Dermatologistas explicam por que é preciso cuidar das emoções para tratar a pele

Dicas
há 1 ano

Uma espinha repentina pode acabar com o bom humor de qualquer um. Mas o que aconteceria se esse mecanismo também funcionasse ao contrário. Ou, falando de outra forma, se emoções positivas ajudassem a melhorar o estado de sua pele?

Os especialistas na chamada psicodermatologia dizem que isso realmente acontece; ou seja, seu estado emocional afeta diretamente a condição de sua pele.

Incrível.club vai falar sobre a conexão entre psicologia e cosmetologia e sobre os possíveis efeitos dessa conexão no corpo humano.

Por que inventaram a psicodermatologia?

Sabemos que o estado psicológico de uma pessoa afeta seu organismo e, consequentemente, sua pele. Mas o surgimento de um novo campo de trabalho não tem nada a ver com o desejo de especialistas de tirar proveito disso. Primeiro, novas abordagens científicas precisam de testes e especificações máximas para serem consideradas válidas. Em segundo lugar, essa mudança de área permite estudar um assunto já conhecido com novos olhos.

O especialista clínico americano Matthew Traub acredita que a conexão entre os sentimentos e a pele existe pode ser trabalhada, com ótimos resultados. “Tenho pacientes que sofrem de acne e notaram que, quanto mais nervosos ficam, mais aumenta a inflamação em seus rostos”.

Mudanças no estado da pele são uma reação natural do corpo; por exemplo, ficamos vermelhos quando sentimos vergonha ou raiva. No entanto, sob estresse severo ou ansiedade, o corpo libera moléculas inflamatórias. Há uma liberação mais poderosa de alguns neuro-hormônios quando o sistema nervoso está agitado e isso, por sua vez, afeta o comportamento e até mesmo causa a morte de algumas células do sistema imunológico. Quando ocorre estresse severo ou crônico, as funções da pele são afetadas e, portanto, várias doenças aparecem, da acne irritante à psoríase.

Uma equipe da Universidade McGill, no Canadá, conduziu um experimento científico a respeito da ligação do estado psicológico com a pele. Os pesquisadores pediram que crianças que sofriam de vários distúrbios se deitassem em um aparelho de ressonância magnética, dizendo que a máquina ’ensinaria’ seus cérebros a curar as doenças. Entre os participantes havia uma menina que sofria de eczema com descamação grave da pele. Depois de algumas semanas de ’sessões’, a condição de todos, inclusive a da menina, melhorou significativamente.

Naturalmente, esses casos não podem ser considerados significativos estatisticamente, mas isso não os torna menos interessantes.

Depois de ler todas essas informações, certamente você pensará no efeito placebo. O pesquisador Traub não nega que este desempenha um papel importante no assunto, embora esteja convencido de que a relação entre estado psicológico e pele seja algo muito mais profundo.

“Ao trabalhar com pacientes, peço-lhes para se lembrarem de quando seus problemas de pele começaram. Muitas vezes, eles os associam a algum acontecimento desagradável. Quando levamos em consideração esse contexto, depois de algumas semanas eles ficam muito melhor”.

Então todos os nossos problemas de pele são causados por situações estressantes?

Não. Primeiro, as doenças de pele são uma das várias formas de manifestação de estresse. Depende da sua própria predisposição genética: uma pessoa pode reagir ao sofrimento com a perda de cabelo; outra, com o surgimento de acne e a terceira, com uma úlcera estomacal.

Uma das questões mais difíceis nesse contexto é a causa raiz: o estresse causou a doença ou as consequências destas o causaram?

A probabilidade da primeira opção é bastante alta: várias pesquisas recentes confirmaram que as principais causas dos problemas de pele não são uma dieta inadequada, condições climáticas adversas ou efeitos colaterais das drogas, mas nossas emoções.

O tratamento nesses casos assemelha-se à psicoterapia padrão, com o foco na pele

Trabalhando com pacientes, Traub não apenas tenta encontrar uma conexão entre um evento passado e uma doença, mas também ajuda as pessoas a superarem o medo e a lidarem com as próprias emoções.

Por exemplo, quando os complexos em relação à aparência impedem uma pessoa de viver normalmente, sair com outros ou se comunicar, a terapia de exposição é muito eficaz. Nesse modelo de tratamento, o paciente enfrenta regularmente seu medo, mas muito gradualmente, de modo que acaba por dominá-lo.

Parece estranho gastar dinheiro com produtos para o cuidado da pele, quando temos em nosso interior tudo o que precisamos para resolver os problemas. No entanto, o dr. Traub enfatiza que, em primeiro lugar, você deve buscar ajuda com um dermatologista.

Os medicamentos podem resolver seus problemas caso estes não tenham raízes psicológicas profundas. Você pode recorrer à psicodermatologia como um meio adicional ou extremo quando a medicina tradicional não produz resultados.

A psicologia é capaz de fazer maravilhas, mas, em primeiro lugar, o vínculo entre a mente e a saúde física ainda não foi bem estudado e, em segundo, tal tratamento requer uma profunda análise interna e um trabalho intrapessoal.

“Aqueles que precisam usar toneladas de maquiagem só estão disfarçando o sofrimento com isso. Tomar um remédio ou aplicar um creme é muito mais fácil. É ótimo conseguir consertar algo rapidamente. Mas prefiro procurar a raiz do problema, porque tem gente que passa anos tentando encontrar uma cura milagrosa para tratar algo que não tem nada a ver com a pele”, diz Traub.

Alguns conselhos práticos para quem tem problemas de pele

  • Se você sofre de doenças de pele prolongadas ou recorrentes, é muito provável que tenha um problema psicológico.
  • Medicamentos e produtos para cuidar da pele não ajudam ou produzem um resultado insuficiente ou de curto prazo.
  • Você pode tentar encontrar apenas a causa e se lembrar em que ponto da sua vida a doença começou, que emoções estão associadas a ela, etc.
  • Mesmo que não haja psicodermatologista em sua cidade, você pode combinar facilmente o tratamento com um dermatologista e um psicólogo.
  • Mas, qualquer situação, em primeiro lugar, procure a opinião de um dermatologista.
Imagem de capa Depositphotos

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