Cientista japonês vencedor do prêmio Nobel garante que quem faz jejum vive por mais tempo

há 1 ano

Em 2016, o cientista japonês Yoshinori Ohsumi, da Universidade de Tóquio, venceu o Prêmio Nobel de fisiologia e medicina por um estudo que levou a descobertas importantes sobre a autofagia, mecanismo pelo qual células digerem partes de si mesmas.

Durante as pesquisas, ele descobriu que os períodos de fome influenciam positivamente na renovação de células e ajudam a desacelerar o processo de envelhecimento.

Decidimos pesquisar um pouco mais o conceito de autofagocitose celular e por que o trabalho de Yoshinori é uma das mais reveladoras evidências científicas a respeito do já relativamente conhecido jejum intermitente.

1. As células podem digerir a si mesmas?

Sim, o processo de uso e reciclagem das partes desnecessárias das células se chama autofagia. O termo que deu nome ao processo vem do grego e pode ser traduzido por ’auto nutrição’, ou autofagocitose. Com a ajuda da autofagia, as células evitam as organelas desnecessárias e as células mortas e danificadas. No futuro, as células que já cumpriram com o seu dever serão usadas para a construção de novas.

Este processo foi observado pela primeira vez nos anos 1950. Mas só na década de 1990, Ohsumi, com uma série de experimentos inovadores envolvendo leveduras (fungos), conseguiu revelar os genes e mecanismos que o governam e demonstrar que um maquinário semelhante é usado pelas células humanas.

2. Qual é o benefício da autofagocitose?

Em geral, a autofagia é responsável pela capacidade do organismo para a renovação, a luta contra as infecções e a expulsão das toxinas. Problemas nos processos de autofagia estão relacionados com diferentes doenças, como câncer, diabetes tipo II e Alzheimer. É sabido que, ao sofrer uma infecção, a célula trata de ’digerir’ a bactéria usando os mesmos mecanismos e proteínas que as renovam.

Ao influenciar os processos de autofagia nas células cancerígenas, possivelmente seja possível que o organismo as receba danificadas, eliminando-as internamente sem a quimioterapia. Acelerar os processos de renovação das células de idosos para lutar contra as consequências negativas do envelhecimento é outra boa notícia.

3. Como a fome influencia a autofagocitose das células?

Durante o período sem comida, o nível de glicose no sangue diminui, o que significa que diminui também a produção de insulina, responsável pelo seu envio aos tecidos. Para o nosso organismo, isso significa que o incremento das substâncias nutritivas foi paralisado, fazendo necessário mudar o modo de sobrevivência, quando começa a produção de glucagon, um hormônio importante no metabolismo dos carboidratos. Uma das funções desse hormônio é o estímulo à autofagia.

4. Isso já era sabido antes?

O efeito positivo da fome é conhecido há muito tempo. Na Bíblia, estão descritos os casos da fome dos 40 dias de Jesus e Moisés. Na religião do Irã antigo, era preciso ficar sem comer por 50 dias, e, ainda nos dias de hoje, os muçulmanos observam restrições alimentares no mês sagrado do Ramadã.

Heródoto escreveu que os egípcios ’usavam’ a fome para a recuperação sistemática durante 3 dias por mês. Sócrates e Platão, Byron, Voltaire, Linnaeus, Milton, Montaigne, Newton, Rousseau e Tolstoi também faziam isso: recusar comida regularmente.

5. Ao recusar a comida, o metabolismo fica mais lento e perde massa muscular?

Ao recusar alimentos por muito tempo o metabolismo realmente fica mais lento. Quando uma pessoa decide não comer nada por um período de 12 a 72 horas, acontece o inverso, o metabolismo acelera. Isso está relacionado com a produção do hormônio de estresse chamado noradrenalina, que é responsável pela sensação de fome.

O mesmo acontece com a perda de massa muscular. As pesquisas dizem que, ao sentir fome em um curto período de tempo para receber energia da massa de gordura, o nível de hormônio de crescimento aumenta. Outras duas funções são a anabólica e a anticatabólica, cujo objetivo é não permitir a destruição de massa muscular.

6. Mas então de que maneira podemos encarar o jejum?

Isso deve ser feito com muito cuidado e sempre com a supervisão de um médico. Em média, para queimar os carboidratos consumidos durante o dia e conservados em forma de glicogênio, são necessárias de 8 a 12 horas. Apenas depois disso se iniciam os processos de autofagia no organismo. Isso significa que qualquer período de fome precisa durar mais de 12 horas.

Sentir fome por mais de 3 dias pode causar um dano considerável no organismo, já que as células não recebem o conjunto necessário de microelementos, o que pode causar uma fraqueza na imunidade e uma piora no funcionamento dos órgãos internos.

7. Existem dietas que já estabelecem o jejum?

Uma das mais famosas é chamada de dieta ’5/2′. Este sistema de alimentação foi inventado pelo britânico Michael Mosley. Em 2012 estreou um filme que fala sobre suas pesquisas da redução de calorias. A dieta funciona da seguinte maneira: 5 dias se alimentando em horário normal e 2 dias com uma redução calórica: apenas 500 calorias para mulheres e 600 calorias para homens, em até duas refeições.

O jornalista Martin Berkhan propôs o sistema de alimentação ’16/8′, que determina um período de fome de 16 horas, além de treinos durante a semana com o estômago vazio. Ori Hofmelker mantém critérios parecidos na sua dieta ’20/4′, em que a pessoa come por apenas 4 horas. Durante o restante do dia a pessoa pode comer apenas frutos secos e nozes.

Qual é a sua opinião sobre este tema?

Mais uma vez, queremos deixar claro que antes de começar qualquer dieta como as que descrevemos acima, é muito importante que converse com o seu médico.

Ilustradora Mariya Zavolokina exclusivo para Incrível.club

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Esse texto se contradiz no paragrafo que diz "Ao recusar alimentos por muito tempo o metabolismo realmente fica mais lento. Quando uma pessoa decide não comer nada por um período de 12 a 72 horas, acontece o inverso, o metabolismo acelera"

parece que copiaram pedaços de texto da wikipedia

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