7 Cidades fantasmas brasileiras têm lendas assombradas de arrepiar os cabelos, dignas de filmes de terror

Lugares
há 1 ano

Nos filmes de terror são comuns as cenas em que os heróis encontram uma cidade abandonada e, depois de algum tempo vagando pelo local, presenciam vozes, gritos, ruídos ou aparições de seres arrepiantes e amedrontadores.

Mas não é preciso viajar para muito longe para sentir o climão de filme de suspense. O Brasil, de Norte a Sul, tem cidades abandonadas das quais se contam muitas histórias fantásticas. São lugares que prosperaram em outras épocas e entraram em repentina decadência. Ou sonhos de cidades inventadas que não deram certo.

Incrivel.club criou um roteiro de 7 vilas esquecidas no tempo em várias regiões do País. E conta lendas que “assombram” esses lugares. Tenha coragem e tente desvendar esses mistérios!

1. Igatu (Bahia)

Igatu é um distrito da cidade de Andaraí, na Chapada Diamantina, Interior da Bahia. O lugar é procurado por aventureiros que fazem trilhas para conhecer a cidade abandonada, construída com pedras no alto de uma montanha. Por essa razão, ela é chamada de Machu Picchu brasileira, embora infelizmente não esteja tão bem conservada quanto a cidade peruana.

Xique-Xique de Igatu, como era conhecida inicialmente, foi uma cidade muito rica, onde viveram 9 mil pessoas durante o ciclo de extração de diamantes na Bahia, no século 19. Com a escassez das pedras preciosas, as pessoas foram embora e muitas das casas foram destruídas pelos próprios garimpeiros, na ânsia de encontrar mais fortuna.

Hoje vivem menos de 400 pessoas na pequena vila próxima às ruínas, onde restam algumas casas de pedra do tempo da mineração, a igreja construída por um garimpeiro que fez promessa para encontrar muitos diamantes, e um cemitério. Igatu serviu de cenário para os filmes Abril Despedaçado (2001) e Besouro (2009).

Lendas e mistérios de Igatu: Há quem acredite que Igatu seja a cidade perdida, descoberta por bandeirantes no topo de uma montanha brilhante, citada no enigmático e anônimo Manuscrito 512, do século 18. Desde o século 19, quando a região prosperou, até hoje, há quem diga ver luzes vagando sobre a montanha e percorrendo as ruas. Essas luzes teriam o poder de entrar na casa das pessoas e fazer com que desapareçam.

2. Cococi (Ceará)

O sertão do Ceará também tem sua cidade fantasma, a pequena Cococi, fundada no início do século 18. Ela foi sendo abandonada na segunda metade do século 20 por causa de secas severas e problemas políticos. Apenas duas famílias ainda vivem ali, em meio a casas que vão sendo transformadas em ruínas e tomadas pela vegetação. Cococi perdeu o status de município e hoje é um distrito da vizinha Parambu.

O local atrai viajantes, repórteres de tevê, fotógrafos, curiosos e fiéis religiosos. Uma das poucas construções ainda conservadas de Cococi é a Igreja de Nossa Senhora, que recebe católicos para as novenas que acontecem do dia 29 de novembro a 8 de dezembro. É o único evento que consegue agitar, uma vez por ano, a cidade quase morta.

Lendas e mistérios de Cococi: Diz-se que quem amaldiçoou Cococi foi um padre, obrigado a rezar a mesma missa duas vezes por ordem de uma família poderosa que chegou atrasada à igreja. Para os que acreditam na história, a praga pegou e por isso a cidade foi abandonada.

Outra lenda da região é sobre um vaqueiro que, à noite, passando por Cococi, encontrou uma menina faminta e assustada, a quem acolheu e levou para casa. Certo dia, o vaqueiro saiu para tanger o gado, prometendo à esposa voltar a tempo para a ceia de Natal, que comemorariam em companhia da menina. Ao voltar, dias depois, encontrou a própria casa em ruínas e lhe contaram que o lugar já estava abandonado havia anos, que ali vivera sozinha, até ficar muito velha, a mulher de um vaqueiro que a deixou só, sem dar explicações de seu paradeiro.

3. Fordlândia (Pará)

Fordlândia foi um vilarejo criado pelo magnata da indústria automobilística Henry Ford às margens do Rio Tapajós, na selva amazônica, em 1927. O empresário americano, preocupado com o alto preço da borracha que importava da Ásia, decidiu ter sua própria plantação de seringueiras no Brasil e poder extrair diretamente a matéria-prima para a fabricação de pneus. Para isso construiu uma vila com casas, hospital, escola, piscinas, praças, campos de golfe e outras facilidades.

O empreendimento tropical de Ford fracassou por vários motivos. O principal foi a falta de experiência com o clima amazônico dos engenheiros agrônomos que contratou: as árvores foram plantadas de maneira equivocada e sofreram com o ataque de várias pragas. No fim dos anos 1940, com a morte de Ford, seu filho decidiu encerrar o projeto e a cidade foi esvaziada. Àquela altura, novas tecnologias permitiam a fabricação de borracha a partir do petróleo.

Lendas e mistérios de Fordlândia: O local não é um município; hoje é um distrito da cidade de Aveiro. Tampouco é uma cidade totalmente fantasma, como ficou famosa: ainda há gente morando no vilarejo, em meio a imóveis e galpões industriais abandonados.

O que os supersticiosos dizem é que simplesmente não dá sorte visitar a Fordlândia. Eles acreditam que, por ali, vagam espíritos de pessoas que buscaram a fortuna e não a conseguiram; fracassaram como a própria cidade inventada por Ford.

Quem não acredita em lendas e prefere a visão real dos fatos vai gostar de ler Fordlândia — Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva, do historiador Greg Grandin, que resgata a história em minúcias.

4. Airão Velho (Amazonas)

A localidade de Airão, fundada em 1694, foi o primeiro povoado estabelecido às margens do Rio Negro, antes mesmo de Barcelos, primeira capital do Amazonas. Até a Segunda Guerra Mundial, Airão tinha importância na extração de borracha. Com o declínio comercial da matéria-prima, a cidade viu sua principal fonte de renda minguar e, a partir dos anos 1950, sua população foi decrescendo até o esvaziamento total da vila.

Hoje restam ruínas do que foram os belos casarões coloniais do lugar, rebatizado como Velho Airão (ou Airão Velho). Devido ao recente interesse dos turistas em conhecer a cidade perdida no meio da selva, algumas famílias voltaram a habitar seus arredores, trabalhando como guias dos visitantes.

Lendas e mistérios de Velho Airão: Os místicos dizem que o astral em Airão é carregado e assombrado: os espíritos dos índios escravizados afugentaram os moradores da cidade, que fundaram Novo Airão, ainda às margens do Rio Negro, porém mais próxima de Manaus.

Outra lenda diz que a população começou a ser atacada por formigas de fogo e, não vendo outro remédio, foi obrigada a abandonar o lugar.

5. Paranapiacaba (São Paulo)

Se Hollywood fosse brasileira, dezenas de filmes de terror e de mistério já teriam sido rodados em Paranapiacaba, distrito do município de Santo André, em São Paulo. O local nunca foi uma cidade abandonada, mas seu parque ferroviário desativado é conhecido como tal por seus nevoeiros densos (característicos da Serra do Mar) e por uma série de relatos sobrenaturais.

A vila foi fundada em 1867 para ser o centro de operações da São Paulo Railway, companhia inglesa que operava as ferrovias ligadas ao porto de Santos. Com o declínio desse tipo de transporte a partir da segunda metade do século 20, Paranapiacaba perdeu a importância, mas mantém o charme das construções deixadas pelos ingleses — há, inclusive, uma réplica do famoso relógio Big Ben de 1890 e importada do Reino Unido!

Os visitantes podem pegar trens turísticos que saem de São Paulo e de Santo André para conhecer esse recanto pitoresco e passear pelo parque ferroviário, com suas estações e locomotivas antigas que dormem ao relento. A viagem no tempo fica mais “inglesa” quando a névoa da tarde cai sobre o parque. E chega a hora de contar histórias de dar medo...

Lendas e mistérios de Paranapiacaba: Há vários contos do além envolvendo a cidade e seus habitantes. Tanto que já foi organizado ali um festival chamado Cidade do Terror, com grupos de atores revivendo esses relatos.

Dos mitos da vila não escapa nem a casa do engenheiro-chefe Daniel Fox, construtor da ferrovia. Seu casarão foi apelidado de Castelinho e hoje é um museu, mas há quem jure ouvir barulhos estranhos vindos dos quartos. O mesmo acontece no Clube Lira Serrano, onde funcionários alegam ouvir os passos de um bailarino fantasma no palco durante as madrugadas.

Até um trem invisível é considerado “fantasma” em Paranapiacaba. Supersticiosos dizem ouvir o som e o deslocamento de ar de uma composição cuja caldeira explodiu, saindo de um túnel. Nos arredores, as lendas persistem: dizem que na cachoeira do Poço das Moças, três garotas teriam morrido afogadas e até hoje assombram a região. Pessoas que acamparam por lá disseram ouvir sons de machadadas durante a noite, sem que nenhum galho de árvore tenha sido derrubado.

6. Ararapira (Paraná)

A vila de São José da Marinha de Ararapira, na divisa do Paraná com São Paulo, já foi um entreposto comercialmente importante e parada obrigatória para viajantes e negociantes. O vilarejo foi fundado no século 18 pela coroa portuguesa, teve uma vida social agitada durante mais de cem anos, porém começou a decair na primeira metade do século 20.

Até os anos 1920, a cidade era paulista, mas foi transformada em território paranaense por decreto. O bairrismo de alguns moradores fez com que saíssem dali para fundar a vila de Ariri, no município paulista de Cananéia.

Para piorar, a construção de um canal, nos anos 1950, fez com que a vila, agora ilhada pelas águas, começasse a sofrer com a erosão, que avança cada vez mais e faz as construções ruírem. Foi o que bastou para o abandono total de Ararapira, hoje distrito do município de Guaraqueçaba.

A vila revive seus dias de glória todos os dias 19 de março, quando ali é comemorado o Dia de São José, padroeiro do local, na igrejinha do século 18. O cemitério, mantido pelos moradores de vilas vizinhas, ainda é usado para sepultar pessoas da região.

Lendas e mistérios de Ararapira: Programas sensacionalistas de televisão despertaram o interesse dos turistas pela vila, onde só é possível chegar de barco. Os visitantes sentem-se atraídos por lendas macabras antigas ou mesmo as inventadas por “repórteres”.

Uma mulher fantasma vestida de branco, acenando para as embarcações que se aproximam, é um dos fenômenos narrados pelos supersticiosos. Espíritos de crianças que abandonam seus túmulos, o cheiro de sangue na trilha que leva ao cemitério, gemidos vindos das celas da delegacia e o sino da igreja que badala sozinho são outros relatos comuns, muitos deles alimentados pelos barqueiros que levam os turistas à cidade abandonada.

7. Vila de Biribiri (Minas Gerais), a cidade fantasma que renasceu com pousadas, restaurantes e... moradores!

Vila de Biribiri é um distrito da cidade mineira de Diamantina, construído no final do século 19 para sediar uma fábrica de tecidos e dar abrigo a seus funcionários. Quase 100 anos depois, em 1973, a fábrica faliu e os habitantes da vila viram-se obrigados a abandonar o local.

Biribiri, no entanto, teve uma sorte bem diferente de outras cidades fantasmas brasileiras. O tempo de abandono, felizmente, não foi suficiente para que seu casario e sua pitoresca igreja virassem ruínas. A partir da década de 2010, o local começou a reviver, com a abertura de uma pousada, um restaurante e a venda de cerca de 30 casas centenárias, tombadas pelo Patrimônio Histórico. Um antigo pensionato de moças está prestes a ser reaberto como hotel.

Lendas e mistérios de Diamantina: a Vila de Biribiri, em si, não tem mistérios de arrepiar — é o lugar perfeito para quem quer descansar e fugir de fantasmas vivos ou mortos. Mas Diamantina, a 14 quilômetros dali, é berço de muitas histórias fantásticas.

Uma das lendas mais intrigantes é a da Mãe do Ouro, mulher luminosa que aparece na Serra dos Cristais, em frente à cidade. Diz a crendice que quem não tiver medo dela fará grande fortuna. Os medrosos, infelizmente, não terão essa sorte.

Outra história arrepiante, com toques de Romeu e Julieta, conta sobre um moço e uma moça apaixonados, cujas famílias não aprovavam a união. Combinaram um casamento secreto, com ajuda do padre, mas o noivo atrasou-se bastante e a noiva, desesperada, enforcou-se na torre da igreja. Assim nasce o conto da Noiva da Igreja das Mercês, que reaparece à meia-noite no local.

Essas e outras histórias são contadas durante o Tour das Lendas, circuito noturno por locais ditos assombrados que agências de Diamantina oferecem aos turistas mais corajosos.

Você conhece algum desses lugares incríveis do Brasil? Ou teria vontade de conhecer? E coragem de pisar em cidades que muitos acreditam ser assombradas? Conte suas experiências nos comentários!

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