Vou contar uma, de quando eu estava no ensino médio (2º grau, na época).
Eu e minha irmã tínhamos de caminhar meia hora para ir à escola, todos os dias (em Porto Alegre), e lá ficávamos durante quase o dia todo (era uma escola técnica, com matrícula por cadeira, então, às vezes, tínhamos aula nos 3 turnos). Raramente podíamos pagar a passagem de ônibus. Então, comer na escola era simplesmente impossível, mesmo quando trabalhávamos, porque o dinheiro ia todo para as contas de casa.
Um dia, minhas amigas todas foram para o bar da escola, e eu fiquei na sala de aula, onde uma colega mais velha ficou também. Eu murmurei um "que fome", e a colega mais velha ouviu. Nossa conversa foi assim: — Que fome — eu murmurei. — Vai no bar — ela disse. — Não posso, não tenho dinheiro. Então, ela respondeu: "Por que não traz um bife de casa? Aí não precisa trazer dinheiro"...
Nossa, aquilo foi terrível. Nunca esqueci da falta de tato daquela mulher, o que me ensinou que a idade não torna ninguém necessariamente mais sábio ou solidário. Não foi novidade para mim que algumas pessoas poderiam levar bifes para a escola, mas foi novidade que houvesse gente que não soubesse que alguns não têm bifes em casa, e que, quando têm, precisam dividi-lo entre todos...
Vou contar uma, de quando eu estava no ensino médio (2º grau, na época).
Eu e minha irmã tínhamos de caminhar meia hora para ir à escola, todos os dias (em Porto Alegre), e lá ficávamos durante quase o dia todo (era uma escola técnica, com matrícula por cadeira, então, às vezes, tínhamos aula nos 3 turnos). Raramente podíamos pagar a passagem de ônibus. Então, comer na escola era simplesmente impossível, mesmo quando trabalhávamos, porque o dinheiro ia todo para as contas de casa.
Um dia, minhas amigas todas foram para o bar da escola, e eu fiquei na sala de aula, onde uma colega mais velha ficou também. Eu murmurei um "que fome", e a colega mais velha ouviu. Nossa conversa foi assim:
— Que fome — eu murmurei.
— Vai no bar — ela disse.
— Não posso, não tenho dinheiro.
Então, ela respondeu: "Por que não traz um bife de casa? Aí não precisa trazer dinheiro"...
Nossa, aquilo foi terrível. Nunca esqueci da falta de tato daquela mulher, o que me ensinou que a idade não torna ninguém necessariamente mais sábio ou solidário. Não foi novidade para mim que algumas pessoas poderiam levar bifes para a escola, mas foi novidade que houvesse gente que não soubesse que alguns não têm bifes em casa, e que, quando têm, precisam dividi-lo entre todos...