Moro na República Tcheca e quero contar o que devemos aprender com os papais daqui

Os pais tchecos e seus filhos provocam uma admiração silenciosa. Como se você entrasse num templo e precisasse ficar em silêncio. Eu juro. A única coisa é que esses pais usam shorts, são bronzeados e têm músculos.

Meu nome é Anastasia e decidi contar aos leitores do Incrível.club o que podemos aprender com os pais tchecos.

Um pai no parque ocupado com as crianças: um filho anda de bicicleta e cai toda vez, mas o pai o pega! Opa! Ele pegou de novo! E novamente! Segura o outro filho pela mão, e sustenta o terceiro dormindo preso às suas costas. O pai está presente em algum momento sempre de forma invisível e, quando necessário, retira o salgadinho da embalagem, a água e o kit de primeiros socorros. A mãe não está por perto. Geralmente, não está. Um pai caminha sozinho com seus três filhos e tem o rosto de uma pessoa feliz, não como na pintura de Edvard Munch.

Os pais tchecos não ficam bravos com as crianças

Um pai está num piquenique, uma toalha com listras é estendida no gramado, em uma mão há um sanduíche para o filho mais velho e na outra uma fralda para o menor, perto deles estão as raquetes de frescobol, brinquedos, sanduíches. Mais uma vez, a mãe não está lá. Mas, nada de extraordinário, os três vieram ao piquenique, é normal.

O pai que abraça carinhosamente seu filho do primário perto dos portões da escola. “Bem, tenha um bom dia!”, e seu filho responde: “E você também!”. Na sua resposta, o pai diz “eu te amo, filho!” — “E eu também papai” — “Mas eu mais”. Você chega a pensar se eles realmente existem. Ou talvez você tenha que tocá-los com uma varinha e eles se revelarão?

Ou o pai na clínica com uma paciência infinita ao acalmar o recém-nascido. Mamãe está perto, mas conversando com sua amiga. Neste momento, de acordo com minhas percepções, ele diria com uma voz irritante: “Ana, cuide do bebê, você não está ouvindo como ele grita!”. Mas o pai olha ternamente para o bebê vermelhinho que está gritando, tira a meia e beija sua sola e continua a acalmá-lo. E o tranquiliza. E ele lhe dá sua mamadeira. Finalmente, o bebê se acalma e adormece feliz.

Ou outro exemplo, um pai na cafeteria com um recém-nascido e o cachorro. Todo mundo está muito quieto e muito satisfeito: o pai com o bebê, o bebê com o cachorro, o cachorro com o bebê, o pai dá ao recém-nascido uma papinha. É completamente normal nos dias de trabalho. O cachorro lambe a papinha do carrinho e, geralmente, lambe tudo.

De novo, outro pai. Nós estivemos sentados perto dele por uma hora e meia. Uma hora e meia. Durante todo esse tempo, ele nunca pegou seu telefone, e eu, a propósito, peguei três vezes para responder rapidamente a um e-mail, ver algo no dicionário e as horas. Em momento algum ele gritou ou ficou com raiva. Tampouco olhou irritado para o relógio. Às vezes ele dava à criança algo de um recipiente. Brincava com ela. Ajudou-a 15 vezes a subir uma escada e a descer. Com um movimento evasivo de um pai experiente, verificou a fralda. E tudo isso sem parar de falar com muita ternura.

Por Deus, o que pode ser mais incrível? Isso faz você querer dar à luz três outras crianças imediatamente. Enquanto sua esposa está em algum lugar e bebe café com suas amigas. Ou uma limonada. Ou faz as unhas, corre, lê um livro deitada na banheira.

Eu ainda não sei onde ou como educam os pais tchecos. Mas tenho certeza que é uma receita muito simples. As melhores receitas são as mais simples. Sem ingredientes complicados: guerra, revolução, medo e humilhação. E sem o estereótipo de que “tudo está errado”. Sem esse tipo de coisa: “você não ganha um milhão, então não é um homem”, ou “quando você troca a fralda do bebê deixa de ser um homem”.

Se você nunca é um homem, então isso significa que o problema não pode ser resolvido e não vale a pena o esforço, mas você tem que se deitar numa poltrona com o telefone e esperar pacientemente pela morte. É uma boa receita para o drama, mas não para uma vida pacífica.

Mas os pais tchecos são preparados para uma vida pacífica. Para a alegria e uma infância feliz.