9 Fatos sobre Liev Tolstói que nem todos os professores de literatura conhecem

Arte
há 2 anos

É difícil estimar a influência de Liev Tolstói na cultura russa. Durante sua vida, produziu mais de 170 obras com uma circulação superior a 436 milhões de cópias. As visões do escritor que apesar de ser um nobre herdeiro arreava cavalos e lavrava a terra, até hoje desperta um interesse genuíno em leitores do mundo todo.

A equipe editorial do Incrível.club tem grande respeito pelo trabalho do autor. Hoje queremos recordar alguns episódios de sua vida, sobre os quais poucas pessoas sabem. No bônus, mostraremos fatos que definitivamente vão te surpreender.

1. Era parente do maior poeta russo

O escritor era um parente distante de Alexander Púchkin, o maior poeta russo. Os autores tinham um antepassado em comum — o almirante Ivan Mikhailovich Golovin, membro da família da avó de Pedro I da Rússia. A bisavó de Púchkin e a bisavó da mãe de Tolstói eram irmãs, ou seja, Liev Tolstói era sobrinho de quarto grau de Alexander Púchkin.

2. Foi um péssimo aluno

Tolstói não era o estudante mais aplicado. O professor, Mikhail Poplonski, disse sobre as habilidades do seu aluno: “Nem quer, nem pode”. Nos exames de admissão à Universidade de Kazan tirou as notas mais baixas possíveis em duas disciplinas: Estatística e História. Aliás, o futuro escritor tirou um quatro em Russo (em um sistema de notas de 1 a 5).

Ao fazer a recuperação, entrou na Faculdade de Letras Orientais. No entanto, não ficou por muito tempo: não passou nos exames de fim de ano e transferiu-se para a Faculdade de Direito. Os professores caracterizaram o futuro escritor como um estudante “muito preguiçoso” que repetidamente ia ao fundo da sala e cochilava com um jornal nas mãos. Aos 19 anos, abandonou a Universidade.

3. Cedeu sua condecoração militar para um soldado

Durante seu serviço militar no Cáucaso, o escritor teve duas oportunidades de receber a Cruz de São Jorge, uma condecoração militar da Rússia, mas ambas não aconteceram. Na primeira, houve uma confusão com papéis e os documentos necessários não chegaram a tempo. Na segunda, Tolstói cedeu sua medalha ao “velho e bondoso soldado Andreiev”. Sua decisão privou de receber uma pensão vitalícia.

4. Era viciado em jogar cartas

Quando jovem, o conde Tolstói passava muito tempo jogando cartas. Infelizmente, nem sempre teve sorte. Para pagar suas dívidas, teve de vender parte da propriedade Yasnaia Polianama, residência da família, o lar onde nasceu e passou sua infância.

5. Levou sua esposa a um surto psicótico

Liev Nikolaevitch e Sofia Andreievna se casaram quando ele tinha 34 anos e ela, apenas 18. Antes do matrimônio, o conde permitiu que a futura esposa lesse seus diários, nos quais descreveu suas relações com várias mulheres. Sua esposa se lembrou do conteúdo para sempre. Talvez esse ato tenha sido a origem de seu ciúme doentio.

A relação entre o casal mudava constantemente: de indiferença completa a ternura inexplicável. Depois da primeira noite com sua mulher em Yasnaia Poliana, Tolstói escreveu apenas três palavras em seu diário: “Não é ela”.

Após 15 anos de vida familiar, o escritor ficou obcecado com a ideia de que a propriedade e o dinheiro eram o mal do qual precisava se livrar. Até planejou desistir dos seus direitos autorais e viver na pobreza. Naquela época, sua família era mais numerosa: os filhos mais velhos precisavam ingressar na faculdade e no ginásio, e os mais jovens ainda estavam sendo amamentados.

Sofia Andreievna não apoiou o marido, o que levou a uma série de conflitos violentos. Sobre o esposo, declarou: “Ele prega o amor a toda humanidade, mas odeia seus próprios filhos”, querendo dizer que Tolstói não se importava com o bem-estar da prole. A propósito, das 13 crianças que tiveram, cinco morreram na infância.

Sua esposa, torturada por demandas inatingíveis, doenças de mulheres, a morte dos seus filhos amados e os cuidados com a casa, frequentemente tinha convulsões histéricas. Convidado para Yasnaia Poliana no verão de 1910, o doutor Rossolimo diagnosticou: “Uma dupla constituição degenerativa, paranoica e histérica, com o domínio da primeira. No momento, agravamento episódico”.

6. Tratava-se com leite de égua e andava longas distâncias

Em um dos períodos de crise, o conde foi diagnosticado com “melancolia e indiferença” (ainda não sabiam da depressão). Os médicos aconselharam-no a se tratar com Kumis, isto é, leite de égua acidificado e fermentado. O método era ao gosto do autor e ele até comprou uma propriedade perto do Kumysolechebnitsa, um hospital onde as pessoas tomavam essa bebida.

Em 1886, já aos 58 anos, fez sua primeira viagem de longa distância: de Moscou a Yasnaia Poliana. A estrada lhe deu o tempo necessário para refletir, dar um tempo de sua vida luxuosa e a oportunidade de se socializar com pessoas comuns.

7. Não andava descalço como todos pensam

A alegação de que o escritor usava roupas simples e andava descalço é um mito que se tornou popular, porque o artista Iliá Repin o pintou sem sapatos.

De fato, ele podia ser visto com uma camisa de camponês, mas apenas quando estava envolvido em trabalhos pesados. O resto do tempo se vestia muito bem, devido às suas origens aristocráticas. Além disso, até em casa usava botas especiais feitas de couro fino. O próprio escritor estava terrivelmente insatisfeito com o famoso retrato: “Só faltava me pintarem sem calças”.

O mesmo fez o pintor Narkiz Bunin, autor do quadro "Pesca".

8. Era contra o feminismo

O escritor acreditava que “uma mulher, seja qual for o seu trabalho, educação, medicina, arte, tem um único objetivo: o amor sexual”. Foi particularmente inflexível sobre as liberdades das chamadas “mulheres cultas”. “Não há necessidade para as mulheres que deram à luz ou não encontraram um marido de se formarem. Não é preciso trabalhar em escritórios e telégrafos, ou entrar nas faculdades. Sempre há uma demanda excessiva de parteiras, babás, empregadas domésticas, meretrizes”, escreveu Tolstói.

Sua esposa, uma mulher culta e educada, foi ultrajada com essas reflexões. É preciso apontar que ela reescreveu os manuscritos do marido, cuja letra era incompreensível para todos os editores, por quase 50 anos.

9. Chamou Guerra e Paz de “bobagem de muitas palavras”

O romance Guerra e Paz foi um grande sucesso entre os leitores nacionais e estrangeiros. Inicialmente, o conde parecia satisfeito com o seu trabalho. No entanto, alguns anos após o lançamento do livro, escreveu ao poeta russo Afanasi Fet: “Como estou feliz... nunca mais vou escrever uma bobagem de muitas palavras como Guerra e Paz”.

Bônus: mais alguns fatos interessantes sobre o clássico

  • Aos 57 anos, tornou-se vegetariano.

  • Aos 60, sabia ler em 13 línguas estrangeiras.

  • Aos 67, aprendeu a andar de bicicleta.

  • Em russo, as camisas largas, um tipo de moletom, começaram a ser chamadas de Tolstovka em homenagem ao escritor que frequentemente usava essas peças.

  • Seu número favorito era o 28.

  • O escritor foi indicado 16 vezes ao Prêmio Nobel de Literatura e quatro ao Nobel da Paz.

  • Seus ensinamentos influenciaram significativamente o filósofo indiano Mahatma Gandhi, que trocava correspondências com o escritor.

  • O conde assistiu a várias sessões de cinema em sua vida. E até quis escrever um roteiro, mas, infelizmente, não deu tempo.

Você conhecia tantas curiosidades sobre Liev Tolstói? Qual delas mais te impressionou? Comente com a gente.

Imagem de capa akg-images / EAST NEWS

Comentários

Receber notificações
há 2 anos
Este comentário foi deletado. Podem ir para casa, pessoal.

Sei lá, era uma figura no mínimo controversa, mas fez um bem a nossa história

-
-
Resposta