Médico conta uma história engraçada sobre o sistema imunológico

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há 4 anos

Alexey Vodovozov, blogueiro russo, ex-médico militar, jornalista e divulgador de medicina, escreveu uma história engraçada sobre o funcionamento do nosso sistema imunológico. Ele viu o início da história em um site e depois criou uma série de contos médicos.

Nós, do Incrível.club, não sabíamos que no nosso corpo se estimulam tais paixões. Saca só!

Eu: “Imunidade, que diabo está fazendo? Por que é que estou com febre de 40º?”

Imunidade: “Enviei pirogênios na corrente sanguínea que atingiu o centro de termorregulação no hipotálamo e mudei o ponto de equilíbrio para a produção de calor”.

Eu: “Pro inferno com essa fisiologia! Por que tão alto?”

Imunidade: “Detectei a invasão de um vírus que não pode viver a temperatura de 40º por isso enviei os piro...”

Eu: “E eu?! Também não posso viver com temperatura de 40º”.

Imunidade: “Foi detectada a invasão de um vírus que...”

Cérebro: “Chega de falar! Desligo a consciência como o processo mais consumidor do corpo, ainda temos que aquecer para 41º”.

Eu: “Por quê?!”

Imunidade: “Foi detectada a invasão de um vírus...”

Cérebro: “Imunidade, ele já não está ouvindo nada. Mas não vou aquecer para 42º”.

Imunidade: “Foi detectada a invasão de um cérebro que...”

Cérebro: “Tá bom! Tá bom, linguarudo”.

Eu: “Bom dia, galera!”

Cérebro e Imunidade em coro: “Como assim?!”

Eu: “Conheçam o Paracetamol”.

Paracetamol: " Hipotálamo, você podia reduzir a sensibilidade de seus receptores de pirogênios?“

Hipotálamo: “Não há problema”.

Imunidade: “Então, foi possível fazer isso?”

Vírus: “Ai que bom! 37,2º! Eu vou viver!

Imunidade: “Não é nada disso! Fígado!”

Fígado (parando de pôr o glicogênio no esconderijo): “Ah é?”

Imunidade: “Ligue o citocromo P450”.

Fígado (bocejando): “Qual deles?”

Imunidade (surpreendido): “Tem vários?”

Fígado (colocando os óculos, com tom de professor): “Os citocromos podem ser encontrados em todos os reinos de organismos vivos. Existem mais de 50 mil tipos diferentes dessa enzima. E agora vou enumerar todos...”

Imunidade: “Pera aí... O que você tem contra o Paracetamol?”

Fígado (folheando o prontuário): “Bem... CYP2E1 e CYP3A4, mas depende do que vamos fazer: glucoronisar, sulfatar ou N-hidroxilar, porque o processo tem algumas peculiaridades...”

Imunidade: “Não, está gozando de mim? Liga tudo”.

Fígado: “Tem certeza?”

Cérebro: “Olhe... Imunidade, Fígado tem razão, vamos pensar nisso”.

Imunidade: “Calem as bocas! Eu supervisiono a operação de ‘Infeção’. Então, Fígado, ligue os citocromos. Cérebro, desligue, esse idiota”.

Eu: “Assim não dá! Já estou com 36,6º”.

N-acetil-p-benzoquinonaimina: “Oi, pessoal” (Puxa uma espada e começa a destruir hepatócitos).

Imunidade: “E quem é ele?”

Fígado: “... E neste caso, cerca de 15% do Paracetamol vai para este caminho, e como resultado obtemos um metabólito alquilante extremamente ativo e forte que se chama... Ah, aqui está. Imunidade, lide com ele”.

Imunidade: “E por que eu?”

Fígado: “Mas você insistiu!”

Imunidade: “Não sei de nada, tenho um vírus, tenho que fazer alguma coisa”.

Fígado: “Psiu, Cérebro, você quer alguma insuficiência hepática aguda?”

Cérebro: “Tá maluco? Claro que não!”

Fígado: “Então, pense no que vamos fazer com a N-acetil-p-benzoquinonaimina”.

Cérebro (remexendo na memória de longo prazo no hipocampo): “Ataque com Glutationa!”

Fígado (folheando os prontuários): “Que boa ideia! Tem grupos sulfidrilas lá. Deixe-os se juntar a eles, em vez de desativar as proteínas normais”.

N-acetil-p-benzoquinonaimina: “Pera, pera! O efeito é irreversível”.

Fígado: “Eu sei. Glutationa, ataque!”

Glutationa: *atacando*

Vírus: “E eu já estou em cardiomiócitos”.

Eu: “Imunidade, o que é isso?!”

Imunidade: “Não tenho nada a ver com isso, a temperatura está normal, façam o que quiserem!”

Eu: “De qual temperatura você precisa?”

Imunidade: “Pelo menos 38,5º”

Eu: “Ô, cérebro, podemos arranjar isto?”

Cérebro: “Bem ... Hipotálamo?”

Hipotálamo: “Sim, já podemos, o fígado lidou com todo o Paracetamol”.

Fígado (fazendo mais um remendo): “Não poupando o seu estômago...”

Eu: “Ora bem, quando eu me recuperar vou te enviar glicose com bolos”.

Fígado (sonhando): “Vou fazer outro esconderijo para o glicogênio”.

Pâncreas: “Eu estou ouvindo tudo”.

Hipotálamo: “38,5º”.

Imunidade: “Beleza, é isso, vou acabar com ele” (Acelera a síntese de anticorpos, ativa linfócitos assassinos).

Vírus: “Uai!”

Anticorpos (aderindo ao vírus): “Nosso pre-ci-o-soooo”.

Macrófagos: “Pum!”

Linfócitos assassinos: “Bam!”

Vírus: I’ll be back...back...back”.

Imunidade: “Nem pense nisso! Lembrarei de você!”

Hipotálamo: “Bem, posso devolver o ponto de equilíbrio ao lugar?”

Todos em coro: “Claro que sim!”

Eu: “Ufa! Bom trabalho, galera”.

Imunidade: “Foi detectada a intrusão de bactérias. Pirogênios, preparem-se!”

Todos: “Pô, cara, de novo não!”

E como você combate o resfriado? Toma logo um antitérmico ou dá tempo ao seu sistema imunológico para lidar com a doença? Comente!

Illustrated by Anna Syrovatkina exclusivo para Incrível.club

Comentários

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??‍?????? Aí vai depender muito da imunidade ? tenho que proteger minhas proteínas. Muito fofinho ?.

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