Animais selvagens estão se tornando cada vez mais noturnos para evitar os humanos, diz estudo

Animais
há 4 anos

Você provavelmente já se perguntou o que seu animal de estimação faz quando você não está em casa. Mas alguma vez já pensou em como a vida selvagem reage com a presença cada vez maior dos seres humanos em seu habitat? Uma equipe de pesquisadores fez essa pergunta e descobriu que a reação mais comum de alguns animais em relação à presença dos seres humanos é evitá-los.

O Incrível.club pretende compartilhar mais informações sobre essa descoberta com você, pois acredita que é importante que todos saibam como a ação de cada pessoa afeta tanto o ambiente, em si, quanto os seres que vivem nele.

Sobre o estudo

Existe uma relação direta entre o aumento da população humana e a urbanização cada vez maior de regiões antes destinadas apenas aos animais. Por isso, muitos cientistas têm pesquisado o impacto da atividade humana sobre a vida selvagem.

No caso do estudo que mostraremos, os responsáveis analisaram dados de pesquisas anteriores relacionadas às atividades da vida selvagem, num método conhecido como meta-análise. As informações coletadas cobrem os 6 continentes e envolvem 62 espécies de mamíferos, que representam 21 famílias e 9 ordens. Os resultados foram publicados na prestigiada revista Science e a pesquisa contou com o respaldo da National Science Foundation, dos EUA.

Países que fizeram parte do estudo

O estudo, dirigido por Kaitlyn Gaynor, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA, se restringiu a animais com peso superior a 1 kg, desde gambás a elefantes, pois a necessidade de espaço desses seres aumenta um potencial conflito com os humanos.

As informações foram obtidas por meio de câmeras remotas, colares com GPS e observação direta. Os pesquisadores compararam a atividade noturna dos animais em condições de baixa e alta perturbação humana, realizando, posteriormente, uma classificação, segundo as regiões, as espécies e os períodos de tempo.

Eles preferem nos evitar

O estudo de Gaynor, realizado com os co-autores Justin Brashares e Cheryl Hojnowski, da Universidade da Califórnia, em Berkeley; e Neil Carter, da Boise State University, em Idaho, nos EUA, revelou um aumento acentuado da atividade noturna dos animais ante a presença humana. Os mamíferos tornaram-se 1,36 vezes mais noturnos, ou seja, um animal que normalmente dividiria sua atividade entre o dia e a noite se tornou 68% mais ativo durante à noite e tudo devido aos distúrbios causados por humanos.

Além disso, as ações humanas foram classificadas em diferentes níveis, de acordo com o risco que representavam para a vida selvagem, como: não letais (caminhadas, extração de recursos naturais etc.), letais (caça) e de infraestrutura (desenvolvimento urbano, agricultura, etc.).

Curiosamente, e ao contrário do que se poderia imaginar, o tipo de atividade não influenciou os padrões de comportamento dos animais, o que sugere que sempre percebem o ser humano como uma ameaça, mesmo quando não representa um risco direto. É isso mesmo; os animais fogem de nós, ainda que não exista qualquer intenção de prejudicá-los.

Esperava-se que os resultados variassem consideravelmente, dependendo da região geográfica e das espécies, mas não foi isso que ocorreu. Todas as espécies de todos os continentes mostraram um aumento da atividade noturna quando os seres humanos estavam próximos, mesmo no caso de carnívoros, que normalmente não são alvo de predadores.

O trabalho mostrou ainda uma tendência levemente maior de fuga das espécies de animais que tinham corpos maiores, provavelmente porque seu tamanho corporal as “expõe” mais facilmente como possível alvo de caça dos seres humanos.

Isso é bom ou ruim?

O estudo mostrou que apenas a nossa presença já é suficiente para perturbar os padrões naturais de comportamento animal, muitas vezes diminuindo sua atividade física, fazendo com que passem mais tempo se alimentando e descansando.

Esses resultados podem ser analisados ​​sob dois pontos de vista. Pelo lado positivo, pode-se dizer que essa separação entre a vida humana e a vida selvagem facilita a coexistência mútua, distinguindo seus habitats mais claramente e aumentando as chances de sobrevivência dos bichos.

Por outro lado, pode haver uma incompatibilidade entre o Meio Ambiente e as características morfológicas do animal, alterando padrões que levaram milhões de anos para a adaptação, o que torna difícil acreditar que a vida selvagem prospere se sua atividade estiver limitada à escuridão.

Você já pensou que os animais mudariam sua rotina para nos evitar? Considera isso ruim ou uma forma de garantir que não sejam atacados ou importunados? Conte sua opinião nos comentários.

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