O lado B da maternidade e as coisas sobre as quais ninguém nos falou antes

Crianças
há 1 ano

A maternidade, tenha ela chegado através de uma gestação própria, por barriga solidária ou por adoção, na esmagadora maioria das vezes trará os mesmos sentimentos: amor, cuidado, carinho, medo, dúvidas, culpa... Muitas são as sensações que, de repente, nos atingem e — vamos confessar — nem sempre estamos preparadas. Apesar de muita coisa já ter sido falada e escrita sobre a maternidade, ela é e sempre será uma aventura e experiência única na vida de uma mulher.

Como diz o velho adágio, “ser mãe é padecer no paraíso” (falta só o paraíso), por isso, o Incrível.club resolveu falar sobre as coisas mais legais (ou desesperadoras) que acontecem durante a maternidade e que ninguém nos conta. No final deste post, veja um bônus cheio de carinho e amor em homenagem às mães.

1. A gravidez

A menstruação atrasou e, geralmente, o que sentimos primeiro é medo. Depois começam os enjoos, a azia, os vômitos, até aí a batalha é no corpo da mulher. Com a gravidez, a barriga cresce e vira “terra de ninguém”. A vizinha, que nunca olhou para nós, já vem acariciando a nossa barriga. Já repararam que ninguém pergunta se tem algum problema em tocar na barriga de uma grávida?

As pessoas que conversam com a barriga, comportam-se de maneira estranha e fazem voz de criança. “Não pode tomar café, hein?”, “Não vai pintar mais o cabelo, né? Faz mal pro seu bebê!”, “Azia? Ah, então seu neném vai nascer cabeludo, certeza!”, “Sua barriga tá bem redonda, é menina”. Parece que as pessoas esquecem de coisas simples:

Não se toca no corpo de ninguém sem consentimento.

Já existem exames e profissionais que vão contar para a nova mãe o que ela pode ou não fazer e, pasmem, até o sexo do bebê (!).

Dica: dúvidas sempre surgirão, mas é muito importante procurar se envolver em algum grupo de gestantes ou um grupo de mães. Ali será um lugar seguro trocar de experiências, dúvidas e anseios. Isso, certamente lhe ajudará muito a passar por esse período da melhor maneira.

2. Prazer, bem-vinda ao puerpério

puerpério é o que geralmente chamamos de quarentena, são os 40, 45 dias que o corpo leva para voltar ao “normal”. Isso é outra coisa que ninguém conta. O corpo não vai voltar ao normal, seu cabelo está desgrenhado, o bebê não parou de chorar, o leite demorou para descer. Na segunda semana o leite desceu, enxarcou sua roupa, você a trocou três vezes, teve febre, o seio rachou, e ainda não lavou o cabelo. Este é o primeiro momento em que a mãe realmente procura o paraíso, porque até aqui, só padeceu. Escovou os dentes depois do almoço, e tem vômito de leite talhado no ombro da blusa.

As visitas chegaram sem avisar. E o cabelo? Não lavou, né? O sangramento é intenso, já deu vontade de colocar a fralda do bebê e começar a chorar também.

A felicidade pela chegada do novo membro da família é inegável, mas o cansaço esgota. Privação de sono é uma coisa que desgasta a gente. E o cabelo sem lavar, a roupa larga e a barriga parece um balão que ficou jogado no chão: murcha e sem forma.

Dica: Não seja tão dura consigo mesma. A menos que você tenha uma ótima rede de apoio, o pai do bebê, sua mãe, sogra, babá, a rotina será difícil nesse começo, mas não se compare à duquesa de Cambridge ou às atrizes que tiraram foto com a barriga lisa 10 dias depois do parto — sua situação também é real. Não se cobre tanto, você será a mãe de seus filhos para sempre e eles serão pequenos por pouco tempo. A tristeza no pós-parto é perfeitamente normal: ela se chama baby blues e acontece em razão do turbilhão hormonal, porque nos culpamos e queremos estar bem, mas nosso humor não está bom.

3. “Mãezinha”

Você ganhou o bebê e alguém, que não sabemos ao certo quem é, teve a “brilhante” ideia de baixar um protocolo a ser seguido por médicos, enfermeiras, atendentes do plano de saúde que vai fazer com que todos eles comecem a chamá-la de “mãezinha” assim que seu bebê nascer ou sua barriga aparecer.

O seu bebê pode (se assim você quiser, eu acho fofo) chamá-la de mãezinha, mas caso contrário, é melhor as pessoas optarem simplesmente por “mãe”, ou pelo seu nome, que é como se fazia antes de o bebê nascer. Você mudou, mas continua sendo a mesma pessoa, não é?

Dica: calma, às vezes as pessoas apenas aprenderam dessa forma, não lembram do seu nome, ou seguem uma tendência de grupo. Eu, sinceramente não gostava, mas levaria mais em consideração o sentimento mobilizado pela palavra do que a palavra em si.

4. Amamentação

Todo mundo terá uma série de dicas sobre amamentação, até quem nunca amamentou. Se optar por não amamentar, se seu leite secar antes, se não tiver paciência, certamente encontrará uma patrulha com olhos de reprovação para colocar mais uma culpa na sua bagagem e fazer você se sentir impotente e desnaturada.

Se, por outro lado, você quiser amamentar em livre demanda, não dar chupeta, fórmula nem mamadeira, prepare-se. A mesma patrulha dos olhos de reprovação estará a postos para julgá-la quando você abrir a blusa para amamentar seu bebê. Se ele tiver mais de 1 ano, piora. Se for mais do que isso, é praticamente um pecado.

Sabe aquele sonho de amamentação lindo, em um ambiente calmo, com um sutiã que abotoa na frente? É... Era só um sonho mesmo. Na prática, é normal o seio rachar no primeiro filho. A pele não está adaptada e, posso falar a verdade? Dói muito. Nas primeiras vezes o bebê chora de fome e a mãe de dor.

Dica: Tenha paciência e persistência. Se não houver complicações fisiológicas, mastite, entupimento de dutos, não há motivo para deixar de amamentar, neste momento, o bom é ir revezando os seios para evitar que fiquem cheios demais. Outra dica que eu nunca tive e aprendi depois de algum tempo: amamentar deitada. Não esqueça, a amamentação não é uma questão de estilo de vida, é a melhor opção para o seu bebê. Dá trabalho, mas você não precisará se levantar de madrugada para fazer mamadeira.

5. Vida sexual depois da chegada dos filhos

Delicado e real. Das questões fisiológicas não precisamos falar, elas estão disponíveis nos melhores sites especializados, no consultório do seu ginecologista ou obstetra, de quem vai acompanhá-la no pós-parto. Mas a verdade é que, entre várias outras questões, estão: algum mecanismo oculto colocou um sensor no seu bebê. Quando você estiver no clima (serão poucas vezes, porque o cansaço é grande) o bebê vai chorar. Ele pode estar na cama, no carrinho e se estiver dormindo, vai acordar e se estiver quietinho, pode ter certeza, o bebê vai resmungar.

Outro fato é que a mãe acabou de descobrir um novo papel: a maternidade. E muitas vezes ela deixa de ser a mulher, esposa, para ser apenas mãe, o que não inclui intimidades com o marido com tanta frequência. E o cansaço? A mulher está tão cansada (já falei que nem deu tempo de escovar os dentes de manhã, que foi só depois do almoço, né?) que a última coisa que ela vai querer é desperdiçar o último fio de energia com sexo. Ela vai querer se arrastar até a cama e dormir, pode ser de roupa, e talvez sem banho.

Dica: respeite seu tempo, tenha calma. Quando as coisas começarem a se ajeitar, tudo estiver no seu lugar, sua vida sexual vai voltar ao normal. Não se cobre tanto e nem se pressione. Talvez demore mais, talvez aconteça logo. Não esqueça: se não estiver pronta para outro bebê, converse com seu médico sobre contraceptivos.

6. Creche ou escola: a eterna dúvida

Já falamos em culpa? Mais uma vez ela vai ser apresentada a você. Seja porque é sua necessidade de trabalhar e deixar seu bebê na escola, ou se você resolver ficar mais tempo com seu filho.

Se você colocá-lo na escolinha aos 4 meses, vai escutar coisas do tipo: “Coitadinho, tão novinho, você não fica com pena?” Se resolver fazer isso apenas quando ele estiver maior as pessoas saem da panela, dos armários, de dentro da gaveta e perguntam: “Já vai à escola?”, e se frustram se você disser que não, que vai ficar mais um tempinho: “Quando você levar vai ser muito difícil a adaptação”, “As crianças precisam ter contato com outras crianças”.

Sim, tudo isso é verdade, ao mesmo tempo não é. Se você optou por ficar ou por levar, a decisão é sua e ela é guiada pelos seus valores e suas necessidades. Cada criança é de um jeito e tem um temperamento. Há crianças que se adaptam com apenas uma semana de vida, aos 6 meses ou aos 4 anos. Há crianças que voltarão a chorar na segunda-feira e depois das férias até o ensino fundamental. Esse é o motivo que faz com que sejamos todos completamente diferentes.

Dica: procure qualificar o tempo que você passa com seu filho e procure uma escola em que você tenha plena confiança. As equipes estão lá para acolhê-lo e elas têm material e conhecimento para desenvolver habilidades no seu pequeno que nem você sabia que ele tinha. Sem contar que professores são ótimos para acalmar nosso coração, ajudam no processo de desfralde e em outros momentos de transição que são mais difíceis quando enfrentados sem eles.

7. A chegada da adolescência

“Filhos criados, trabalho dobrado”. Você já escutou algo assim, certo? Mas, será que isso é real? Se você teve bastante trabalho até seu filho chegar à adolescência, provavelmente agora terá uma trégua. Mas é apenas uma probabilidade.

Você terá que lidar com questões profissionais, escolhas que vão de área a seguir na faculdade até orientação sexual, estilo, independência. Decepções amorosas, noites em claro esperando a volta das festas, preocupações com segurança, uso — ou não — de drogas lícitas e ilícitas. Grupos, tribos e um mundo de outras descobertas. Calma, com sorte vocês passarão juntos por essa.

Dica: separe aquilo que é sua expectativa e suas frustrações daquilo que seu filho realmente quer e procura. Não é porque você gostaria de ter cursado arquitetura que ele ou ela tem que querer o mesmo. Incentive o adolescente a fazer o que gosta e respeite principalmente duas coisas: a privacidade e a maturidade de seu filho. Normalmente, não estamos muito certos de que rumo queremos seguir aos 17 anos, mas podemos estar aos 19.

É preciso mostrar para eles que toda ação tem uma reação e para cada escolha uma consequência. Trabalhe com a realidade e seja da mesma equipe do seu filho; evite que ele jogue contra você ou que se sinta mais confortável de conversar sobre suas inquietações com estranhos. Por outro lado, entenda que há coisas que ele preferirá falar com os amigos ou até com um psicólogo. Mas tudo bem. Afinal de contas, você é a mãe e por mais amiga que seja, não é uma amiga.

8. Padecer no paraíso?

Depois disso tudo, imagino que você esteja se perguntando se não existe nem um outro ponto ruim que possa ser dito sobre a maternidade. Certamente, há muitíssimas coisas ainda a serem ditas que vão deixá-la de cabelo em pé se ainda não tem filhos ou se está esperando seu bebê crescer. Cada dente que sai, as febres intermináveis, cada vômito. Tudo isso pode ser assustador.

Você vai se olhar no espelho do elevador, sua blusa preta tem uma mancha branca, mas você está atrasada, não dá tempo de trocar, então você chacoalha a bolsa, encontra uma chupeta, um biscoito amassado, um sutiã, pega um lenço umedecido e tenta minimizar o problema. Você nem sente mais o cheiro azedo, está acostumada.

Enfim, a redenção: você vai sair de casa, alguém vai ficar com o seu bebê e você pode, enfim, voltar à rotina. Ao trabalho, sair com as amigas, ir ao cinema com o marido. Neste momento, seu coração se encherá de alegria por poder voltar a ser a mesma de antes. Aí, lá no fundo, vai se acender um sinal piscante, e cada minuto do seu tempo “livre” será a contagem regressiva para voltar a ter o seu pequeno nos braços.

Ninguém conta que, por mais que você queira se controlar, em algum momento vai chorar junto com o seu filho. E serão inúmeras vezes. Pela febre que não o deixa dormir, o nariz entupido que o fez acordar, a tosse que o fez vomitar. Vai levá-lo para vacinar e, por mais que não tenha doído em você, o choro do seu bebê vai fazer doer. Um dia você grita, sem querer, por mais que tenha se esforçado por nunca fazê-lo e o beicinho que ele faz vai causar um acesso de culpa que dilacera o coração.

Do momento em que ele nasce, e por muito tempo, este serzinho de quase meio metro e 3 quilos se transforma no seu maior e melhor presente, no seu amor puro, no motivo de todos os seus esforços. Seu principal assunto passou a ser o seu bebê.

É, você esqueceu das noites mal dormidas, das que ficou em claro, da dor do parto, da tristeza do puerpério.

Parabéns! A maternidade é difícil, e só nós sabemos das dificuldades que ela traz consigo. Ela faz padecer sim. Mas fez você conhecer o paraíso também.

Bônus

Assista a este vídeo de um cordel do artista Bráulio Bessa sobre as mães e sinta-se abraçada!

Você já é mãe? Sentiu na pele todas essas sensações? Como a experiência tem sido para você? Deixe um comentário nos contando!

Comentários

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PQP ? amamentar foi a pior e mais dolorosa parte sem sombra de dúvidas. Foram exatos seis meses medonhos, biquinho do peito em carne viva, bombinha do leite quase arrancou meus peitos fora, leite empedrado, leite vazando, cheiro de leite ??? Não foi nada fácil, também não julgo as mães que não conseguem amamentar, de longe não é um processo tão fácil assim como mostram ?. Não é toda mulher que vem com um bico de ? nos peitos, infelizmente ?.

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