Como John Lennon superou suas dificuldades escrevendo canções que refletiam relacionamento com a mãe

Famosos
Há 2 semanas

John Lennon não era conhecido apenas por ser membro dos Beatles, mas também por promover a paz e o amor em suas canções. No entanto, sua vida estava longe de ser ideal, pois, desde cedo, ele experimentou o sentimento de abandono por parte dos pais. Mesmo assim, manteve sempre o desejo de estar com eles. Todo esse sentimento foi transmitido em duas importantes canções que se tornaram clássicos do rock.

Os pais de John Lennon, Julia e Alfred, se conheceram em um clube e depois se reencontraram em um parque de Liverpool. Alfred Lennon tinha uma vida instável e, quando sua esposa estava grávida do primeiro filho do casal, ele trabalhava na Marinha, ausentando-se de casa por longos períodos.

O futuro cantor passou grande parte da infância sem ver Alfred, enquanto sua mãe mantinha um estilo de vida livre e o negligenciava. O momento mais chocante para John Lennon foi quando seus pais se divorciaram, pois seu pai queria levá-lo para o exterior. Julia se opôs e deu ao filho a opção de escolher entre ela ou ele. No início, John escolheu o pai, mas ao ver a mãe indo embora, correu até ela, chorando. No final, John Lennon voltou para Liverpool com Julia.

Naquela época, Julia já estava em um relacionamento com outro homem, chamado Bobby. Isso desagradou sua irmã, Mimi Smith, que exigiu a guarda da criança por não concordar com seu estilo de vida. Após alguma persuasão, Julia deixou o jovem John aos cuidados de Mimi e se mudou, embora ocasionalmente voltasse para vê-lo durante suas visitas.

A tia de Lennon era muito rígida e não queria que o sobrinho se dedicasse à música. Ela sempre dizia a ele: “Violão é legal, John, mas você nunca vai conseguir viver disso”. Apesar de tudo, a tia afirmou ter dado o primeiro violão do sobrinho, mas o cantor negou. Segundo ele, a responsável por seu primeiro violão foi sua mãe, com quem ele insistiu por semanas até conseguir o instrumento com o qual começaria a desenvolver sua paixão.

Durante a adolescência do futuro astro, Julia se reaproximou do filho e o apoiou em sua decisão de seguir no ramo da música. Infelizmente, a alegria durou pouco na vida de Lennon. Em 1958, ele perdeu a mãe em um acidente, o que causou nele profunda tristeza. Em uma entrevista, ele disse: “Eu a perdi duas vezes. Uma vez, quando eu tinha 5 anos e fui morar com minha tia. Outra, quando ela se foi fisicamente”.

Quase uma década depois, já com sua banda estabelecida, Lennon dedicou uma música à mãe, intitulada “Julia”. Com a ajuda de um compositor chamado Donovan, ele criou a letra e os acordes. Quando perguntado a respeito da canção, Donovan respondeu: “O querido John queria escrever sobre uma infância com uma mãe que ele não teve”.

A música fala sobre como John se comunica com a mãe, descrevendo-a em alguns versos como tendo “olhos de caracol” e “sorriso de ventania. Ele também a chamou de “garota oceânica”, que também se refere à palavra japonesa yoko e à sua esposa. O cantor recorreu aos poemas de um filósofo chamado Kahlil Gibran para escrever algumas estrofes como esta: “Metade do que eu digo não faz sentido, mas eu digo para chegar a você, Julia”.

Lennon falou certa vez sobre sua fase rebelde: “Em parte, eu gostaria de ser aceito por todas as facetas da sociedade, e não ser o poeta/músico lunático. Mas não posso ser o que não sou”. Além disso, ele descreveu a mãe da seguinte forma: “Ela simplesmente não conseguia lidar com a vida. Era muito jovem e seu marido fugiu para o mar. Eu acabei morando com sua irmã mais velha”.

O pai de Lennon só apareceria em sua vida muito mais tarde, quando o artista estava no auge de sua carreira musical. O cantor disse que ficou muito chateado com ele por ter abandonado a família, mas eles ainda tentaram restabelecer o relacionamento.

Em 1970, Lennon compôs a música “Mother”, dedicando-a aos pais e com um verso poderoso que diz: “Mamãe, não vá embora. Papai, volte para casa”, resumindo parte de sua própria vida. A letra surgiu a partir de um tratamento psicológico orientado por Arthur Janov, psicoterapeuta que formulou a ideia de que as dores da infância são as principais causas dos prejuízos na vida adulta. Para Janov, a melhor solução para a cura é vivenciar essas experiências novamente.

Embora Lennon tivesse aquela canção em mente, ele duvidava de sua viabilidade comercial, decidindo lançar o single “Love” em vez dela. Mas, ao contrário de suas expectativas, “Mother” acabou bem recebida e, em uma revista, foi descrita assim: “Sua voz poderosa e melancólica dá a essa faixa um brilho inquietante”.

Ao alcançar o sucesso por meio da música, John Lennon conquistou grande reconhecimento como membro dos Beatles e como artista solo. Dessa forma, ele conseguiu perceber a importância do amor e entender que o passado não deveria ser um obstáculo para seguir em frente com sua carreira.

Apesar de saber que a relação com os pais não era exatamente como gostaria, John Lennon encontrou na tia o porto seguro de que precisava. E assim como Mimi Smith, muitas pessoas também estabelecem conexões fortes com crianças que não são seus filhos biológicos. No mundo dos famosos, como bem sabemos, isso não é diferente.

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