10 Animais minúsculos que vivem no Brasil e são super perigosos

Animais
há 1 ano

Brasil, como se sabe, é um país tropical que tem condições ideais para abrigar uma infinidade de animais, desde microscópicas bactérias até animais grandes e pesados como a onça-pintada (símbolo da nossa fauna) e a anta, maior mamífero nativo do País. Convivemos com animais, como nossos cachorros e gatos, que são bem-vindos em nossas casas, mas há àqueles bichos que são intrusos e “visitas indesejadas”, oferecem perigos e por isso devemos ficar alertas para evitar que se aproximem de nós.

Incrivel.club reuniu 10 animais pequenos em tamanho e grandes no perigo se não forem mantidos afastados dos seres humanos. Confira também recomendações de como agir em caso de acidente e como evitar esses animais.

10. Barbeiro (Triatoma infestans)

Esse inseto transmite a Doença de Chagas quando suga o sangue de suas vítimas (humana ou animal) e deposita suas fezes contendo o protozoário Trypanosoma cruzi que entra na corrente sanguínea após a pessoa se coçar. Além dessa forma de contágio da doença, um trabalho realizado pela Universidade Paulista (confira aqui) em 2018 reuniu estudos e evidências da transmissão via oral, pela ingestão de alimentos como açaícaldo de cana contaminados pelo protozoário encontrado nas fezes do barbeiro.

Como evitar: é necessário cuidar constantemente da limpeza da casa para dificultar a entrada do inseto e evitar frestas e buracos nos móveis. Na alimentação, consumir produtos de origens confiáveis, em locais certificados pela vigilância sanitária.

Repelente caseiro: para evitar uma possível picada do inseto foi desenvolvido um produto (veja o modo de preparo aqui) composto por cravo-da-índia, óleo de amêndoas e álcool a ser borrifado sob a pele. A receita também é repelente contra os mosquitos da dengue.

Primeiros socorros: o primeiro passo é manter a calma e ver se consegue localizar e identificar o inseto que picou, mas em todo caso, evite coçar a região da mordida porque isso facilita a entrada do protozoário contida nas fezes do barbeiro. Como a picada não é dolorosa e durante o sono, muitas vítimas nem mesmo percebem que foram atacadas.

9. Água Viva (Chrysaora lactea)

A água-viva é um animal marinho que se prolifera mais rapidamente com o aumento da temperatura. No verão, nas praias brasileiras, com o crescente número desses animais, torna-se mais comum a incidência de queimaduras provocadas pelo contato das águas vivas com os seres humanos.

A sensação de queimadura é porque a água-viva possui tentáculos cobertos por células que injetam toxinas na pele causando dor extrema e em casos mais graves febre, tontura e náuseas.

Nas praias catarinenses a bandeira lilás sinaliza e alerta aos banhistas que a área possui alto risco de acidentes com águas-vivas.

Como evitar: é importante pesquisar se a praia tem alto índice de acidentes por animais aquáticos, coletando informações com a população local e guarda-vidas. Estar sempre atento aos animais e objetos encontrados na praia, já que a água-viva por ser transparente, é difícil de enxergar. Ao encontrar a água-viva, chame o guarda-vidas para recolher o animal com segurança.

Repelente: pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, estão desenvolvendo um produto que inibe a liberação do veneno após contato com as águas-vivas. A ideia é adicioná-lo ao protetor solar.

Primeiros socorros: aplicar vinagre ou água do mar (nunca água doce) na lesão e, com o auxílio de uma pinça, remover os tentáculos presos na pele são medidas que podem ajudar a diminuir a sensação de queimação.

8. Aranha Armadeira (Phoneutria nigriventer)

É uma espécie de aranha bem distribuída na região sudeste do Brasil em áreas rurais ou urbanas. As armadeiras são consideras as aranhas mais agressivas do mundo. O nome armadeira é relacionado com sua posição de defesa, na qual se apoia sobre as pernas traseiras e ergue as dianteiras para dar o bote, saltando sobre o possível agressor; isso por si só já assustaria a muitos, imagine ainda que a picada dessa aranha é muito dolorosa e o seu veneno é extremamente tóxico podendo até causar a morte. Um dos locais onde essa aranha costuma viver é em bananeiras, sendo inclusive, transportadas para outros países por estarem escondidas em cachos de bananas. Ela também pode se abrigar nas casas, sendo encontrada por exemplo, dentro de sapatos e atrás de cortinas. Por isso, fique atento.

Como evitar: diante do perigo do ataque dessas aranhas, é importante prevenir-se com a limpeza do quintal, e ao manusear objetos abandonados e entulhos utilizar luvas e botas. Examinar roupas e calçados antes de usar.

Repelente: existem soluções caseiras e populares para afastar aranhas e insetos, uma vez que eles são repelidos por cheiros fortes. É possível, por exemplo, espalhar saquinhos contendo cravo-da-índia e/ou pedras de cânfora pela casa.

Primeiros socorros: manter a vítima calma e procurar identificar a aranha que picou. Recomenda-se lavar a região da picada com água e sabão e para aliviar a dor. Também pode ser feita uma compressa de água morna. Analgésicos comuns podem aliviar a dor até a chegada do resgate.

7. Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus)

A espécie de escorpião Tityus serrulatus é considerada a mais venenosa da América Latina. Em 2018, Ministério da Saúde registrou 141,4 mil casos de acidentes com escorpiões em todo o País. O escorpião amarelo se adapta facilmente aos ambientes urbanos e se prolifera rapidamente, já que a própria fêmea é capaz de gerar os filhotes sem a necessidade de acasalamento.

O veneno do escorpião atua no sistema nervoso, causando dor intensa e formigamento no local da picada. No ano passado, diversas notícias relataram a morte de crianças em decorrência de picada de escorpião. Crianças e idosos, claro, são mais sensíveis à toxicidade do veneno que se espalha mais rapidamente pela corrente sanguínea, o que requer encaminhamento imediato ao hospital para aplicação do soro antiescorpiônico.

Como evitar: cuidar da limpeza da casa, não deixando amontoar lixo, entulhos, telhas e tijolos. Tampar ralos e frestas. Não deixar camas e berços encostados na parede e evitar que os lençóis encostem no chão, o que pode servir de apoio para o escorpião subir.

Repelente: a aplicação de inseticidas não é indicada porque faz com que os escorpiões saiam dos esconderijos à procura de lugares onde não haja veneno, aumentando ainda mais o risco de acidentes. O inseticida só seria eficaz e seguro se fosse possível aplicá-lo diretamente no animal, e não espalhado no ambiente.

Primeiros socorros: se for possível, capture o animal ou tire uma foto para facilitar a identificação e auxiliar no diagnóstico. Limpar o local da picada com água e sabão e nunca aplicar gelo, porque isso aumenta a dor. Use apenas compressas de água morna.

6. Taturana (Lonomia obliqua)

As taturanas são encontradas durante o dia reunidas em troncos de cedro, figueira-do-mato, seringueira entre outros tipos de árvores que servem como habitat natural e fonte de alimento para esses animais.

O animal possui “espinhos” por todo o corpo que se rompem e liberam veneno ao entrar em contato com a pele das pessoas. Os envenenamentos podem ser graves e até fatais se não tiverem o tratamento adequado, porque provocam reações alérgicas e alterações na coagulação do sangue. maioria dos casos de acidentes envolvendo as taturanas ocorre na região Sul do Brasil.

Como evitar: fique atento a troncos e folhas de árvores porque pode haver lagartas que vivem e se camuflam nesses locais. Utilize luvas e botas em atividades de risco. Pintar o tronco das árvores próximas das residências de branco facilita a visualização das lagartas.

Repelente: a aplicação de inseticida à base da bactéria Bacillus Thuringiensis atua como aliada no combate às taturanas. O produto não é tóxico aos seres humanos.

Primeiros socorros: lave o local afetado com água em abundância e faça compressas com água fria ou gelo para aliviar a dor.

5. Abelha Africana (Apis mellifera scutellata)

Em 1956, a espécie de abelha africana foi introduzida no Brasil, na região de Rio Claro-SP, para pesquisas científicas. Mas os animais acabaram escapando do cativeiro e se alastraram rapidamente. As abelhas africanizadas (descendentes das abelhas africanas) possuem alta capacidade de defesa de suas colmeias, ferroam mais para proteger o território e se adaptam melhor às condições ambientais diversas.

Os efeitos do veneno das abelhas não são mesmos em todas as pessoas; enquanto alguns são mais resistentes, outros têm reações alérgicas extremas causando vômitos e perda da consciência. As consequências no organismo após ferroada da abelha variam de acordo com a sensibilidade e intensidade do ataque.

Como evitar: não mexa nas colmeias, porque um grande número de abelhas pode surgir para defender seu território. Se precisar passar perto das abelhas, o recomendado é usar roupas brancas e proteger rosto, mãos e pés. Não faça movimentos bruscos.

Repelente: Sob a pele pode ser utilizado um repelente natural feito com álcool, cravo-da-índia e óleo corporal (usado como fixador do repelente). Nos ambientes onde haja maior presença de abelhas podem ser aplicados repelentes como o óleo de nim, óleo de menta, extrato de alho, óleo de cravo, óleo de eucalipto e citronela (efeitos não comprovados cientificamente, embora esses produtos sejam bastante usados).

Primeiros socorros: retire o ferrão da abelha com a unha ou pinça, não esfregue ou coce a região da ferroada porque isso ajuda a espalhar o veneno. Não aplique álcool no corpo; isso aumenta sensivelmente as reações. Em caso de inflamação, aplique gelo sob a pele.

4. Caracol-gigante-africano (Achatina fulica)

O caracol gigante africano é um molusco que foi trazido ao Brasil na década de 80, importado ilegalmente da África, como uma opção ao consumo do escargot (caracóis do gênero Helix), já que do ponto de vista econômico, o peso e tamanho do caracol gigante eram mais atrativos que o tradicional escargot. Mas, a demanda por esse tipo de alimento foi muito abaixo do esperado e os criadores não sabiam o que fazer com a grande quantidade desses animais, então resolveram soltá-los na natureza, o que gerou uma infestação de caracol por todos os cantos do País. Nos ambientes urbanos, esses moluscos geram muitos transtornos pois destroem hortas e jardins e além disso ameaças à saúde porque são transmissores de vermes causadores de doenças como a meningite eosinofílica, causada após a ingestão ou secreção de moluscos infectados com Angiostrongylus costaricensis.

Como evitar: use luvas para entrar em contato com o molusco. O caracol nunca deve ser ingerido. Nas hortas onde há infestação desses animais, deve-se ter o máximo de atenção ao preparar e consumir hortaliças. Recomenda-se que seja feita a lavagem das hortaliças com uma colher de sopa de água sanitária ou cloro para cada litro de água filtrada. O produto pode ser encontrado na maioria dos supermercados.

Repelente: os caracóis podem ser controlados sem produtos tóxicos, fazendo a coleta manual com luvas. Em casos de grandes infestações, o mais recomendado cobri-los com cal virgem e enterrá-los após mortos.

Primeiros socorros: a meningite eosinofílica causa dor de cabeça intensa, e em muitos casos rigidez da nuca e febre. Fique atento a esses sintomas e procure atendimento médico imediato, porque o atraso no diagnóstico aumenta as chances de coma.

3. Formiga Lava-Pés (Solenopsis saevissima)

No Brasil existem aproximadamente 20 espécies de formigas consideradas pragas urbanas. Entre elas, destaca-se a lava-pés ou formiga de fogo. O nome lava-pés é devido a característica da formiga de subir rapidamente pelas pernas, quando alguém pisa em seu ninho. As formigas são bastante agressivas e quando se sentem ameaçadas atacam tudo ao seu redor, inclusive pessoas. Ao atacar ferroam e injetam veneno tóxico na pele de suas vítimas, o que além de ser muito doloroso, pode causar reações alérgicas graves e sérias lesões como o aparecimento de bolhas semelhantes às de queimaduras no local ferroado.

Como evitar: tampe sempre os alimentos, limpe imediatamente todos os vestígios de comida, líquido que cair no chão. Não deixe acumular restos de alimentos embaixo dos eletrodomésticos de cozinha.

Repelente: recomenda-se para diminuição das formigas, usar vinagre misturado com bicarbonato de sódio a ser despejado sob o formigueiro.

Primeiros socorros: após ser ferroado, afaste-se do formigueiro e livre-se das formigas que ainda estiverem em seu corpo. Lave o local da ferroada com água e sabão neutro. Para diminuir o inchaço e a dor, aplique uma compressa de água fria. As pessoas alérgicas ao veneno da lava-pés devem ser imediatamente conduzidas ao hospital.

2. Mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor da malária

A malária é um problema de saúde pública que ocorre com mais frequência na região Norte e Centro Oeste. O mosquito Anopheles fêmea, após picar uma pessoa com malária, fica infectado pelo parasita Plasmodium e começa a transmitir a doença para outros indivíduos. Após a picada do mosquito, os parasitas Plasmodium chegam rapidamente ao fígado e começam a se multiplicar. Quando atingem a corrente sanguínea, destroem os glóbulos vermelhos. Essa “invasão” dos parasitas no nosso organismo gera febre, calafrios, tremores, e suores intensos, sintomas bem característicos da doença. Além da transmissão da malária pelo mosquito, é possível também se infectar pelo contato direto com o sangue de uma pessoa com a doença.

Como evitar: frequentar beira de rio ou áreas alagadas no final da tarde pode ser arriscado porque geralmente há grande concentração de mosquitos. Por isso, procure evitar esse tipo de situação. Aplique repelente nas áreas do corpo expostas e por cima das roupas.

Repelente caseiro: estudantes de Manaus desenvolveram um repelente que pode ser feito em casa, sem contraindicações e bem acessível, a partir de folhas de citronela — confira aqui a receita completa.

Primeiros socorros: quando estiver em áreas de risco para malária (confira a lista de municípios brasileiros aqui) ao perceber os primeiros sintomas o mais rápido possível procure se informar onde há socorro médico.

1. Cobra Cotiara (Bothrops fonsecai)

O nome popular da cobra Bothrops fonsecai é Cotiara ou Urutu e seu habitat é nas matas da Serra da Mantiqueira, na região sudeste do Brasil. As cobras são importantes para a natureza porque se alimentam de animais, como o rato o que é necessário para o equilíbrio ambiental.

Com o desmatamento e aumento das áreas urbanas, muitas cobras perderam seu habitat e crescem as chances do contato com o ser humano, o que pode gerar riscos já que a cotiara é extremamente agressiva quando se sente ameaçada ataca. Seu veneno causa, além de sangramento na região do corpo onde for picado, distúrbios na coagulação do sangue, podendo chegar a necrose.

Como evitar: usar botas ao andar pelas matas e sempre em alerta porque as cobras também podem estar nas árvores. É recomendado usar luvas para jardinagem quando for mexer em materiais empilhados.

Repelente: a forma de repelir esses animais é evitar possíveis abrigos e acesso aos alimentos como ração de animais, presença de ratos na área que podem atrair as cobras.

Primeiros socorros: é recomendado acalmar a vítima, lavar o local da picada com água e sabão, manter elevada a área afetada e levar imediatamente ao hospital.

Acione os Bombeiros (193) para capturar o animal com segurança.

Conheça mais sobre outras espécies de cobras perigosas no Brasil, no post “As 5 cobras mais perigosas do País e o que fazer em caso de acidente” produzido pelo Incrivel.club.

O que fazer com os bichos encontrados?

É recomendado que o animal, preferencialmente vivo, seja encaminhado para a Vigilância Ambiental em Saúde de seu município que é responsável por providenciar a análise de características do animal e o potencial perigo. A Vigilância também é encarregada de fazer uma varredura na região para verificar se existe um surto deste animal e se há necessidade de dedetização.

Também é importante se informar sobre os hospitais que tenham suporte para atendimento de acidentes provocados por esses animais.

Mesmo que você tenha alguma noção de primeiros socorros, isso não exclui a necessidade de procurar o mais rápido possível um serviço de assistência médica — Bombeiros (193), SAMU (192).

Comente com a gente: você já encontrou algum dos ’bichinhos’ que mostramos no post de hoje? Conte-nos a sua história aqui nos comentários.

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