10+ Perguntas sobre nossos antepassados e os genes que eles nos deixaram

há 5 anos

Há quem acredite que, na realidade, não sabemos nada sobre nossos antepassados mais longínquos. Os povos antigos são até hoje envoltos em mitos, sendo que alguns deles vêm sendo desmentidos por achados surpreendentes e descobertas de grande importância científica. Você acha, por exemplos, que o Ieti, também conhecido como o Abominável Homem das Neves, era neandertal? Ou que o homem moderno é perfeito aos olhos da natureza? Onde viviam os antigos gigantes e por que humanos recebem transplantes de órgãos de porcos se nossos ancestrais eram primatas?

Incrível.club pesquisou em várias fontes sobre antropologia para compreender melhor os mistérios do passado misterioso da humanidade. Bateu curiosidade? Então continue lendo!

O homem atual é a máxima perfeição da natureza?

Os tubarões estão constantemente ganhando novos dentes, os incisivos dos roedores crescem e se desgastam pela vida inteira. Já os humanos só contam com dois conjuntos dentários ao longo da vida. Uma pessoa conseguem correr a, no máximo, 44 km/h, enquanto o guepardo alcança uma velocidade que supera os 100 km/h. Uma baleia é capaz de submergir a uma profundidade de 3 mil metros, mantendo-se ali por uma hora e meia, enquanto um humano com equipamento de mergulho só consegue descer a 60 metros de profundidade e por alguns minutos. Nós precisamos fazer várias refeições por dia; por outro lado, o escorpião se contenta em comer uma vez por ano.

A natureza não cria organismos perfeitos ou imperfeitos: o que acontece é que a evolução mantém aqueles de melhor se adaptam às condições em que vivem. Portanto, todos os seres que não foram extintos poderiam ganhar o prêmio de “perfeito por natureza”.

Quando os especialistas encontrarão o ’elo perdido’ entre o homem atual e o macaco?

Descobertas feitas no fim do século XX confirmaram que nós e os macacos antropoides modernos temos os mesmos ancestrais comuns, e eles são justamente os primatas. Há cerca de 7 milhões de anos, a evolução conduziu os antepassados do homo sapiens, nossa espécie, por um caminho próprio. Mas não se tratava de uma cadeia, e sim de uma árvore completa: diferentes espécies coexistiam e cruzavam entre si. Prova disso é que foram recentemente descobertos fragmentos de osso de uma menina que era filha de um homem denisovano com mãe neandertal — duas espécies de hominídeos já extintas e que conviveram com a nossa. Também há evidências de cruzamentos de homo sapiens com neanderthais.

Atualmente, os estudiosos vêm se debruçando sobre outros achados que ajudam a completar nossa árvore genealógica: sabemos que, muito provavelmente, o último ancestral comum entre gorilas chimpanzés e hominídios (incluídos os humanos) foi o nakalipithecus. Já o australopithecus afarensis, encontrado em 1974, tornou-se o representante da primeira espécie a andar sobre duas pernas.

Se as pessoas têm tantos antepassados, como a Terra não está cheia com os restos mortais deles?

Uma ninhada de rato-do-campo conta com 3 a 7 filhotes. Em um ano, a fêmea tem até 5 ninhadas. Em um mês e meio, cada filhote torna-se adulto e se reproduz. Com uma reprodução em velocidade tão alta, os restos de ratos-do-campo também deveriam estar lotando cada espaço no solo. Mas então, por que é difícil de encontrar até mesmo esqueletos dos grandes dinossauros que habitaram nosso Planeta por milhões de anos?

No solo, raramente os restos de seres vivos são conservados por muito tempo. Eles são consumidos por micro-organismos: as bactérias absorvem os ossos, enquanto o resto é dissolvido na água. Os restos mais conservados geralmente estão em áreas pantanosas ou sob uma camada de cinza vulcânica, o que desacelera o processo de decomposição.

Será que o Ieti é um neandertal que sobreviveu até hoje vivendo nas cavernas?

Suponhamos que, caso exista mesmo, o Ieti (o chamado abominável homem das neves) seja um parente distante dos humanos que vive no Himalaia. Para sobreviver, ele necessitaria de um grande círculo de amigos e parentes, além de ocupar um vasto território. Esconder o fato da existência de uma criatura como o Ieti seria impossível: qualquer animal deixa rastros atrás de si. Sejam ninhos, moradias, restos de pelagem ou penas, fezes, ferramentas ou restos de comida.

A relação entre Ieti e neanderal é algo ainda mais difícil de se acreditar. Enquanto o lendário Ieti é descrito como uma criatura semelhante a um macaco, hoje os especialistas concordam ao afirmar que o homem de Neandertal era um caçador forte e inteligente, que sabia produzir ferramentas e que se enfeitava com pingentes feitos de conchas e dentes. As evidências mais confiáveis até hoje dão conta de que, se existe, o homem das neves é, na verdade, uma espécie de urso, e não um hominídeo.

Cerca de 4% das pessoas têm genes neandertais? Será que elas parecem gente da pré-história?

A ideia parece óbvia, mas não existe nenhuma prova. Sim, um estudo revelou que as pessoas com genes neandertais têm o crânio mais alongado. Porém, essa “herança” não é nada perceptível na aparência, e sim no sistema imunológico e numa maior probabilidade de desenvolver certas doenças, como lupus e diabetes tipo 2.

É verdade que o homem pré-histórico era selvagem e intelectualmente limitado?

Não, não eram. Os neandertais, que desapareceram há cerca de 40 mil anos, já usavam a linguagem para a comunicação, produziam ferramentas complexas e pintavam o corpo. Seus descendentes, os Cro-Magnons (que coexistiram com os neanderthais e, acredita-se, entraram em conflito com eles), viviam em tendas, domesticavam cães, fabricavam utensílios domésticos e adornos, além de praticar rituais funerários.

As pessoas primitivas não tinham regras morais, levando uma vida resregrada e se matando entre si. Isso é verdade?

Na natureza, a vida das diferentes espécies é sujeita a certas regras. Por exemplo, os chimpanzés lutam entre si, mas raramente machucam gravemente o oponente. Contudo, são capazes de matar outros indivíduos em caso de real perigo. Ainda assim, seu comportamento durante o conflito é muito diferente do comportamento adotado por humanos do século XXI.

Até mesmo os caçadores-coletores modernos seguem uma regra moral mais rigorosa do que a existente nos países tidos como desenvolvidos. Isso foi comprovado pelo antropólogo russo Stanislav Drobyshevski, após ele ter interagido com os hadza, tribo da África oriental: naquela comunidade, tudo é distribuído igualmente, ninguém mente, rouba nem inveja. Drobyshevski fala mais sobre a vida e cultura dos nossos antepassados ​aqui.

Qual era a expectativa de vida na antiguidade?

Os esforços físicos diários, assim como os traumas sofridos e o risco de serem atacados por grandes predadores, esgotavam o corpo de nossos ancestrais. A expectativa de vida média de um homem de Neandertal era de 30 anos. Mas os estudiosos encontraram restos mortais de pessoas mais velhas. O famoso ancião neandertal de Shanidar é um bom exemplo: só tinha um olho, era manco, sofria com intensas dores nas costas e tinha os dentes muito gastos. Ainda assim, teve uma vida longa graças aos seus companheiros de tribo. No momento de sua morte, tinha cerca de 40 anos.

Se nossos parentes mais próximos são os macacos, por que há quem assegure que podemos receber órgãos transplantados de porcos?

Os humanos não recebem transplantes de órgãos de outros animais, embora várias tentativas tenham sido feitas: em 1963, foi realizado o primeiro transplante de rim de chimpanzé para uma pessoa: o órgão funcionou por 9 meses. Já em 1994, um paciente humano recebeu o fígado de um porco, que funcionou por apenas 30 horas. Hoje se sabe que nem mesmo um órgão humano é bem aceito pelo organismo de outra pessoa, muito menos o de um animal.

Além disso, ao experimentar novos métodos de tratamento, os cientistas vêm usando células de ratos com maior frequência. A nível molecular, os ratos (nem outros animais) não são tão diferentes dos humanos: a síntese de proteínas em todos os eucariotas é feita por ribossomos idênticos.

Por que as pessoas de antigamente eram tão grandes? Será que somos descendentes de civilizações alienígenas?

Há mais de meio século, a ciência conheceu os megantropos e os gigantopithecus (até 4m de altura), ainda que eles não tenham relação com estruturas megalíticas: eles viveram há tempo demais e não realizavam construções. Além disso, ficou provado que pessoas com a nossa estatura atual poderiam perfeitamente ter construído o Stonehenge (as famosas ruínas na Inglaterra) ou as pirâmides.

Quando analisamos os restos mortais dos nossos antepassados mais desenvolvidos, podemos dizer com toda a segurança que, em comparação com eles, somos verdadeiros gigantes. O grande volume do crânio não significa que eles eram altos: o australopitecus africano tinha 1,5m de altura, embora seu crânio fosse maior que o nosso. Só os cro-magnons tinham a mesma altura que nós, chegando a uma média de 1,83m. O volume do cérebro e o tamanho do crânio diminuíram, mas a altura e a proporção aumentaram por conta da maior qualidade de vida, dieta variada, medicina desenvolvida e dieta com muita proteína.

É verdade que nossos antepassados eram vegetarianos? Assim, comer carne é antinatural?

A maioria dos primatas é formada por onívoros — uma das exceções são os gorilas. Daí a presença dos incisivos, para morder a carne. Na verdade, parte da dieta da maioria dos primatas é formada por aves e seus ossos, insetos, carne de pequenos animais e peixe.

Os antigos humanos foram aumentando gradualmente a quantidade de carne em sua dieta: o alimento é fácil de mastigar, sacia rapidamente a fome e garante energia, o que permitiu a sobrevivência durante períodos glaciais e contribuiu para o desenvolvimento do cérebro, que agora absorve até 25% da energia de todo o organismo. A caça de animais também exigiu criatividade: as pessoas começaram a desenvolver armadilhas e a melhorar as próprias ferramentas.

Atualmente, em qualquer supermercado, podemos comprar vegetais que são mais calóricos do que carne. Mas os homens antigos tinham poucas opções. As bananas silvestres, por exemplo, eram menos calóricas, quebrar um coco era uma tarefa mais difícil, e os feijões silvestres e o arroz precisavam de muito tempo de cozimento. A domesticação de cereais e o início das plantações só ocorreu há 12 mil anos. Ou seja, hoje você pode tornar-se vegetariano sem prejudicar sua saúde, mas para o homem antigo, a prática poderia levar à extinção.

O mundo ainda possui lugares onde as pessoas vivem como nossos mais distantes antepasados?

Obviamente, as comunidades tradicionais de hoje não são cópias exatas dos antigos, e os especialistas têm consciência disso. Porém, muitas pessoas ainda conservam certos aspectos da vida antiga. Ao menos algumas delas fazem as mesmas ferramentas que os arqueólogos encontram em povoados datados da Idade da Pedra. Um caso curioso é o dos aborígenes australianos, que viveram assim até recentemente.

Para saber como era a vida de uma pessoa pré-histórica ou ao menos medieval, seria preciso agir como o jovem russo Pavel Sapozhnikov, que foi para uma floresta, construiu uma cabana ali e passou meses vivendo sem eletricidade, água quente e nem mesmo fósforos.

Você gostaria de viver na natureza selvagem, sem ter o menor contato com a civilização?

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