Modelo brasileira com síndrome de Down prova que a diversidade também está nas passarelas

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há 1 ano

Ela iniciou a carreira em 2018, aos 18 anos. Um ano depois, se tornou a primeira modelo com síndrome de Down formada profissionalmente. De lá para cá, acumulou campanhas, desfiles em passarelas nacionais e internacionais, virou embaixadora de uma marca renomada, estampou matérias em grandes revistas de moda, conquistou seu merecido reconhecimento e caiu nas graças do público, acumulando centenas de milhares de seguidores nas redes sociais — número que só cresce a cada dia que passa!

Estamos falando de Maria Júlia Araujo, conhecida como Maju. Além de tudo isso, a modelo arruma tempo para se dedicar à causa da inclusão e criou a campanha: “Inclusão não é moda, inclusão é cidadania”. Por esse e outros feitos, Maju foi considerada uma das 300 personalidades femininas inspiradoras de 2019.

Nós, do Incrível.club, admiramos a força de vontade, o profissionalismo e a determinação de Maju, por isso, conversamos com ela e hoje te apresentamos um pouco mais dessa linda e inspiradora mulher, que brilha em todos os espaços!

Como tudo começou

Maju conta que a moda já era uma paixão desde a sua infância. “Quando era bem pequenininha, pegava as roupas das bonecas das minhas irmãs e vestia, produzia looks, me maquiava. Depois de um tempo, quando eu ainda era criança, em uma viagem que fizemos em família para um sítio, descobri que tinha um fotógrafo profissional lá e pedi para ele tirar fotos minhas. Comecei a pegar o que tinha ao meu alcance para montar um novo look e fiz várias poses. Sempre amei as câmeras, assuntos de beleza e autocuidado!”

Esse gosto pessoal acabou sendo muito importante para o seu trabalho como modelo: “O preparo é um ritual constante, diário e é algo que faço de dentro para fora. Para ter energia na rotina de modelo, preciso começar pela alimentação, prática de exercícios, uma boa noite de sono. Além desse cuidado ’interno’ preciso também do cuidado ’externo’, estou sempre cuidando da pele, do cabelo, da saúde e do corpo como um todo!”

A recepção na indústria da moda

Sobre a recepção que teve quando começou a trabalhar com a indústria da moda, Maju diz: “No geral, eu fui muito bem recebida! Claro que ainda há muita resistência por parte de muita gente, mas isso não é motivo para desistirmos! A L’Oréal Paris foi uma marca que me abraçou por inteiro, sem mudar minha essência! Aprendo e compartilho muito com eles e estou amando trabalhar nesse dream team! Desfilar em uma fashion week internacional foi um acontecimento histórico, não só na minha carreira, mas nessa luta pela inclusão e também em termos de representatividade. Sou a primeira modelo brasileira com síndrome de Down a representar o Brasil numa fashion week internacional e em um continente onde ainda há muito preconceito com pessoas com deficiência”, relata.

As campanhas a favor da inclusão

A modelo também é ativista pela inclusão de pessoas com deficiências em todos os espaços. “Diversidade é a nossa realidade. Precisamos dela para sobreviver. É com as nossas diferenças que somos completos, que aprendemos mais e nos desenvolvemos mais. Todos somos diferentes em muitos aspectos e todos temos um valor e algo a acrescentar na nossa sociedade. Sobre a campanha ’Inclusão não é moda, inclusão é cidadania’, falamos sobre a inclusão como um dever e direito de todos. Vemos que muitas pessoas ainda a enxergam ou como um favor ou como um meio de se autopromover, através de campanhas apelativas em datas específicas, como Dia das Mães e dos Pais. Mas a inclusão é mais que isso. Não é uma tendência, mas uma necessidade! É por isso que quando estou na passarela me sinto em casa, vivendo meu propósito, meus sonhos, minha missão”.

A gente concorda integralmente com você, Maju!

Os sonhos profissionais da modelo

O trabalho focado, a dedicação e a superação de diversos desafios deram resultado. “Eu sabia que viveria grandes acontecimentos na minha carreira e ainda assim fico surpresa com a forma como as coisas têm acontecido! Foram e são anos de trabalho e investimento e é maravilhoso ver os frutos de tudo que temos construído! Tenho muitas ambições profissionais pela frente, novas conquistas e sonhos, mas já sou muito feliz com tudo que tenho vivido!”

Profissionalmente, Maju tem muitas metas, sonhos e uma missão de vida para realizar. “Quero conhecer o mundo e ser conhecida por ele. Minha maior missão é impactar e inspirar pessoas através da minha história e da minha posição! Eu amo o que faço e minha meta é entregar o meu melhor a cada dia, sempre me superando, aprendendo e experimentando novas oportunidades e desafios. O maior deles ainda é driblar o preconceito. Já tenho um grande reconhecimento, mas as pessoas ainda não valorizam o meu trabalho, mesmo sendo uma pessoa capacitada e profissionalmente formada. O espaço que nos oferecem ainda é pequeno e nossa luta é continuar buscando mais representatividade e valorização”, conta.

Na vida pessoal, os anseios também são grandes!

Na vida pessoal, a modelo também sonha alto e faz muitos planos: “Pessoalmente, quero casar e ter uma família. Essa é uma meta que também tenho desde criança. Não há desafios que me impeçam de alcançar esse sonho, só preciso fazer tudo no tempo certo e com a pessoa certa! Sou uma pessoa muito romântica! Amo fazer planos e imaginar meu futuro cheio de possibilidades! Profissionalmente quero desfilar pelo mundo! Paris Fashion Week, New York Fashion Week. É um sonho também ter a minha própria marca, um filme contando a minha história! Tem muitas viagens também que desejo fazer com a família, quero poder conhecer o mundo com eles”.

Maju sabe que está em uma posição de destaque, que é pioneira na sua área e encara isso de forma muito natural e, também, como uma grande responsabilidade: “Eu amo! Me deixa muito feliz poder trabalhar para abrirmos as portas para outras pessoas viverem seus sonhos. Essas portas nunca deveriam ter sido fechadas e existe um atraso muito grande quando falamos de inclusão e representatividade, então tudo que pudermos fazer para mudar isso será feito! Pessoas com síndrome de Down ou qualquer outra deficiência podem e devem escolher o que querem ser, fazer e viver e o mundo deve estar aberto para isso!”, finaliza.

Quantos ensinamentos em uma só história de vida, não é mesmo? O que achou? Também tem ou conhece alguma história inspiradora de quem foi atrás do próprio sonho? Compartilhe conosco nos comentários!

Observação: Este artigo foi atualizado em Abril de 2022 para corrigir o material de origem e/ou imprecisões factuais.

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