesse viajando.

A designer também se atentou às roupas íntimas das personagens. Sabe-se que as mulheres do início do século XX não usavam sutiãs, mas tinham de aparecer em público com a silhueta bem definida. Por isso, a personagem interpretada por Kate Winslet era forçada a usar espartilhos.

A Duquesa (2008)

Em 2009, o artista britânico Michael O’Connor foi premiado com um Oscar por seu trabalho. Ele criou 30 figurinos para Keira Knightley, que fez o papel da Duquesa Georgiana Cavendish. Para a época, essa figura histórica era considerada a mais “moderna” entre a aristocracia inglesa.

O enredo abrange um longo período: de 1714 até meados do século XX. Os trajes, portanto, refletem a evolução da moda durante esses anos. O vestido de noiva da Duquesa, por exemplo, foi evidentemente inspirado nos trajes franceses luxuosos do fim da década de 1770: aqui você pode ver como até as decorações eram harmonizadas. Preste atenção também no panier simétrico, que são as anquinhas laterais bastante largas e características do século XVIII.

Georgiana foi a primeira a transformar a pena de avestruz em um acessório de moda. A Duquesa posou para um artista usando um chapéu de abas largas com tais penas aplicadas ao topo. Foi a partir desse momento que esse acessório de vestimenta passou a ser muito requisitado na Inglaterra. Naturalmente, o figurinista optou por refletir essa característica no guarda-roupa da protagonista.

Mulan (2020)

O figurino é, sem dúvida, um dos maiores atributos dessa adaptação cinematográfica. A designer Bina Daigeler passou três semanas viajando pela China, onde mergulhou na história do país e se inspirou nas roupas da Dinastia Tang (séculos VII-X). Na época, as mulheres usavam vestidos de mangas muito compridas e de cintura alta. O guarda-roupa desse período também era caracterizado por cores vibrantes: militares usavam uniformes roxos, azuis e vermelhos; e poderia haver até cinco cores nos vestidos das mulheres.

Um dos trajes mais memoráveis é o de quando Mulan vai até a casamenteira. Daigeler usou como modelohanfu — uma vestimenta tradicional chinesa, que é decorada com bordados feitos à mão: borboletas, magnólias e fênices. O processo de criação levou cerca de quatro semanas.

Rebecca — A Mulher Inesquecível (2020)

As roupas para a nova adaptação do romance de Daphne du Maurier foram criadas por Julian Day. Como o filme se passa nos anos 30, Day inspirou-se em Hollywood e nas mulheres de personalidade forte da época. A Sra. de Winter, por exemplo, foi baseada em Marlene Dietrich: a heroína interpretada por Lily James também vestia calças e jaquetas tradicionalmente usadas por homens, o que era algo bastante revolucionário para o período.

Frida (2002)

Com produção de Julie Taymor, Frida, de 2002, conta a história da pintora mexicana Frida Khalo que se consagrou como ícone pop e hoje é considerada uma das grandes referências do mundo artístico. O visual atípico para a época, cheio de cores, flores e acessórios extravagantes que eram sua marca registrada, além das famigeradas sobrancelhas, sem dúvida alguma foram um verdadeiro desafio para a figurinista da produção retratar com fidelidade e demonstrar, através da reprodução, a importância que tiveram para a vida da mexicana.

Contudo, o resultado final mostrou quão detalhista, trabalhoso e eficiente foi o trabalho da responsável pelos trajes Julie Weiss, que além da indicação ao Oscar, chegou a ganhar reconhecimento também no BAFTA, no ano de 2003. Basta olhar os acessórios como colares, brincos, e particularidades da roupa para entender o motivo. Genial, não?

Bônus: como os estilistas retratam em filmes históricos a moda da época vigente

Os criadores nem sempre mostram por meio do figurino a época em que os personagens vivem. Às vezes, eles se inspiram no próprio tempo. Foi o que ocorreu, por exemplo, com o filme musical 31 de junho, que foi lançado em 1978. A trama se desenrola em duas frações temporais ao mesmo tempo: os séculos XII e XXI. Mas os designers tiraram ideias das tendências de moda dos anos 60 e 70 do século XX.

A Princesa Melicent aparece com um traje em cores vibrantes e usando um turbante. Esse acessório, aliás, atingiu seu auge de popularidade nos anos 70: turbantes eram usados por Barbra Streisand e até pela própria Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

Outra combinação de moda incomum foi demonstrada pela personagem Lady Ninette do filme. Ela usava na cabeça uma ferronnière — um ornamento em forma de corrente, que descia até a testa. Esse acessório surgiu pela primeira vez na Itália no fim do século XV. É possível que esse adorno tenha inspirado as faixas na cabeça usadas pelos hippies nos anos 60.

Já os cabelos colocados por baixo da corrente no pescoço são uma referência evidente à atriz alemã Veruschka von Lehndorff, que saiu na capa da revista Vogue com um penteado semelhante em 1969.

Você repara nos figurinos dos filmes e das séries de TV? Na sua opinião, em qual deles você acha que foi realizado um trabalho realmente preciso e impressionante? Comente!

Observação: Este artigo foi atualizado em Setembro de 2021 para corrigir o material de origem e/ou imprecisões factuais.

Comentários

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ROUPA DE ANTGAMENTE ERA MUITO MAIS BONITA QUE DE HOJE ME LEMBRO DA MINHA MAE QUE USAVA SAIA RODADA SEMPRE

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é interessante quando a gente vê empenho da equipe dos filmes em reproduzir tudo de forma fiel, parabéns

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O titanic foi mesmo perfeito, até a roupa das pessoas pobres parece ter sido bem estudada

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Eu também achei o titanic magnifico, queria muito ter vivido naquela época porque as roupas são de um estilo imcomparável

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Orçamento alto faz com que, na maioria das vezes, o filme consiga esse tipo de perfeição

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