8 Respostas às perguntas sobre radiação nuclear que surgiram depois da série “Chernobyl”

Saúde
há 4 anos

Chernobyl, novo sucesso entre os amantes de séries, provocou uma grande discussão a nível mundial e recebeu críticas controversas. No entanto, isso não a impediu de se transformar na “melhor série do mundo”, segundo sua classificação atual em IMDb.

A equipe do Incrível.club assistiu a série e, depois disso, fez uma série de perguntas sobre um de seus “protagonistas”: a radiação nuclear. Tentamos compreender esse fenômeno complexo para contar, em uma linguagem simples, como a radioatividade afeta os seres vivos em sua vida cotidiana.

1. Por que a radiação nuclear é perigosa?

Uma radioatividade natural está constantemente presente na Terra. Algumas partículas instáveis se originaram ainda “no forno” do Big Bang, e seu período de semidesintegração é comparável com a idade do universo. A isso é somada a radiação ionizante do espaço (radiação cósmica). Mas, em uma escala normal, ela não é perigosa para os seres vivos.

Uma imagem completamente diferente surge com os bombardeios atômicos ou desastres provocados pelo do homem com emissões de uma elevada magnitude de partículas ionizantes. A energia produzida pela divisão de núcleos radioativos “tira” os elétrons dos átomos das células, o que leva a uma alteração de suas funções. E é dessa forma que aparece o envenenamento provocado pela radiação.

2. Como se manifesta o envenenamento provocado pela radiação e como é possível tratar?

Os primeiros sintomas da doença (náuseas, vômitos e desorientação) são produzidos quando as partículas radioativas penetram no corpo através da pele, com o ar que se inala ou junto com os alimentos. Portanto, a tarefa principal dos médicos na primeira etapa do tratamento é eliminar as partículas ativas através de medicamentos e lavagens estomacais. Quando alguém é exposto a altas doses de radioatividade, essa pessoa desenvolve a forma mais aguda dessa doença. O paciente sofre, principalmente, de complicações relacionadas com seu sistema hematopoiético. Nesse caso, utiliza-se transfusões de sangue e transplante de medula óssea como possível cura.

O corpo sofre uma deterioração especial, no caso de ter acontecido algum dano em ambas espirais do DNA. O paciente não poderá se recuperar corretamente, portanto, encherá o espaço livre com nucleótidos aleatórios. Isso provocará uma degeneração dos tecidos e a formação de tumores. As consequências podem se manifestar durante um tempo prolongado. Os danos nos cromossomos das células germinais são herdados e levam à mutações nas gerações seguintes.

3. Como podemos nos proteger da radiação ionizante?

Para isso dependerá muito do tipo de radiação a qual uma pessoa foi exposta. A radiação nuclear, também chamada de radiação ionizante, transforma os núcleos de seus átomos em núcleos de outros elementos quando interage com outras substâncias. Enquanto isso, formam-se partículas de diferentes tipos:

  • Durante a desintegração alfa, emitem-se partículas alfa. A roupa normal ajudará na proteção contra essas partículas.
  • As partículas beta são muito menores que as alfa, portanto, são capazes de penetrar nos materiais não densos. Uma folha de alumínio ou de vidro pode deter esse tipo de radiação.
  • A radiação gama tem o maior poder de penetração. Nem os trajes especiais nem as máscaras antigás podem dar proteção contra ela. Nesse caso, pode-se recorrer a elementos muito densos: não só o chumbo, material com o qual são fabricadas as placas que utilizavam os personagens da série, como também o aço, o tungstênio e outros metais pesados. As paredes grossas de concreto também ajudarão, questão que se deve levar em conta na hora de construir refúgios subterrâneos.
  • Além disso, durante a reação são produzidos nêutrons. A água, o polietileno e outros polímeros são capazes de dissipar a energia deles.

4. Como é desativada a substância contaminada?

A desativação ocorre de duas maneiras. As partículas radioativas são eliminadas mecanicamente mediante um jato de água, utilizando escovas e outros meios. Além disso, utiliza-se soluções que eliminam as que penetraram profundamente nos materiais.

Existem outras formas de desativação (por exemplo, o uso de eletrólitos, ultrassom ou laser), mas são menos comuns devido à complexidade de sua utilidade em objetos grandes.

5. É recomendável tomar iodo como medida preventiva?

Os personagens da série tomam comprimidos de iodo para proteger o sistema endócrino da exposição radioativa. Alguns isótopos podem participar no metabolismo. O iodo ratioativo (iodo-131) é capaz de se acumular na glândula tireoide, substituindo o elemento “normal”.

Com a deficiência de iodo, a glândula tireoide acumula indiscriminadamente qualquer tipo de iodo. Por isso, é importante proporcionar a ela o elemento estável. No entanto, ingerir isso como medida preventiva não só carece de sentido, como também é perigoso, já que pode desencadear em doenças na tireoide.

6. Onde é mais forte a radiação ionizante natural?

Tudo é muito simples: quanto mais próximo do Sol, mais radiação. Somente uma pequena parte da radiação cósmica alcança a superfície da Terra. Mas, quanto mais nos elevamos ao céu, maior é a dose que recebemos. Os residentes das latitudes equatoriais estão mas expostos que aqueles cujas casas estão localizadas mais próximas dos polos.

Os empregados do setor de aviação, em um ano, são expostos a mais radiação que os trabalhadores das centrais nucleares. E os marinheiros em submarinos nucleares são os que estão menos expostos a ela: eles estão protegidos da radiação que chega à Terra por uma camada de água e, além disso, a instalação nuclear está protegida de maneira confiável por paredes de chumbo.

A radiação nos alcança não só no exterior, como dentro dos edifícios, que também a irradiam. O fato é que a areia e os escombros contêm radionuclídeos naturais. Mas, não entre em pânico! Na construção de casas residenciais, permite-se utilizar somente materiais seguros com os níveis mais baixos de radiação, e esse processo está regulamentado por diversas leis.

7. Nem a comida é segura?

Depois da explosão em Chernobyl, diversas partículas radioativas muito perigosas penetraram nos alimentos. Porém, em nossa vida cotidiana, estamos rodeados de produtos que contêm radiação natural e, às vezes, seu nível é bastante alto.

As bananas mais comuns, que são consideradas benéficas devido ao seu alto teor de potássio, contêm o isótopo desse elemento, o potássio-40, em tanta quantidade que a radiação ionizante criada pelos lotes exportados de bananas disparam os alarmes nas fronteiras entre os países. Devido a essa propriedade do alimento, os empregados que trabalham com a energia nuclear introduziram o conceito de “dose equivalente a uma banana” para denominar as fugas de pequenas doses de radiação ionizante.

Os amantes de bananas não precisam se preocupar: os alimentos cultivados no solo com um nível de radiação dentro da norma são considerados seguros. No total, através da comida recebemos em torno de 10% do nível anual de radiação. Na verdade, devido ao consumo de substâncias que contêm elementos radioativos, uma pessoa também vira uma fonte de radiação ionizante.

8. Como a radiação afeta os dispositivos eletrônicos?

Da mesma maneira que no caso da exposição à radiação de organismos biológicos, um alto nível de radiação ionizante deteriora os átomos que compõem os aparelhos eletrônicos. Os semicondutores são os mais afetados. As ondas acústicas que aparecem no momento do impacto de uma partícula de alta energia sobre a superfície dos dispositivos conduzem à aparição de defeitos ocultos. Por isso, o robô alemão mostrado na série foi prejudicado e não pode realizar sua missão.

Mas os helicópteros não caíam por causa da radiação. A cena em Chernobyl é uma licença dramática. A tragédia realmente aconteceu, mas não nos primeiros dias depois da explosão, e sim 6 meses mais tarde: 2 de outubro de 1986. No andamento dos trabalhos de minimização das consequências do acidente, o piloto do helicóptero não viu o cabo do guindaste de construção que estava junto à unidade de potência e o enganchou na hélice da aeronave.

E você, já viu a série Chernobyl? Se sim, quais perguntas surgiram depois de assisti-la? Conte-nos na seção de comentários!

Imagem de capa depositphotos

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