Por que há cada vez mais pessoas com transtornos mentais no mundo

Gente
há 1 ano

Quase todos nós fomos criados, desde pequenos, tendo a ideia de que a única motivação para consultar um médico são as dores físicas. Traumas psicológicos, estresse, ansiedade e sintomas de depressão são, muitas vezes, vistos como “frescura” ou “mimimi”, motivo pelo qual muita gente se recusa a consultar um profissional especializado em problemas da mente.

Entretanto, cada vez mais, fica claro que cuidar da mente é tão importante quanto do corpo e que recorrer a esses profissionais muitas vezes é uma necessidade urgente.

Incrível.club chama a atenção de todos para cuidarem da saúde mental. Também vamos discutir por que não se deve ter vergonha de pedir ajuda a um profissional especializado.

Por que é que há cada vez mais pessoas à nossa volta procurando por ajuda psicológica

Graças aos avanços da ciência moderna, o universo da mente humana não é mais tão misterioso e desconhecido como antes. Hoje em dia, temos instrumentos para estudar a atividade cerebral. Também houve, nas últimas décadas, uma formidável evolução nos métodos de tratamento e diagnóstico de problemas e transtornos mentais. O que costumava ser entendido com termos genéricos, como “personalidade ruim”, hoje pode ser considerado transtorno mental ou um sinal de alguma doença.

A verdade é que as pessoas não estão ficando mais loucas; elas simplesmente passaram a falar mais sobre o que estão sentindo e o que as incomoda. A Internet nos deu acesso a um mundo de informações, o que, por sua vez, permitiu que passássemos a conhecer histórias de pessoas com esses transtornos e, assim, pudéssemos identificar sintomas em nós mesmos. Mas a Internet, por si, não resolve problemas. Ela serve, no máximo, para acender uma luz amarela para que possamos recorrer a um especialista, esse sim, capacitado para realizar um bom diagnóstico, iniciando eventuais tratamentos o quanto antes e evitando, muitas vezes, a internação em centros especializados em tratamento psiquiátrico.

Muitos mitos relacionados a questões mentais e psicológicas também têm sido abandonados, felizmente. Por exemplo, na década de 1980 aumentou o número de pessoas diagnosticadas com autismo. Um mito infelizmente ainda propagado — e depois desmentido — associava a questão à vacinação. Na realidade, o que ocorreu em relação ao autismo foi uma evolução nas formas de diagnosticar a questão.

O que antes era conhecido como autismo hoje é denominado Transtorno do Espectro Autista (TEA), que inclui o autismo atípico e infantil, a síndrome de Asperger e a síndrome de Rett. O TEA pode ser diagnosticado em pessoas que aparentam ser apenas tímidas e que antes caíam na definição generalizada de introversão. Mas isso não as impede de viver uma vida normal.

O avanço das pesquisas, aliás, permitiu que o diagnóstico passasse a ser feito cada vez mais cedo. Por exemplo, se a criança constrói uma torre de LEGO seguindo estritamente a ordem das cores, esse é um alerta para se consultar com um médico.

Doenças e transtornos típicos do século XXI

Muitas doenças reconhecidas neste início de século XXI antes eram consideradas meras alterações do estado emocional. E isso, mais uma vez, se deve ao avanço dos sistemas de diagnóstico. Por exemplo, o uso de imagens de Ressonância Magnética (RM) na década de 1970 ajudou os cientistas a “verem por dentro” o cérebro humano e a provarem que a depressão é, de fato, uma doença, que interrompe a transmissão de sinais entre os neurônios, de modo que todo o corpo passa a funcionar de forma diferente.

Também graças à evolução dos diagnósticos, certas emoções, como a raiva, hoje são consideradas clinicamente tão perigosas quanto a depressão ou a dependência — o que também exige tratamento se a pessoa é incapaz de se controlar nesse tipo de situação.

“Um amigo pediu que eu retratasse como é minha depressão. Foi depois de ver esta foto que comecei o processo de tratamento.”
waynedewho

Cerca de 34% das pessoas que sofrem de transtornos mentais não apresentam sintomas explícitos: a maioria deduz que está cansada, atribui esses problemas à idade, ao mau humor ou ao genérico “estresse”. Nessas situações, acabam sem saber que precisam de ajuda.

Por exemplo, se alguém vive ansioso, apresenta frequentemente tonturas ou dores de cabeça, aumentos repentinos na frequência cardíaca, suor constante e desconforto na área do plexo, esse pode ser um sintoma de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), problema que exige medicação. Ainda em 2011, mais de 29 milhões de europeus foram tratados desse distúrbio.

Mas existem alguns transtornos que só surgiram por conta do avanço da tecnologia. Um exemplo disso é a cybercondria — situação em que a pessoa tem o hábito de se diagnosticar por meio da Internet e, por conta disso, viver identificando doenças que não tem. Quem nunca ouviu falar da expressão “Dr. Google?”

Há, ainda, fobias que não são exatamente problemas, mas que podem ser sintomas de questões mais sérias. Por exemplo, o medo da calvície, ou peladofobia, que se justifica pelo desejo de ser sempre jovem. Há, ainda, a chamada caligenefobia — medo de mulheres bonitas. Esses problemas são, em muitos casos, efeitos de formas de egoísmo, agressividade e insegurança que podem estar relacionadas à “vida perfeita” que as pessoas expõem nas redes sociais.

Há, ainda, outras fobias relacionadas ao progresso. Por exemplo, medo da radiação, pavor de telefone ou o medo do contato com a robótica, chamado de vale da estranheza.

Diante dessas fobias, é esperado que muita gente recorra à automedicação. Mas a maioria de nós conhece os riscos dessa prática: se você tem medo de viajar de avião, por exemplo, um sedativo não vai te curar, mas agir somente como um paliativo. Nesse caso, o mais indicado é um tratamento com psicólogo, que, dependendo da situação, fará, inclusive, simulações de situações de voos para entender a origem do medo.

As fobias provocam, gradualmente, ataques de pânico e conduzem a perturbações mentais. Portanto, não espere que, ao longo do tempo, o medo irá embora se você não fizer nada para mudar.

Mudanças no estilo de vida na Era da tecnologia levaram ao surgimento de novos hábitos nocivos. Um deles é o phubbing. A expressão significa ignorar alguém usando como desculpa, um telefonema, mensagem ou outras atividades no celular. Também remete a estar constantemente no telefone, conferindo as notificações, conversar com alguém ao vivo olhando para a tela e comer sem tirar o smartphone da mão.

Uma pesquisa revelou que, em média 46,3% das pessoas se sentem constantemente incomodadas pelo fato de seus parceiros praticarem o phubbing; 22,6% dizem que esse é um motivo de conflitos e mais de um terço das pessoas diz que a prática as deixa deprimidas.

O avanço da tecnologia e a onipresença dos celulares fez surgir também um fenômeno curioso: a síndrome da vibração fantasma — situação em que uma pessoa “sente” o celular vibrar no bolso quando, na verdade, isso não está ocorrendo. Os especialistas consideram esse fenômeno uma espécie de pareidolia, que é quando vemos um rosto ou silhueta em sombras ou nuvens.

insônia, comum em nossos dias, também é um problema que exige tratamento. Ela pode causar perda de memória, deterioração do sistema imunológico, comprometimento do metabolismo, aumento do risco de enfarte do miocárdio e derrame. Hoje em dia, a insônia é considerada a principal causa da doença de Alzheimer.

Outros fenômenos da modernidade que estão matando nosso espírito

Sem brincar no quintal e nas ruas, as crianças perdem uma parte do encanto da infância. Isso as torna mais fechadas, incapazes de expressar empatia e egoístas. Brincar com os amigos tem um impacto positivo na formação da personalidade, porque, no momento em que se comunica com os amigos, a criança aprende a trabalhar as próprias emoções, a lidar com o sentimento de perda e a conviver com pessoas de diferentes temperamentos. Nós, humanos, somos seres sociais e o ato de brincar ainda é a melhor maneira de se relacionar com o mundo.

Outra questão cada vez mais presente em nossos dias (ou mais perceptível) é a infidelidade conjugal, que, por sua vez, cria enormes traumas psicológicos. Olhando de uma maneira bem racional, um casamento é uma espécie de negócio, um contrato que envolve, entre outros aspectos, a fidelidade. Na época de nossos pais e avós, casamentos costumavam ser para a vida toda. Já nos dias de hoje, convencemos nossos parceiros de que são únicos e especiais e, por isso, queremos viver com eles a vida toda. Mas, depois de um certo tempo, concluímos que as coisas não eram bem assim e partimos para a próxima.

Por conta de todas essas promessas, o impacto de um ato de infidelidade costuma ser enorme. A pessoa traída perde a autoestima, passa a ter dificuldade de confiar nos outros, pode ter depressão e outros transtornos. Não é só um coração partido, é uma vida destruída.

Se até meados do século XX e por milênios a humanidade teve de conviver com a fome, hoje em dia, o problema é o oposto, a obesidade. Há mais pessoas no mundo que sofrem com o excesso de peso do que gente acometida pela subnutrição. A disponibilidade de alimentos baratos e de baixa qualidade, juntamente com a popularização do fast food, tem levado ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Algumas pessoas sofrem de anorexia e bulimia, se comparando com os padrões de beleza de revistas e blogs de beleza. Outras se recusam a tratar a obesidade, mesmo sabendo que o excesso de peso pode trazer riscos à saúde. O body positivity é uma evolução em relação à autoaceitação. Mas não se pode perder de vista que, até mais importante até do que se amar é ter saúde.

As redes sociais encurtam as distâncias, mas, ao mesmo tempo, nos isolam ainda mais uns dos outros. A cultura do sucesso e do bem-estar faz com que as pessoas concorram constantemente com as outras por atenção e aceitação, evitando a comunicação e o diálogo. As pessoas gostam de mostrar suas vidas, mas apenas quando estão vivendo de acordo com o que se espera delas.

O barulho da cidade encurta nossa vida útil. A cada ano que passa, as grandes cidades estão mais barulhentas. O nível de poluição sonora é muito maior do que é o considerado seguro para a saúde. Isso pode irritar e desencadear a produção de cortisol, o hormônio do estresse, reduzir a nossa produtividade em até 60% e criar vibrações que afetam negativamente o funcionamento do corpo. Quem vive em um ambiente urbano pode ter, aos poucos, a saúde mental deteriorada por conta desse e de outros fatores.

O que fazer?

  • Escute seus instintos, e não o que os outros dizem
    Se você tem ansiedade, não consegue dormir sem remédios e sente que não tem forças para nada, consulte um psicólogo. Na maioria dos casos, é possível remediar o problema, com resultados em pouco tempo. Não tenha medo de consultar um profissional especializado. Esse profissional entenderá sua condição, tratará seu caso com respeito e sigilo e o ajudará a superar qualquer problema.
  • Faça o que lhe dá prazer
    Esse é um princípio básico para aumentar a autoestima. Descubra uma atividade profissional que o faz feliz e invista nela, mesmo que tenha de começar do zero.
  • Descubra em que horários seu corpo funciona melhor
    O corpo funciona melhor quando a maior parte do sono está entre as 22h00 e as 3h00, que é o momento de maior liberação do hormônio que combate o estresse. Recomenda-se fazer a maior parte do trabalho mental pela manhã e deixar a tarde para a parte física. Dessa forma, você descarrega o cérebro e o corpo.
  • Fique perto de pessoas alegres e que te acalmam
    Caminhe mais ao ar livre, no parque ou na floresta, perto de riachos. Depois de um dia duro, ouça sons que, de acordo com cientistas, ajudam a relaxar e estabilizar sua respiração e batimentos cardíacos. Evite pessoas desagradáveis, mesmo que sejam próximas, e passe mais tempo com aquelas que emanam emoções positivas. Não esqueça de fazer algum esporte.

Manter a calma e encontrar seu caminho não é a tarefa mais fácil. Quais as técnicas e métodos que te ajudam a recarregar as energias e alcançar um equilíbrio em si mesmo?

Comentários

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Realmente esse é um assunto de muito interesse. Não sei se essas coisas sempre existiram e a gente não sabia, ou se estão surgindo coisas novas pela nossa sociedade diferente.

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"A verdade é que as pessoas não estão ficando mais loucas; elas simplesmente passaram a falar mais sobre o que estão sentindo e o que as incomoda." Além disso, acho que mais acesso a profissionais de saude mental ajudou tambem

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Cuidar da saude mental é tão importante quanto cuidar da saude fisica

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