Uma história que mostra como os milagres acontecem até em filas de lojas

Histórias
há 1 ano

Não existe hora certa par ajudar alguém. Leia a história abaixo com muita atenção e lembre-se de que você sempre pode fazer a diferença na vida de alguém. Não economize nos sorrisos, eles sempre voltam em dobro.

Milgares são feitos por nós mesmos, com nossas próprias mãos e todo nosso coração

Há uma semana prometi ao meu filho que compraria uma escavadeira. Nós moramos no hemisfério norte, onde neva muito, e esse sempre foi o sonho dele e eu quis torná-lo realidade. A semana foi muito tensa e todos os dias, com um sentimento de culpa, eu adiava a ida até a loja. “Amanhã eu vou”, dizia para mim mesma todos os dias. Eu já não podia olhar para os olhos dele, cheios de esperança e com uma pontinha de desilusão pelo presente que nunca chegava. Se ele implorasse, a situação seria outra. Mas fui eu que prometi.

Na sexta feira, quando fui buscá-lo na escola, decidi que tinha chegado a hora de cumprir com a minha promessa e falei para ele, que ficou radiante. Ele saltava pelo asfalto. Durante toda a semana ele tinha sonhado com a cobiçada escavadeira, chegou a desenhá-la e criou histórias fantásticas sobre ela na cabeça. Agora, o sonho estava prestes a se realizar dentro de um grande centro comercial.

Rapidamente compramos os alimentos necessários e eu guardei 20 euros para a compra mais importante. Passamos pela entrada da seção infantil, onde tudo estava prestes a acontecer. Meu filho foi correndo até a prateleira desejada. Uma escavadeira maravilhosa por 19,99 euros estava lá, dizendo: ’Me leva!’. Foi isso que fizemos e fomos até o caixa.

Mas o Universo decidiu que ainda não havíamos passado por suficientes obstáculos. O destino nos colocou em uma fila mais comprida que a Muralha da China, com apenas uma pessoa trabalhando. As pessoas brigavam e exigiam que colocassem mais um caixa. Todos suavam e gritavam que iriam fazer uma reclamação formal, mas a mulher do caixa apenas respondia que estava sozinha. Se fosse outro dia, com certeza nós teríamos ido embora. Mas naquele momento aquilo nem passou pela minha cabeça. Meu filho apertava muito forte a caixa com a escavadeira e nenhuma força do mundo poderia tirá-la dele.

Na nossa frente havia uma mulher com um carrinho de bebê e um filho mais velho, da idade do meu. Ela tinha olhos lindos, mas muito tristes. Constantemente parava para contar quanto dinheiro tinha, revisando a papinha de bebê e alguns iogurtes que levava na cesta. “Isso será suficiente para 3 dias: sábado, domingo e segunda. Depois deve chegar a ajuda”. Ela e os filhos estavam mal vestidos, na verdade pouco vestidos para a temperatura que fazia. O filho mais velho estava apenas com uma malha e uma jaqueta fina, e o bebê estava enrolado em vários cobertores. Todos muitos magros, com grandes olhos expressivos e muito lindos e unidos. Quando o bebê acordou e chorou, o irmão rapidamente tentou acalmá-lo. “Calma, daqui a pouco você vai comer algo em casa”.

Lentamente, nos aproximamos do caixa. Na altura de uns chocolates, o garoto perguntou:

“Mãe, você acha que o Papai Noel pode me trazer um Kinder Ovo nesse Natal?”.

“Não sei, meu filho...”, respondeu a mulher, com os olhos ainda mais tristes.

“Eu queria muito muito muito... Afinal de contas, os adultos falam que é no Natal que os sonhos se realizam, não é mesmo?”, disse o pequeno.

Nesse momento, pensei em quantos chocolates eu já tinha comprado para o meu filho, sem me preocupar, apenas com as moedas que estavam sobrando. E nas muitas vezes que encontrei os brinquedos dos meus filhos jogados atrás do sofá, completamente esquecidos.

Minha mão começou a procurar algo na bolsa. “Comprarei um Kinder Ovo e darei para essa mulher para que ela dê ao filho”, pensei. Mas percebi que eu só tinha os 20 euros na bolsa. Para a escavadeira. Não estava com meu cartão de crédito. Respirei fundo, tentando eliminar pensamentos muito complexos. Parei de olhar para a família.

Chegamos perto do caixa e pela primeira vez meu filho soltou a escavadeira, aparentemente ele estava cansado de segurá-la. Ele começou a olhar para ela de longe. O filho da mulher fez a mesma coisa. Olhar é pouco, os dois não podiam tirar os olhos daquele brinquedo tão chamativo.

“Que bonita!”, ele se atreveu a dizer.

“Sim!”, respondeu meu filho com alegria. “Tenho um caminhão, um guindaste e um misturador de concreto. E você?”

“Ah.... Eu não tenho nada disso. Bom, tenho dois carrinhos, mas um está sem uma roda. Parei de usar para deixar para o meu irmão”, ele disse.

Meu filho ficou em silêncio, surpreso. “E por que o seu pai não conserta a roda do carrinho?”.

“Eu não tenho pai”, respondeu o menino segurando a mão da mãe. “Bom, tchau”.

A família foi em direção à saída, com o bebê ainda soluçando. No caixa, pagamos e eu saí com uma sensação de que a vida segue, apesar das injustiças.

“Mãe, já volto”, meu filho gritou correndo para longe de mim.

Ele conseguiu alcançar a família e deu a escavadeira ao menino, dizendo: “Toma, pra você”. Sorrindo, ele voltou até mim.

Eu fiquei muito surpresa, emocionada e feliz. Sim, eu estava muito feliz. Nos abraçamos e meu filho me disse: “Mãe, você está quase chorando”. Eu desconversei, e abracei o meu filho de novo, em silêncio.

Depois, ainda na saída, consegui falar com a mulher e combinei de dar roupas para eles. Mas essa é outra história...

Sim, os milagres somos nós que fazemos, com nossas próprias mãos e nossos corações.

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