Vivo em Israel há 18 anos e me surpreendo diariamente com as tradições e os costumes judaicos

Gente
há 4 anos

Olá! Meu nome é Tatiana e vivo em Israel há 18 anos. Aqui eu trabalho numa empresa de venda de ar condicionado e crio 3 filhos junto com meu marido. A minha maior paixão é viajar e estudar as tradições do país, que se tornou a minha segunda casa.

Vou contar aos leitores do incrível.club como é a vida na Terra Prometida. Aposto que você vai ficar curioso para saber por que os produtos são jogados fora na semana de Páscoa e como são as mães judias modernas.

Nossa família não é considerada grande

Nós temos “apenas” 3 filhos (na foto estão meu marido e eu, nossos 2 filhos menores e o mais velho com sua esposa). Aqui, ter 3 crianças na família é algo normal. As famílias de judeus religiosos podem ter 6, 8 ou até 10 filhos. Não há motivos para parar enquanto a mãe pode dar à luz. Estas famílias são muito diferentes daquelas seculares em seu modo de vida. Elas gostam de viver em comunidades. Escolas e creches também são bem específicas.

Neste contexto, as famílias israelitas que não vivem de acordo com as leis das comunidades religiosas têm relativamente poucas crianças — 3 ou 4. Apesar disso, a licença-maternidade no país dura apenas 15 semanas.

Não existe o conceito de cuidados parentais excessivos

Qualquer família acha que seus filhos são os melhores e mais talentosos. E que a criança deve ser alimentada ao máximo. No almoço, a mãe sempre vai listar cuidadosamente tudo o que está no menu do dia.

Às vezes, tal cuidado parece um pouco excessivo, mas aqui é visto como algo normal. Amarrar os cadarços do seu filho já crescido em um treino de esportes é perfeitamente admissível. Depois do exército, os adolescentes já adultos tornam-se rapidamente independentes e raramente continuam morando na casa dos pais.

As avós judias são loucas por seus netos

Uma das minhas avós se chamava Frida. A casa dela era estéril como se fosse uma sala de operação no hospital. Nos eventos e feriados ela preparava os mais diversos pratos típicos: peixe recheado, forshmak, bolo de arroz e ganso com repolho cozido.

Também trazíamos muitas gostosuras para ela. Uma vez fiz bolinhos de batatas e os levei para minha avó. Entreguei congelados para ela cozinhá-los quando fosse conveniente. Depois de meia hora, liga minha avó feliz, dizendo:

— Tatiana, meu amor, muito obrigado pelos bolinhos! Tão deliciosos! Só que você não os cozinhou direito, né?!

— Vó! Eu não os cozinhei!

É assim que é uma avó judia. A coisa mais importante é elogiar.

Há muitos feriados familiares em Israel

Não me lembro bem quando é o dia da mulher, da família, das mães, dos pais e até das avós e bisavós. São muitas datas, e é impossível decorá-las. Agradecemos às comissões de mães e pais nas creches e nas escolas pelos lembretes frequentes e pelos presentes e lembranças que fazíamos com as crianças.

A maior atenção é dada ao Dia da Família. Claro que isso não é um dia de folga, mas seu chefe pode fazer alguma surpresa agradável. Este ano, meu marido recebeu um cupom para ir a uma pizzaria com a mensagem: “Passe a noite com sua família”.

Os soldados têm salários e dias de folga

Veja como meu filho cresceu na foto. Ele terminou de servir no exército recentemente. A atitude em relação aos soldados aqui é extremamente amável. Pessoas desconhecidas nas ruas podem pagar alguma coisa para eles numa loja ou mercado. Durante a lei marcial, as pessoas coletam muitos doces e coisas simples como meias, camisetas e produtos de higiene pessoal para os soldados.

Os rapazes servem durante 2 anos e 8 meses, as meninas por 2 anos. Todos os soldados têm dias de folga: normalmente passam 3 sábados e domingos por mês em casa, e no quarto fim de semana estão de serviço na base. Eles também recebem salários que variam de € 100 a 400 (R$ 450 a R$ 1.800) e, no final do serviço, ganham um bônus que varia de € 2.000 a € 4.000 (R$ 9.000 a R$ 18.000).

Não é preciso decorar fórmulas ou escrever redações nas escolas

As crianças israelenses estudam por 12 anos (ensino fundamental, 6 anos; ensino médio, 3 anos; ensino superior, 3 anos). Na primeira série, estão matriculadas as crianças de 6 anos, que neste nível já devem saber os números e as letras. Não é aconselhável ensinar a ler em casa, porque há um sistema especial no qual aprendem a ler textos.

Não há física, química ou biologia no plano de ensino. Em vez disso, há a matéria de “ciências” (madaim), que inclui tudo isso. Poucas fórmulas são ensinadas e elas não precisam ser decoradas até os mínimos detalhes. Além disso, não há necessidade de escrever poemas, dissertações ou narrações. Por outro lado, os alunos muitas vezes preparam trabalhos criativos, projetos e apresentações por vontade própria, em dupla ou em grupos.

A maneira mais fácil de conseguir um emprego é por recomendação

Arranjar um emprego por recomendação? Fácil! Isto é exatamente o que muitos fazem aqui: perguntam aos seus amigos se precisam de um funcionário na empresa onde trabalham. Os empregadores também preferem selecionar pessoas por recomendação. Entre 2 candidatos com as mesmas qualificações, escolhem mais frequentemente alguém que conhecem pessoalmente ou foi recomendado.

Aqui há um slogan muito popular: “Amigo traz amigo”. A empresa do meu marido até dá um pequeno bônus ao funcionário que recomenda uma pessoa. Também fui contratada praticamente sem entrevista, porque confiavam no meu marido. Como resultado, tive essa grande oportunidade de trabalhar em uma empresa onde pudesse crescer profissionalmente.

Os papagaios aqui são verdadeiras pragas caseiras

Outro dia tivemos um conflito com os pássaros. Nossos dois papagaios grandes e verdes estavam “namorando” nosso cano de ventilação da cozinha. De manhã, estavam sentados nas cordas do varal no banheiro, e meu marido conversou com eles normalmente. Tudo parecia estar bem, até que notamos que havia alguma coisa de errado com as luzes. Abrimos a caixa de interruptores para verificar o que tinha acontecido e descobrimos que os pássaros tinham danificado os fios.

Nessa hora não pensávamos mais no amor que tínhamos por nossos animais. Em primeiro lugar, eles poderiam ter virado aves fritas a qualquer momento e, em segundo lugar, poderiam ter incendiado a casa inteira por causa de um curto-circuito. No dia seguinte, meu marido encheu de isopor todo o interior dos tubos de ventilação e do umidificador de ar.

Um objeto abandonado na rua é automaticamente considerado perigoso

Um dia, a polícia atirou na mochila da escola do meu filho. Sério! O menino simplesmente esqueceu a bolsa no McDonald’s. E só percebeu no dia seguinte pela manhã, quando precisou ir para a escola. Os funcionários do “Mac” nos contaram a longa história de quando precisaram chamar a polícia, que chegou e isolou o espaço de todas as pessoas para poder “neutralizar” a mochila.

É o que fazem em Israel com qualquer objeto abandonado. Na maioria das vezes são apenas coisas esquecidas, mas eles preferem prevenir do que remediar. O mais interessante é que a polícia nos trouxe um formulário de processo. Tivemos que escrever a quantia a ser reembolsada como resultado da “neutralização” dos bens que estavam na mochila. E eu pensando que teríamos que pagar uma multa.

O que é kosher (ou kasher)

Eu escrevo “kasher”, não “kosher”, porque em hebraico a palavra é lida e soletrada com um “a”. Mas nas versões inglesa, e em outras línguas, dizem “kosher”.

Kashrut é uma lista de leis alimentares, ou seja, quais regras devem ser obedecidas para que o alimento seja próprio para consumo. “Próprio” é como a palavra “kasher” é traduzida. Os livros do Antigo Testamento e da Torá descrevem todas as regras relativas ao alimento — o que pode ou não ser consumido e de que forma.

Todo alimento ou produto em qualquer supermercado israelense tem um selo “kasher”. É colocado apenas pelo rabino principal ou local. Naturalmente, ele não pode colocar o selo em qualquer produto — há regulamentação por todos os lados. E isso, claro, não é uma atividade voluntária, eles recebem um ótimo salário para realizar esse tipo de trabalho.

Os israelenses são verdadeiros fãs de karaokê

Os israelenses têm duas paixões: comer e cantar. Para isso, se reúnem em grandes grupos. Podem organizar grandes festas em casa também. Especialmente durante as estações mais quentes, que duram aproximadamente 10 meses por aqui.

E não adianta lutar contra os amantes de festas e karaokê. Depois das 23h não é permitido fazer nenhum tipo de barulho, e qualquer bagunça pode terminar com a polícia à sua porta. Mas, ainda assim, os amigos normalmente se juntam para dividir a multa e continuam festejando. Eu perguntei a meus amigos que gostam de cantar: “E seus vizinhos não se queixam do barulho?”. E a resposta foi: “Claro que não! Ou eles se juntam a nós ou depois fazem suas próprias festas”.

O sorvete local é anunciado como “verdadeiro italiano”

É uma mensagem comum de se ver nos caminhões de sorvete em Israel. Mas são produzidos aqui, mesmo, os sabores e aditivos são todos locais. Praticamente em qualquer lugar, aliás, podem ser encontrados sorvetes muito saborosos.

Ao lado dos sorvetes e sorbets, há tigelas e complementos para iogurte congelado. Compro estes com mais frequência: peço que misturem diferentes complementos com o iogurte e, no final, tenho uma mistura de cor não muito agradável, mas com um sabor bem original.

Em julho, o mar se transforma em uma “sopa de águas-vivas”

Estas criaturas inundam as águas do mar. Por vezes nem vemos as águas-vivas, apenas sentimos as queimaduras na pele depois de sair da água. Todos os israelenses sabem que não há nada para fazer no mar em julho. A orla fica vazia e há bandeiras pretas esticadas perto da água. Se no entanto algum corajoso for visto nadando, pode ter certeza de que se trata de algum turista que não foi informado desse “pequeno” detalhe.

Se você se queimar (no início e no final da estação nem sempre é claro quando a água está perigosa), você precisa lavar o local com água marinha e passar suco de limão ou vinagre. Pode-se sempre pedir um limão ao salva-vidas ou nos quiosques da praia.

31 de dezembro e 1 de janeiro — dias úteis normais

Os israelenses não celebram o Ano Novo nem o Natal. Quando a véspera de Ano Novo cai de sexta para sábado, ficamos realmente felizes que podemos comemorar tranquilos nosso feriado favorito. Caso contrário, temos de tirar um dia de folga à nossa custa e fazer um acordo com os supervisores, visto que muitas pessoas estarão ausentes pelo mesmo motivo.

O Natal é visto como algo estranho sobre o qual ninguém sabe nada. E não importa que as raízes deste feriado tenham surgido em Israel, para os habitantes locais é uma celebração irrelevante, para a qual ninguém dá muita importância. Exceto os árabes cristãos. Pelo menos em tais comunidades há uma atmosfera festiva, não tão grandiosa como em outros países, mas há uma semelhança nos símbolos e decorações de rua.

Chuva e neve causam caos no país

chuva aqui começa com gotas do tamanho de um dedo. A água corre pelas ruas, inundando os edifícios, e as ruas transformam-se em grandes engarrafamentos. Os israelenses entram em pânico ao volante e então começa: alguns saem andando, outros gritam, e há ainda os que buzinam infinitamente. E quando estamos cobertos de neve, as vias ficam bloqueadas até que tudo esteja limpo.

Em manhãs particularmente nubladas, nos chats da escola há muitas vezes uma mensagem de alguém dizendo que não irá às aulas. “Como é que as crianças vão na chuva? Vão ficar molhadas e doentes”. E a direção da escola normalmente concorda: mesmo que meia classe fique em casa por causa das chuvas, não há repreensões.

Na Páscoa judaica é comum jogar fora uma parte dos alimentos

No feriado da Páscoa, chamada de “Pessach”, em todas as casas tradicionais israelenses as pessoas quebram o Matzá, comem ovos cozidos sem molho e mergulham as folhas de salada em água salgada. Todos estes são símbolos da saída do povo israelita do Egito há cerca de 4.000 anos.

Antes da festa, é preciso eliminar da casa o “hametz” — todos os alimentos que contém fermento ou farinha. Os mais estritos queimam estes produtos na fogueira, e os demais colocam-nos em uma caixa ou dão à outras pessoas. Livrar-se do excesso de comida é uma boa razão para limpar todos os armários e cantos da casa. Os apartamentos em Israel normalmente ficam brilhando. E muitos ainda renovam os móveis de casa durante o feriado.

Em abril, há tempestades de areia

Na primavera, há muitas vezes um fenômeno como a seca que é acompanhada, frequentemente, por tempestades de areia. Os ventos do deserto trazem o calor, derretendo o ar, e as pessoas nas ruas se sentem como um bolo assando no forno. Esse calor pode ser acompanhado de uma cortina de areia ou pó. Você já ouviu falar do “sol branco do deserto”? É exatamente este caso, quando por trás de uma camada de poeira o sol torna-se branco brilhante.

Essa “felicidade” dura de 2 a 3 dias, mas às vezes pode durar uma semana. Como regra geral, até as pessoas mais saudáveis sofrem. O que os locais fazem nessas horas? Vão nadar no mar! Esta alternativa é, na verdade, uma salvação — água fresca, cristalina e calmaria. Outra boa opção são os museus, exposições e outros estabelecimentos com ar condicionado. Além disso, é necessário beber muita água fresca e limpa nessa época.

Aqui tem a feira única dos Nabateus

Os Nabateus conduziram produtos há milhares de anos ao longo da rota desde a Arábia até a Europa. Eles transportavam resinas preciosas, incenso, especiarias, às vezes ouro e pedras. Agora, infelizmente, só restaram ruínas das suas cidades. Em um destes lugares, chamado Mamshit, acontece duas vezes ao ano uma feira dos Nabateus, um autêntico bazar oriental.

Aqui você pode ver como são feitos os tapetes, as peças de vidro, os cestos, como são queimadas as nozes e como se preparam as joias e peças de bijuteria. São organizadas aulas para crianças e lá vendem todos os tipos de iguarias, como nozes fritas com açúcar e canela ou doces no palito. Como em qualquer parque nacional, a entrada é paga e custa cerca de US$ 6 (cerca de R$ 24) por pessoa.

Turistas são alimentados com salada e queijo pela manhã

Bacon, salsichas e linguiças não fazem parte do café da manhã israelense. A maioria dos hotéis e restaurantes em Israel segue o kashrut, que proíbe misturar laticínios e produtos de carne. Portanto, o café da manhã é tradicionalmente de derivados do leite, enquanto o almoço e o jantar são servidos com carnes.

Turistas despreparados podem ser surpreendidos pela falta de salsichas no café da manhã. Mas nos hotéis haverá uma grande variedade de queijos caseiros, iogurtes, doces de padaria, pastéis, sobremesas, saladas, ovos e peixe.

Em fevereiro, florescem muitas amêndoas

Fevereiro em Israel é primavera. Um dia, alguns amigos nos levaram para ver o florescer das amêndoas, em Ein Kerem, um bairro nos arredores de Jerusalém. Pensei que estávamos num conto de fadas, na floresta mágica de Nárnia, com apenas nuvens brancas de flores à nossa volta.

Amêndoas em hebraico são chamadas de “shaked”, que significam “aquela que está de guarda”. Pelo que dizem, esta planta “observa” a chegada da estação quente. E quando a shkedia (amendoeira) aparece, é sinal de que a primavera chegou. No centro do país, os mais belos lugares de florescimento estão localizados entre Latrun e Jerusalém.

E, em abril, as flores do deserto

No caminho para Eilat, vimos arbustos floridos no coração do deserto, na cratera Ramon. Esta cratera, aliás, tem a forma de um coração. Ao longo da estrada, dentro do vulcão e mais ao sul, há lindas flores vermelhas, amarelas e rosadas.

Esta parte do deserto floresce em abril, e os lugares mais incríveis que já vi são em Borot Luts e na reserva Obodate. A mistura de cores não acontece todos os anos, mas apenas depois de um inverno chuvoso. E este ano foi assim. Neste caso pode-se ver até uma poça, como um lago, na cratera.

Como descansar no Mar Morto

Todos os hotéis na costa do Mar Morto estão concentrados em um único lugar — Ein-Bokek. Lá você pode encontrar um local para relaxar, independentemente de quanto pensa em gastar — a lista varia de hotéis de 3 a 5 estrelas. É melhor reservar o quarto com direito a 3 refeições diárias, visto que não há muitos lugares para comer fora dos hotéis. Há apenas alguns quiosques que vendem sanduíches e pequenos restaurantes nos centros comerciais.

Depois de tomar banho no mar, é necessário, antes de mais nada, tirar o sal. Para isso, há chuveiros gratuitos nas praias da cidade. Banheiros e vestiários custam US$ 0,5 (cerca de R$ 2,00). A lama terapêutica precisa ser providenciada também, já que não há lama natural na praia.

O único entretenimento aqui é fazer compras nos pequenos centros comerciais. De qualquer forma, turistas não vão ao Mar Morto para atividades consumistas, mas sim para renovação física e mental.

Bônus: a verdade sobre as mães judias

A atitude das mães israelenses em relação às crianças parece ser sempre a mesma, mesmo que os seus “bebês” já tenham mais de 40 anos e estejam casados há muito tempo.

  • “E lembre-se, filho, quem quer que seja ela, já não gosto dela”.
  • “Izya, filhinho, ouve a mamãe”.
  • A mãe judia acredita que o filho não pode ser considerado viável até que tenha se formado na faculdade de medicina ou de direito.
  • — Mãe! Vou me jogar da janela agora por causa de você!
    — Filho! Põe a toca pelo menos!

  • Mãe judia para o seu filho:
    — Isso, vai se casar, vai! Deixa tua mãe sozinha, mesmo!
  • — Amor, já almoçou?
    — Mãe, eu já estou casado.
    — Eu sei, por isso que estou perguntando!

Você já esteve alguma vez em Israel? Ou ainda está só planejando ir para este país e conhecer a cultura local?

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