9 Ideias ultrapassadas e prejudiciais que ainda colocamos na cabeça dos nossos filhos
Todos nós queremos que nossos filhos cresçam felizes e sejam bem-sucedidos. Para isso, os educamos da melhor maneira possível. Os ensinamos a obedecer aos adultos, a se concentrarem nos estudos e sequer imaginamos que esse tipo de atitude possa ser prejudicial no futuro. Algumas ideias às quais nos apegamos podem estar prejudicando as gerações mais jovens. Então, o que será delas daqui a 10 ou 20 anos?
O Incrível.club tem certeza de que a maioria dos problemas de hoje em dia exige soluções modernas. Por isso, selecionamos algumas maneiras de tratar as crianças que já não deveriam fazer parte da criação. E preparamos uma lista com ideias que podem ser úteis.
1. “Meu filho terá tudo do bom e do melhor”
Criar um filho mimado é muito fácil. Fredric Newman, professor de medicina e diretor do Centro de Ansiedade e Fobia, em Nova York (EUA), aponta que esse tipo de educação mimada durante a infância costuma ter como resultado adultos egoístas. “Uma criança assim, depois de grande, quer o que quer e quando quer”, afirma. Ao realizar todos os desejos de seu amado filho, você só o estará prejudicando. Com o passar dos anos a criança se torna inimiga de si mesma, tendendo a adotar atitudes irresponsáveis, consumistas e egoístas e a não desenvolver habilidades de comunicação. E isso, é claro, resultará em um adulto infeliz.
A melhor maneira de resolver essa situação é estabelecer limites, deixando claro para a criança quais as suas responsabilidades e impedindo-a de desrespeitar os pais e outras pessoas. Também é bom ensinar a respeitar o trabalho e a valorizar o dinheiro. No caso de filhos adolescentes, isso pode ser feito, por exemplo, estimulando-os a conseguir o primeiro emprego.
2. “Sempre obedeça aos adultos”
Por mais que os tempos hoje sejam diferentes dos de nossos pais, muita gente ainda preza o respeito dos filhos. E não há nada de errado nisso. A questão é não fazer com que a criança acredite que a obediência deve ser algo inquestionável, engessado. Esse tipo de mentalidade excessivamente submissa pode prejudicá-la no futuro. Laura Markham, psicóloga e autora do livro “Pais calmos, filhos felizes”, acredita que filhos demasiadamente obedientes se tornam adultos submissos.
Quando se tornam adultas, crianças assim tendem a ter mais chances de se tornar vítimas de manipuladores e gente desonesta. Outro efeito colateral é o de que podem se tornar adultos sem iniciativa, já que sempre haverá alguém para dar ordens. Por isso, é muito importante ensinar seus filhos a dizer “não” em determinadas circunstâncias e a terem suas próprias opiniões.
3. “Nota 10 é bom, nota 5 é ruim”
Forçar uma criança a ter sempre as melhores notas significa fazer com que viva pressionada a vida toda. Uma das melhores coisas que um pai pode fazer é explicar ao filho que o fracasso não afeta o relacionamento familiar e que a criança será ouvida e amada apesar de tudo.
De acordo com a doutora Stephanie O’Leary, psicóloga clínica, em determinadas situações, o fracasso pode ser mais útil para as crianças que o sucesso. Ela ensina a lidar com as situações negativas e traz experiências de vida que as ajudarão a resolver problemas complexos no futuro sem medo de errar. Talvez, por isso você já tenha ouvido a história de algum empresário, pesquisador ou político que não tirava notas altas na escola, mas se tornou bem-sucedido. Pessoas assim estão dispostas a lutar e sabem que não desistirão diante do primeiro erro. Elas não têm medo do fracasso.
4. “Não brigue, não ofenda os outros”
Uma pessoa deve ser capaz de se defender. Se você puser na cabeça de uma criança que não pode brigar de jeito nenhum, ela ficará calada sem reclamar, suportando qualquer tipo de bullying. E então, no futuro, pode simplesmente não conseguir se adaptar a um ambiente competitivo.
Mas é claro que estamos nos referindo a reagir e a situações de competição. Uma pessoa que está o tempo todo comprando briga evidentemente não é bem vista. E o que fazer se seu filho der de cara com um garoto brigão? Agredir de volta ou tentar resolver as coisas na base da conversa? Psicólogos infantis não têm uma resposta única para esse tipo de questão. Mas eles são unânimes em dizer que a criança deve saber que tem o direito de se defender. E ensinar seu filho a se defender é um grande legado que você pode deixar a ele.
5. “Você faz isso e o resto eu faço”
Indicar apenas uma tarefa para uma criança e se encarregar de todo o restante pode ser uma grande armadilha. Uma pessoa deve saber lidar com várias atividades ao mesmo tempo, assumir a responsabilidade por todos os aspectos da própria vida. Geralmente essa habilidade multitarefa vem com o tempo e a experiência. Por isso, proteger seu filho em uma redoma não vai ajudar. Crianças assim tendem a se tornar adultos irresponsáveis e infantilizados.
6. “Entre na faculdade logo depois da escola”
Se a criança ainda não sabe qual profissão quer, provavelmente escolherá a sugerida pelos pais. E essa escolha pode ser um grande erro, do qual se arrependerá no futuro. Se quer evitar isso, não pressione seu filho adolescente. Dê a ele a oportunidade de decidir sobre a própria vida.
Por esse motivo, em alguns países, existe uma prática chamada “gap year”, uma pausa (geralmente de um ano) entre a graduação na escola (ensino médio) e a faculdade. Durante esse tempo os jovens podem trabalhar, fazer estágio, cursos e, o mais importante, dar um tempo para ter uma decisão mais consciente na hora de escolher a profissão.
7. “Apenas o ensino superior é importante”
É claro que o ensino superior é condição para exercer profissões como a de médico, de dentista e de advogado. Mas o chamado ensino técnico pode oferecer grandes oportunidades que muitas vezes superam os salários oferecidos a profissionais graduados em cursos superiores. O salário, no final das contas, depende, em grande medida de outros talentos que não os acadêmicos e do quanto uma determinada profissão é valorizada em cada país. Por exemplo, nos EUA os médicos ocupam os primeiros lugares entre as profissões mais bem pagas. Já na Rússia, os salários dos médicos são bastante baixos.
8. “Um trabalho temporário te distrairá dos estudos. Melhor se concentrar neles”
Entre ter alguma experiência no mercado de trabalho e ser o primeiro aluno da turma, muitas vezes, a primeira opção acaba sendo mais interessante. Um trabalho, por mais mal remunerado que seja, em uma área de interesse profissional do estudante pode proporcionar uma experiência que fará diferença em seu futuro. Trabalhando desde cedo, os jovens aprendem noções de disciplina/pontualidade, controle de atividades (listas de tarefas) e tendem a lidar melhor, depois de formados, com os feedbacks de seus superiores. A maioria dos empreendedores de sucesso e profissionais em cargos de gestão nas empresas sabe como é importante começar a trabalhar ainda durante a faculdade e a diferença que isso faz no currículo e na experiência.
Por fim, é importante destacar que cerca de 65% dos estudantes de hoje irão trabalhar em áreas e profissões que ainda nem existem. Por isso, é importante não apenas ter conhecimentos formais, mas desenvolver habilidades de comunicação, trabalho em equipe, autocrítica e independência.
9. “Alguém tomará a decisão. Fique tranquilo”
Seja no mundo corporativo ou até em casa, muita gente não tem o hábito de tomar a iniciativa ou de decidir simplesmente porque já há alguém fazendo isso. Pessoas assim muitas vezes acabam ensinando a mesma coisa aos filhos. O ideal, segundo elas, é não se intrometer ou não fazer um trabalho que não lhes compete. E qual o resultado? Crianças assim serão pouco proativas e não saberão como defender os próprios interesses e opiniões.
A ideia de que “me importo só comigo” não favorece ninguém. É muito melhor ensinar a uma criança conceitos amplos e que muita gente enxerga como genéricos, tais como os ligados à política, à economia, à sociedade e ao Meio Ambiente. E mostrar a ela que tem, sim, responsabilidade sobre isso. Falar sobre esse tipo de assunto é, antes de tudo, inspirar seu filho a se tornar um cidadão responsável e proativo. E isso vale, também, em relação a tomar iniciativas no ambiente de trabalho.
Agora é com vocês, pais e mães. Quais dessas iniciativas adotam? Concordam com todas? Esperamos seus comentários!